Hereditário (2018)

 

Realmente não dá para entender a Toni Collete não ter sido indicada ao Oscar por esse filme. Não curto muito o gênero, sou fã dessa atriz e ele entrou na minha fila depois de ver a atuação brilhante dela em Estou pensando em acabar com tudo. O Gabriel Byrne fez carreira nesse gênero, e nesse filme mesmo não sendo muito a praia dela, arrasou.

Caso raro de bom elenco, ótimas atuações, e bom roteiro em filme de terror, suficiente para colocá-lo senão ao lado, pelo menos perto de O bebê de Rosemary, A Profecia, O exorcista, Coração Satânico e por aí vai.

Dentro do padrão do gênero tem muitas cenas de sangue, mas elas só pressionam para o verdadeiro sofrimento que acontece na mente dos personagens e, à parte da trama demoníaca na superfície, com todos os elementos de filmes como os listados acima, deixa várias pistas - a partir do título - para o espectador desconfiar que talvez tudo aquilo que a primeira vista parece uma legião de espíritos malignos em ação talvez não passe de uma demonstração de que a mente humana - e suas patologias - não tem limites.

Nota 8, recomendo e repito, não gosto do gênero, mas esse sai da curva, é daquele tipo que termina na tela mas continua na cabeça. Agora se você perde o sono de saber que existe vida depois da morte, com tudo de bom e de ruim que temos por aqui, então deixe para lá.

https://www.imdb.com/title/tt7784604/

The little things (2021)

 

Filme de serial killer, com os elementos padrão do gênero, bom elenco, roteiro inteligente com um final não muito usual. Não é nenhum Seven nem Silêncio dos Inocentes, mas dá para o gasto. Nota 7, recomendo. Recentemente comentei aqui o longa e o documentário sobre os crimes do Ted Bundy. 

https://www.imdb.com/title/tt10016180

 

Relaxer (2018)

 

Esse filme é mencionado em algumas listas por aí, depois de conferir, acho que não valeu a pena ter assistido. Desafia o espectador a chegar no final, o roteiro é de realismo fantástico, bem estranho e em alguns momentos, repulsivo. Me remeteu ao Encaixotando Helena. Não recomendo, exceto se vc for nerd ao ponto de acompanhar as peripécias de um cara que aceita o desafio de chegar ao nível 256 do jogo Pac Man sem levantar  do sofá. Se vc curtiu "O Poço" é capaz até de gostar desse.

 

Serenity (2019)

 

Thriller com bom elenco, boas atuações  e um argumento até interessante,  mas o roteiro não ajuda, vai razoável ate que a trama se revela, aí perde a graça e conclui sofrivelmente. Nota 6.

https://www.imdb.com/title/tt6476140/

 

 

Two/one (2019)

 Um filme simples e despretencioso do diretor estreante Juan Cabral. Um americano e um chinês conectados pelo sono - quando um dorme, o outro acorda, e os dois eventualmente se encontram. Quem está sonhando e quem está acordado? Um roteiro bem aberto e experimental, merece ser conferido, mas sem grandes expectativas. Interessante, e só. Nota 7.

https://www.imdb.com/title/tt3842684/

 

O Segredo: Ouse Sonhar (2020)

Romance beeeem xarope, pacote padrão do gênero com tudo o que tem direito. Para quem gosta, bom entretenimento, nos tempos tão bicudos que estamos vivendo de vez em quando é até bom assistir uns desse tipo. Melado até escorrer, achei que chega até a ser racista. Nota 5, mas se vc curte um príncipe encantado pode assistir sem medo que vai adorar.

https://www.imdb.com/title/tt4411584/

 

Sulphur and White (2020)

Este filme é sobre um tema relevante e perturbador: abuso sexual na infância. Infelizmente o roteiro sacrifica a potencialidade e complexidade dramática que os personagens poderiam alcançar, talvez para tentar ser fiel à narrativa como vivenciada pelo protagonista. Como estratégia para sobreviver ele se descola do mundo, em uma redoma de frieza - e é claro - acaba no mercado financeiro. O roteiro não explora proporcionalmente os arcos das três famílias que estão no filme: a do protagonista com seus pais, que molda a história, foca no segundo casamento com um filho, até tenta descer até o fundo, mas não consegue, e apenas menciona o primeiro casamento, deixando outra esposa e outros dois filhos no limbo. Talvez seja até uma estratégia do roteirista, assim como o protagonista não estabelece laços com ninguém, o espectador também não chega realmente a penetrar no trauma que está assistindo. Nota 7. 

