Pode parecer ficção científica, mas pesquisadores da Universidade de
Washington conseguiram realizar o que acreditam ter sido a primeira
conexão cerebral entre dois cérebros humanos.
Depois que pesquisadores da Universidade de Duke conseguiram conectar
os cérebros de dois ratos, e pesquisadores de Harvard fizeram o mesmo
entre um humano e um rato, os pesquisadores Rajesh Rao e Andrea Stocco,
da Universidade de Washington, demonstraram o mesmo tipo de interface
cerebral de humano a humano, de maneira não-invasiva.
No último dia 12, Rajesh Rao, utilizando uma touca com eletrodos
ligada a um aparelho de eletroencefalografia, enviou sinais cerebrais
para o seu colega Andrea Stocco, que estava em outro laboratório
utilizando uma touca de natação com uma marcação que indicava o local do
seu cérebro a ser estimulado por uma bobina de estimulação magnética
transcraniana – diretamente sobre seu córtex motor esquerdo. Ambos os
laboratórios estavam conectados via Skype para que o experimento pudesse
ser coordenado, mas Rajesh e Andrea não podiam ver o que acontecia do
outro lado da conexão.
Em seu laboratório, Rajesh jogou um videogame simples em seu
computador, que consistia em disparar um canhão ao apertar a tecla de
espaço. Porém, em vez de executar esta ação, ele se imaginou movendo a
sua mão direita e apertando a tecla. Neste momento, em seu laboratório,
Andrea, que não via o que Rajesh fazia, nem podia ouvir nada graças a
fones à prova de som, moveu sua mão direita e apertou a tecla de espaço
no computador à sua frente com seu dedo indicador. Segundo Stocco, a
sensação de ter sua mão se movendo contra a sua vontade foi parecida com
ter um tique nervoso.
“Isso foi basicamente um fluxo de sentido único de informações do meu
cérebro para o dele. O próximo passo é ter uma conversa direta de ‘mão
dupla’ mais equitativa entre os dois cérebros”, disse Rajesh. Para
Stocco, “a internet foi uma maneira de conectar computadores e, agora,
pode ser uma maneira de conectar cérebros”. “Queremos pegar o
conhecimento de um cérebro e transmiti-lo diretamente de cérebro a
cérebro”, completou.
Rao e Stocco planejam futuros experimentos envolvendo a transmissão
de informação mais complexa entre cérebros e, se obtiverem sucesso, mais
experimentos com um número maior de voluntários.