terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Holy spider (2022)

 


Essa coprodução da Dinamarca e Alemanha foi pré-selecionada para o #oscar2023 na categoria filme estrangeiro, mas não foi indicado, e apesar de só ter ter visto até o momento dois concorrentes: Argentina, 1985 e Nada de novo no front, achei meio injusto...

Vencedor de melhor atriz  - merecido - e indicado para palma de ouro em #Cannes2022.

É um filme diferentão, pois trata do tema da prostituição na sociedade islâmica, onde a violência contra a mulher tende a ser naturalizada, de geração para geração.

Baseado em uma história real, mostra a história de um serial killer que entre 2000 e 2001 matou 16 mulheres na cidade sagrada de Mexede no Irã, com o critério de escolha sendo o uso de maquiagem ou o cabelo para fora do hijab, o modus operandi o tornou conhecido como "aranha sagrada". 

Na época parte da sociedade apoiou o assassino por entender que ele estava fazendo um trabalho de "limpeza".

Pai de família e cidadão religioso, insuspeito, o verdadeiro "cidadão de bem" defensor da pátria e da família, que conhecemos bem por aqui.

Em primeiro plano o filme mostra uma jovem jornalista da capital que vai até a cidade para investigar os crimes e se finge de prostituta para chegar ao assassino, enfrentando toda uma sociedade machista, fudnamentalista, opressora e obscurantista.

O filme ganhou projeção internacional junto com o movimento de protesto das mulheres iranianas pelo assassinato de Masha Amini e não é difícil entender porque enfureceu o governo iraniano.

Veja mais nesse link: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/10/10/por-que-cortar-o-cabelo-virou-simbolo-dos-protestos-de-mulheres-no-ira.ghtml

Pena que os votantes da academia não o indicaram no #oscar2023, pois seria um forte candidato.

Dá a dimenão de como a luta para diminuir a desigualdade de gênero no mundo ainda será longa e difícil, mas o que não falta à personagem principal é a coragem.

Nota 7, recomendo.

Nos cinemas.

https://www.imdb.com/title/tt18550140/


O pálido olho azul (2022)

 


Bom filme, bom entretenimento.

Assisti uma cópia dublada, aí já prejudica um pouco.

Mesmo assim boa atuação do Christian Bale veja nesse LINK o video de retospectiva dele no imdb que ficou bem bacana. Provavelmente o personagem que mais marcou é o psicopata americano. 

A sinopse é um detetive que investiga uma série de assassinatos durante o inverno em uma academia militar americana no século 19. O tchan do roteiro é que um dos cadetes é o famoso escritor Edgar Allan Poe, bem representado pelo Harry Melling - o Dudley primo do Harry Potter que cresceu e tem feito uma carreira bem consistente. Boas atuações também da Gillian Anderson (Arquivo X), do Robert Duvall e do Toby Jones.

Destaque para a produção de arte e fotografia que conseguem construir bem o clima de mistério, apesar de algumas derrapadas com alguns efeitos, que até receberam indicação de prêmio  da associação de técnicos de efeitos especiais.

O roteiro vai muito bem até a trama ser revelada,  mas perde um pouco de força na reviravolta final. Eu particularmente não gostei de um dos arcos dos cadetes da academia que ficou sem resolver, mas no geral funciona bem.

Nota 7,5 recomendo.

Disponível netflix.

https://www.imdb.com/title/tt14138650/



segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Argentina, 1985 (2022)

 










Eu sou fã do Ricardo Darin e do cinema argentino, tem vários comentados aqui no blog, já contei que encomendei o dvd de Nueve Reinas em Buenos Aires nos primórdios da internet.

Bom filme, indicado ao #oscar2023 como filme estrangeiro.

É um filme para perpetuar a memória argentina da ditadura, que lá durou sete anos, enquanto aqui amargamos o triplo. 

Usando os nossos nomes, a sinopse é focada no PGR que recebe do STF a incubência de acusar os militares pelos seus crimes.

Mais que tudo é um filme que fala ao Brasil no atual momento, para mostrar que o fascismo não se discute, apenas se combate, #SEMANISTIA.

A Argentina foi o único país da América Latina que fez esse dever de casa.

A conjuntura do filme em muitos pontos é semelhante à nossa atual conjuntura, depois de sobrevivermos a um necrogoverno genocida.

O julgamento, transmitido pela mídia, de certa forma lembra bastante a recente CPI da covid.

Vale compará-lo ao El olvido que seremos, e a muitos filmes brasileiros, recentes e antigos.

Deixo aqui a lista da Carta Capital: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/16-filmes-essenciais-para-entender-o-que-foi-a-ditadura-no-brasil/ 

Deixa sobretudo a lição de que é preciso acertar as contas com o passado.

E dos mais recentes, me ocorrem Democracia em Vertigem, A thousand cuts, Collectiv, Marighella

Dou nota 7 porque o filme acaba passando um certo zelo excessivo ou medo de tratar com um tema que talvez seja mais tabu para os argentinos que pra nós, até pelo trauma ser mais recente. 

Ao incorporar os arcos da família ao personagem central do procurador geral dá uma suavizada no que poderia ter sido um papel bem mais nervoso e tenso para o Darin e acaba surtindo o efeito contrário, dando mais leveza para as ameaças de morte que eles recebem.

Vide por exemplo como o Almodovar fez em Madres Paralelas, que tem o mesmo tema de fundo.

Nesse sentido, Nuevo Orden é extremamente mais raivoso e visceral.

Pode ser que o diretor tenha escolhido um estilo de narrativa que desse ao filme uma recepção mais universal, em qualquer país, pois o fascismo não tem idioma nem fronteira.

Disponível no Prime vídeo.

https://www.imdb.com/title/tt15301048/ 


sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Bardo falsa crônica de algumas verdades (2022)

Inarritu se superou.

Indicado ao #oscar2023 de melhor fotografia, e pode entregar pois é mesmo um dos mais bacanas não só do ano, ouso dizer da década ou mais. Leão de Ouro em #Veneza2022.

O filme já me ganhou na cena de abertura, que mostra exatamente como eu vôo nos sonhos.

Com mil camadas,um adjetivo que resume esse ótimo filme é: onirico.

Assim como define o cinema por uma perspectiva visual, sensorial, no meio do filme o roteiro se autodefine:"a vida é uma pequena série de eventos sem sentido".

E mesmo sendo absolutamente caótico, o roteiro consegue sim mostrar uma lógica no meio da mais lisérgica loucura.

Ao contrário do enfadonho Fabelmans, que muito provavelmente vai levar o #oscar2023, o diretor aqui faz um excelente metacinema. A crítica tem comparado esse com o Fellini 8 1/2

A narrativa é puro deleite visual, repleta de longos e interessantíssimos planos sequência. E a trilha sonora muito bem escolhida.

A sinopse é um documentarista mexicano que vive nos Estados Unidos e volta ao seu país com a família.

Para além da crítica à Indústria Cultural, muitos temas estão tratados no filme, articulados com as questões da imigração para os EUA.

Nota 10!!! Disponível na netflix!!