https://www.imdb.com/title/tt7334158

 

 

Eu me importo (2020)

 

Bom thriller, bom entretenimento, indicação merecida da atriz para o Globo de Ouro 2021. A sinopse é uma femme fatale que junto com sua companheira montam um esquema para internar velhinhos em asilos e roubar tudo deles, vai tudo muito bem até o dia em que pegam a pessoa errada. Achei a atuação do Peter Drinklage melhor que a dela e também a da Dianne West, que faz a mãe sequestrada -  é o melhor personagem do roteiro e infelizmente não é explorado completamente, mesmo assim ela está muito bem no filme. Não gostei muito do final, achei que desviou do principal arco da história.  mesmo assim merece nota 8, recomendo especialmente para quem é curador, e sabe o peso emocional que envolve essa função.

https://www.imdb.com/title/tt9893250/

 

 

 

Judas e o Messias Negro (2021)

Mais um da leva de cotados para o #oscar2021 na temática do racismo. Dentre todos que comentei aqui no blog (acho que foram pelo menos uns cinco cotados nessa temática) é o melhorzinho. Eu sempre acho que toda vez que Hollywood faz filmes de protesto, reforça o que queria contestar. Eu não gosto do D. Kaluuya como ator, o L. Stanfield está bem melhor no filme mas o destaque mesmo fica para o  Jesse Plemons, que também estrelou o meu favorito da temporada - Estou pensando em acabar com tudo - mas que não deve ganhar nada. Nota 7. Recomendo, sem muito entusiasmo, mais porque na comparação com os demais cotados ainda se sai bem.

https://www.imdb.com/title/tt9784798/ 

The trip to... (2010-2020)

  

Essa série que durou dez anos e cujos episódios foram compilados em quatro longas é literalmente deliciosa! Se como eu, você é apaixonado por viajar, vai amar esses filmes!

Em todos, o roteiro é o mesmo: os atores ingleses Steve Coogan e Rob Brydon representam versões ficcionalizadas deles mesmos e partem em uma jornada gastronômica de uma semana, com um sentido particular em cada filme e passando por locais fora da rota principal dos turistas.

As histórias são articuladas em torno das melhores coisas que a vida tem: arte e cultura, música, boa comida, bons vinhos, amizade, e é claro, amor e sexo.

O nível de perspicácia e repertório exigido do espectador para acompanhar a velocidade, acidez do sarcasmo dos textos é bem alto. Mas quem conseguir identificar as muitas referências - algumas mais explicitas, outras menos - da literatura, da música, do cinema e da cultura pop, vai concordar que merecem pelo menos nota 9. Aliás a parte do amor e sexo é o motivo para eu não dar nota 10 pelo viés um pouco machista ou também eurocêntrico, mas mesmo assim considero adequados ao contexto do roteiro.

Em hipótese alguma assista as versões dubladas,  pois um jogo que logo se estabelece é tentar adivinhar quem eles estão imitando. Eu me esbaldei com as caricaturas de grandes atores ingleses e estadunidenses como Michel Cane, Sean Connery, Antony Hopkins, Roger Moore, Marlon Brando, Hugh Grant, Robert De Niro e ícones como David Bowie e Mick Jagger.

E a proposta dos filmes se constrói de fato na imitação, com a proposta de imitarem a si mesmos, em uma crítica muito inteligente ao sistema Hollywodiano e da cultura televisiva contemporânea. Os filmes vão se alternando com foco ora em Coogan ora em Brydon, envolvendo as supostas famílias e relacionamentos, enquanto os "semi-famosos" lidam com seus agentes e frustrações na indústria do entretenimento.

Toda viagem que se preza tem trilha sonora no toca cd do carro, em cada um dos filmes os karaokês com imitação e discussões das letras são hilários.  Outra boa sacada dos roteiros é incluir coisas que dão errado durante a viagem, e que todos que já viajaram comigo já me ouviram dizer que são elas que marcam as memórias.

