O cidadão ilustre (2016)

 

Bom filme, vim conferindo na sequência da filmografia dos argentinos Gaston Duprat e Mariano Cohn Querida voy a comprar cigarrillos e vuelvo, El hombre de al lado e Mi obra maestra. 

Indicado ao Leão de Ouro em #Veneza2016.

A sinopse é um escritor de grande sucesso, ganhador do prêmio Nobel de literatura que retorna a sua cidade natal no interior da Argentina para receber o título de cidadão ilustre. Nesse reencontro com o passado ele vai relembrar as razões pelas quais foi embora para nunca mais voltar, bem como o que lhe deu tanta saudade a ponto de retornar.

Ótimos textos, ácidos e certeiros, típicos do diretor, neste destacam-se os discursos nada amistosos feitos pelo protagonista, bem como as suas tiradas completamente incorretas politicamente, mas essencialmente agnósticas e éticas.

Me remeteu à adaptação para a TV de A Comédia da Vida Privada, no episódio A casa dos 40, confira as partes nesse link: https://www.youtube.com/user/Willidebarros/videos 

Nota 8 - recomendo!!

 

After Yang (2022)

 

Esse filme tem referências explícitas em Inteligência Artificial e Blade Runner, faltou só a genialidade do Kubrick e do Spielberg ou do Ridley Scott..

Mesmo assim é um bom lançamento da distribuidora A24 lançado em #Sundance2022.

O ponto alto do filme é a pluralidade étnica e cultural que está presente no elenco e no argumento.

Sem exagerar nos efeitos especiais, o filme foca na temática inesgotável de Pinocchio e do Mágico de Oz - o homem de madeira ou de lata que tem um coração e busca se tornar humano.

A sinopse é um pai americano que busca peças de reposição para ressuscitar o andróide tutor / irmão mais velho de sua filha adotiva de origem chinesa, comprado de segunda mão e nessa jornada acaba descobrindo a maneira peculiar com que ele registrou as interações com seus antigos donos.

Uma reflexão muito bacana sobre o sentido e o que de fato guardamos na memória de nossas escolhas, do nosso cotidiano nos vários espaços que coabitamos, interagimos e compartilhamos de múltiplas formas com os outros humanos.

Faz um bom contraponto com a série Raised by Wolves - exatamente produção do Ridley Scott - em exibição.

Destaque para o design de produção e fotografia, mas quem acha que filme de ficção tem que ter tiro de laser e nave explodindo no espaço, não vai gostar muito do ritmo.

É um filme que não diz tanto sobre o futuro, e sim sobre o presente.

Amei a cena de abertura com a família dançando numa competição online.

Nota 6 máximo 7, mas recomendo.

Fora do mapa / Outcharted (2022)

 

Chato, cansativo, repetitivo, roteiro ruim, dispensável, só efeitos especiais - e ruins - diga-se de passagem.

Produção executiva do Tom Holland, gastando o dinheiro que ganhou de homem aranha. E não é pouco, pois contratou o Mark Whalberg e o Antônio Banderas.

Ruim com força, não alcança a série Indiana Jones que tenta imitar e nem a do Tesouro Perdido com o Nicolas Cage ou do Código Da Vinci que cooptou o Tom Hanks... é uma changuana disso tudo junto.

Nota 3, não recomendo, só para quem quiser ficar duas horas vendo gritaria, explosão e computação gráfica de qualidade duvidosa.

Ruptura / Severance (2022-)

 

A melhor série do ano até o momento, no gênero Ficção Científica, indiscutivelmente.

A ver se a 7a temporada de Inside #9, que segue no topo há sete anos sucedendo Breaking Bad, terá condições de superar.

Parte da história se passa na Lumon, uma empresa mais do que sinistra e incomum, cujos empregados tem tarefas bizarras como classificar conjuntos de números ou criar carneirinhos, mas não têm ideia do que é exatamente o negócio ou produto da firma.

O argumento é que mediante um processo de microcirurgia no cérebro, quando estão na empresa eles não se lembram de suas vidas pessoais e vice-versa, quando estão fora da empresa não tem memórias do que se passa lá dentro.

Dirigida por Ben Stiller, o design de arte é simplesmente SENSACIONAL. Ao entrar na empresa todas as imagens e todos os espaços são literalmente comprimidos e claustrofóbicos, corredores intermináveis e labirínticos, monocromáticos, obsessivamente organizados e limpos, absolutamente simétricos e disciplinados, para tudo há uma regra no manual. Nota-se que na verdade há uma clara analogia entre o manual e a Bíblia e tudo na empresa se processa como numa seita religiosa, cujo deus é o dono e fundador da empresa. 

Ao descumprir as regras os funcionários são submetidos a sessões de verdadeira lavagem cerebral e tortura, ironicamente chamadas de terapia de bem estar e uma das salas onde isso ocorre é chamada de sala de descanso (break room).

O mais bacana é o tratamento retrô que é dado aos equipamentos, os computadores e demais utensílios são todos analógicos, com a cara dos anos 1960 ou antes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fora da empresa todo o cenário muda em ambientes mais quentes como o interior da casa ou um bar ou mais frios, como ruas sob neve, admitindo o caos e desequilíbrio do mundo real.

São MUITAS referências que estão na tela, desde 2001 uma odisseia no espaço, Star Trek, mas também clássicos como o Iluminado, Matrix,  Black Mirror e por aí vai.

Como a série foi filmada durante a pandemia, curiosamente  o ator principal Adam Scott viveu na pele o mundo ambientado na história, pois durante o período de filmagens dividiu o dia no estúdio cheio de medidas de segurança sanitária, com as noites isolado e longe da família.

Uma distopia não muito distante do mundo real, recomendo só para quem dá conta de perceber o quanto o trabalho acaba muita vez nos fazendo parecer ou nos tornando pessoas bem diferentes do que somos intimamente.

Destaque para o Christopher Walken e John Turturro que roubam a cena como coadjuvantes.

Nota 10, disponível na Apple TV.

Está com nota 8,7 no imdb, quem acompanha esse ranking sabe que é uma nota muito alta!

https://www.imdb.com/title/tt11280740/

E para quem é nerd de internet, a série surfa numa mitologia que tem se consolidado na rede chamada de "Backrooms" dá um Google ;)