Filme vencedor do urso de ouro do Festival de #Berlin2021.
Se algum dia vier a ser lançado no Brasil o que duvido muito alguém vai querer traduzir o título para algo do tipo "Uma foda azarada ou um pornô louco".
Ótimo filme, com uma reflexão mais que necessária sobre os nossos tempos atuais de terraplanismo, fake news, e sobretudo, de ódio irracional do que só conhecemos superficialmente pelo whatsapp, na linha do que tratam A thousand cuts, Privacidade Hackeada e Democracia em Vertigem,
A sinopse é uma mãe e professora do ensino fundamental que tem um vídeo íntimo com o próprio marido vazado na internet e resolve enfrentar a onda de ódio, preconceito, moralismo e hipocrisia dos pais, de cabeça erguida. A reunião de pais que consiste no final do filme é sensacional.
Entre as frases que aparecem na discussão estão "é uma gripezinha" e "Hitler era judeu".
Mas o filme tem MUITO mais que isso.
Na primeira parte do filme a câmera acompanha a protagonista andando a pé por Bucareste, Romênia, só isso já vale a pena assistir. E as estátuas nuas e outros elementos vão mostrando o quão hipócritas e segregadores somos com a temática do filme, nos nossos espaços públicos e privados.
E essa discussão avança, no final para o que de fato consideramos como "privado", já que estamos acostumados a julgar, palpitar e tomar conta da vida dos outros, principalmente pelas redes sociais.
Mas o mais bacana é o pano de fundo do roteiro, que vai mais fundo nas raízes do conservadorismo romeno, fruto de períodos de militarização e repressão cultural.
O filme mostra um cotidiano da pandemia, e do início ao fim vários personagens aparecem de máscara, sendo a posição delas no queixo ou abaixo do nariz uma ilustração do negacionismo que está em discussão no filme.
Poderia ser tranquilamente filmado em português e se passar no Brasil contemporâneo retrógrado e reacionário.
Só tem uma questão, que eu acho que faria com que o filme fosse queimado em praça pública por aqui, o que já se espera de um título como esse:
Ele começa mostrando o vídeo vazado, que consiste em uma cena completa de sexo explícito sem censura e depois ao longo do filme, outras cenas mais curtas de sexo ou nudez muito bem contextualizadas também são inseridas, em um "glossário" apresentado no capítulo do meio, com aspecto bem experimental, a la Jean Luc Godard.
É pena, pois o filme merece os prêmios que tem ganhado, mas eu diria que ao invés de um humor genial ele seria sim classificado como pornográfico por aqui, apesar de ser exatamente esse o ponto de onde parte o argumento, chegando a discutir com muita propriedade porque o olhar nazifascista vai sempre considerar esse tipo de proposta como "arte degenerada".
Nota 8, recomendo só para quem concorda que dá para discutir a precarização do trabalho do professor na pandemia a partir de uma cena de sexo explícito.
https://www.imdb.com/title/tt14033502/
Mas se vc acredita em escola sem partido e fiscalização de professor, passe longe desse filme... e desse blog.
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