Enquanto isso vão desfilando na tela os restaurantes do tipo que não são para quem quer, mas só para quem pode, com contas acima de 300 euros, com menus de dar água na boca, e todos sem exceção com locações e vistas de tirar o fôlego. Enquanto a conversa rola na mesa, mostra-se o que rola na cozinha, a preparação dos pratos, nesse aspecto lembra um pouco uma série que já comentei aqui: Midnight Dinner.

Entre uma mesa e outra, eles visitam cidades, vilarejos, lugares, sítios e monumentos culturais fora do mainstream, e tiram sarro da selfmania. Vale destacar que em nenhum dos filmes, embora sejam mencionados, aparecem aviões. Eles se locomovem por carro e barco, reforçando as imagens associadas ao navegar.

Enfim, uma série que recomendo para qualquer um que sabe o que é e gosta de FLANAR. Deixei os links nos cartazes.

Série: https://www.imdb.com/title/tt1698441/

El hombre de al lado (2009)

 

Do mesmo diretor de Mi obra maestra, bom filme, Lembra um pouco o ótimo Relatos Selvagens e o aclamado Aquarius. Fala da imponderabilidade e violência nas relações entre vizinhos na cidade contemporânea, tratando de questões que vão da cidadania e gentileza urbana até a crueldade e sacanagem. A cena de abertura é brilhante: uma marreta abrindo um buraco para uma janela na parede da divisa, filmada de ambos os lados. Um dos personagens do filme é a Casa Curutchet, projetada por Le Corbusier, localizada em Buenos Aires. Recomendo, nota 8.

https://www.imdb.com/title/tt1529252/

 

Exposição We Are Animals

 Do site Fahrenheit magazine:

'We are animals', la exposición que explora la relación del hombre con los animales

 

El museo de arte contemporáneo Kunsthal Rotterdam presenta una muestra que invita al público a reinterpretar el reino animal con la exposición We are animals.

Planeada para presentarse del 5 de febrero al 23 de mayo de 2021, We are animals reúne la obra de más de treinta artistas contemporáneos dedicados a representar nuevas nociones de los seres vivos y su relación con los seres humanos.

Con esculturas de osos polares emplumados, instalaciones de lobos salvajes, pinturas monumentales de felinos, e imágenes de animales en zoológicos, la selección de obras también plantea una lectura de las especies como espejo de la sociedad.

“We Are Animals explora diferentes facetas dentro de la relación entre humanos y animales. Las obras muestran perspectivas claras sobre la manipulación humana de otras especies animales. Además, expresan la admiración y celebración de los animales como criaturas maravillosas, en las que nos reconocemos tanto”, señala la curaduría del museo.

En colaboración con ARKEN Museum of Modern Art de Dinamarca, la exposición plantea nuevas formas de contar historias humanas a través de personajes del reino animal, como los mitos, los cuentos y las fábulas.

De los artistas invitados destacan Mauricio Cattelan, John Baldessari y Candida Höfer, quienes han incorporado a su discurso creativo las ventajas y desventajas de dotar a los animales fantásticos una mayor importancia que a las criaturas reales y su entorno.

En el caso del artista neoconceptual italiano, Mauricio Cattelan, quien se caracteriza por un trabajo mordaz que combina estética y crítica del poder –como sus esculturas de Hitler arrodillado, dos policías de tamaño natural, o el Papa Juan Pablo II derribado por una piedra–, ha representado a los animales como una manera de atraer al público y repelerlo al mismo tiempo.

Con esa característica disruptiva a finales de 2019 causó revuelo por pegar un plátano a una pared con cinta de aislar, pero a mediados de ese mismo año ya se había hecho notar por una instalación de 200 aves de taxidermia colocada en el palacio de Blenheim en Woodstock.

De igual forma, en 2011 llamó la atención por la escultura de un caballo hiperrealista en la gala internacional del Museo Guggenheim, y por Novecento, otro caballo de taxidermia que colgó en el techo del Blenheim hace tres años.

Por su parte, John Baldessari, conocido como “el abuelo del arte conceptual”, fue un artista estadounidense maestro del pop art, y representante de la irreverencia y el humor.

Baldessari sobresalió por combinar imágenes con texto e ilustraciones; de este modo incorporó a los animales en sus creaciones como una forma de retratar otro lado de la cotidianidad.

Al igual que los otros artistas, la fotógrafa alemana Candida Höfer dedicó una variante a los animales en su trabajo, luego de prescindir de los humanos para centrarse en fotografiar espacios arquitectónicos y edificios de uso público.

