quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Roda Morta (Sérgio Sampaio)

Essa canção faz lembrar o que se sente depois de um tapa na cara.
 
O Zeca Baleiro regravou e ficou muito bacana, mas ela é perfeita na voz do autor.

Tranque as bebidas que tiver em casa e dê a chave pra outra pessoa antes de ouvir.

Mas quando beber lembre de jogar um pouco no chão e levantar o copo para o Sérgio Sampaio.
 
 

 
Roda Morta
Sérgio Sampaio

O triste nisso tudo é tudo isso
Quer dizer, tirando nada, só me resta o compromisso
Com os dentes cariados da alegria
Com o desgosto e a agonia da manada dos normais.
O triste em tudo isso é isso tudo
A sordidez do conteúdo desses dias maquinais
E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais,
eu mesmo e o mundo dos salões coloniais.
Colônias de abutres colunáveis
Gaviões bem sociáveis vomitando entre os cristais
E as cristas desses galos de brinquedo
Cuja covardia e medo dão ao sol um tom lilás.
Eu vejo um mofo verde no meu fraque
E as moscas mortas no conhaque que eu herdei dos ancestrais
E as hordas de demônios quando eu durmo
Infestando o horror noturno dos meu sonhos infernais.
Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame
como a tara do mais vil dentre os mortais
E morro quando adentro o gabinete
Onde o sócio o e o alcaguete não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
Eu vivo disso e além disso
Eu quero sempre mais e mais.

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