Fue así que encontró en los lugares destinados al confinamiento de animales un nuevo tema a retratar, al ser lugares que fallan en su esfuerzo por ser un refugio habitable.

De su serie sobre Jardines Zoológicos la artista se basa en la reducción al absurdo para criticar la existencia de este tipo de instalaciones de uso público.

Na ausência (2018)

 

Esse curta documentário indicado ao #oscar2020 me remeteu à nossa situação no Brasil, o país está afundando e ficamos discutindo uns com os outros se devemos ou não abandonar o navio enquanto morremos todos afogados. De quebra ainda rola uma catarse porque o fato retratado no filme foi um dos fatores que levou ao impeachment da presidente coreana na época. Nota 7, recomendo.

 https://www.imdb.com/title/tt9464764/

Lupin (2021)

 

Bom entretenimento, boa produção e performance do Omar Sy, mas é meio bobinha. Não conheço o livro, já vi partes do anime, achei o roteiro muito previsível e inverossímil, acredito que mirando uma faixa etária adolescente e pré-adolescente. Como comentei em outro filme recente, é sempre legal ver os museus na tela, mas não tão infantilizados. Nota 6, recomendo para quem se satisfaz com assinatura da Netflix.

A Liga dos Cavalheiros (1999-2017)

 

  

Não me canso de elogiar a série Inside #9, uma das melhores em cartaz. A Liga dos Cavalheiros também foi escrita e protagonizada pelos ótimos Steve Pemberton e Reece Shearsmith mais o Mark Gatiss. Ela foi ao ar pela BBC entre 1999 e 2002, rendeu especiais de natal, um longa uma turnê ao vivo e em 2017 eles fizeram três episódios de conclusão. 

A história é ambientada em uma cidadezinha imaginária no interior do norte da Inglaterra chamada Royston Vasey, e noventa por cento dos personagens - de todos os gêneros - são feitos pelos três atores. O que marca a série é que abraça com força todas as situações e caricaturas politicamente incorretas e bizarras que se possa imaginar, chutando qualquer tabu imaginável. É a South Park em live action com produção da BBC.  

Nota 9, recomendo para quem gosta de humor extremamente sínico, ácido e inteligente, sem qualquer tipo de preconceito.

Para quem quiser conferir, os episódios estão disponíveis nesse drive: The League of Gentlemen [Complete Series incl. Specials] - Google Drive

 E também nesta página do Mark Gattis; Fuck Yeah Mark Gatiss 

As legendas podem ser encontradas no opensubtitles.org. 

Antes de Inside #9 eles realizaram também a série Psychoville, que ainda está na minha fila.

Run (2020)

 

Thriller de cativeiro com roteirinho batidíssimo, igualzinho a muitos outros que vc já viu antes. Só que esse é bem sofrível, cheio de furos de roteiro, muito inverossímil. A sinopse é uma mãe que mantém a filha em cativeiro. Nessa categoria segue como campeão O silencio dos inocentes. Nota 4, não recomendo.

 

Le grand bain / Sink or swim / Um banho de vida (2018)

 

Bom filme, leve e alto astral, ótimo elenco e atuações, parecido com "Ou tudo ou nada" e "Pequena Miss Sunshine". Estreou fora da competição em #Cannes 2018. Comédia dramática construída a partir dos fracassos e defeitos dos personagens que encontram seu ponto de apoio em uma equipe de nado sincronizado. Recomendo, nota 9.

https://www.imdb.com/title/tt7476116/

 

Fábulas Ruins (Favolacce / Bad Tales, 2020)

 

Indicado para melhor filme e vencedor do melhor roteiro no Festival de Berlim 2020. Remete ao longa e série nacionais Cidade dos Homens, e também um outro mais antigo "Kids". Drama focado nas crianças de um subúrbio romano, com uma forte carga de sexualização e estresse precoces, projetados da vida adulta para os personagens infantis, tocando muitos temas que são verdadeiros tabus. Não achei que valeu o prêmio de roteiro, que é mais centrado nas emoções e reações, que na cronologia em si, sem uma estrutura rígida. Nota 6, recomendo para quem gostou do recente "Cuties" que eu ainda não vi, mas pelo que li tem muito a ver com esse.