sábado, 13 de julho de 2024

Savvusanna sõsarad / Smoke sauna sisterhood / A irmandade da sauna (2023)


Ótimo documentário, entrada da Estônia para melhor filme internacional no #Oscar2024, acabou não entrando na lista de indicados, mas merecia!

No coração de uma pequena cabana de madeira, em meio a uma floresta gelada, mulheres de diferentes gerações se reúnem em um ritual ancestral: o banho de sauna. Mas não é uma sauna comum; é uma sauna de fumaça, uma tradição profundamente enraizada na cultura estoniana e até reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. 

Em Smoke Sauna Sisterhood, a diretora Anna Hints nos leva para dentro desse espaço sagrado, onde mulheres vão limpar os corpos mas também  as almas e compartilham suas histórias, segredos e experiências mais íntimas.

Bela fotografia, imersiva na cabana escura etérea e  enfumaçada, revelando fragmentos de rostos e corpos enquanto as mulheres compartilham suas experiências, dores e alegrias, intercalando a sauna com mergulhos no lago gelado.

Me remeteu ao Entre Mulheres, indicado a melhor filme e ganhador de melhor roteiro adaptado no #Oscar2023. 

Nota 9, recomendo, especialmente aos homens que têm pouca ou nenhuma noção de sororidade e solidariedade feminina.


Disponível no Prime Video / Apple TV / Amazon (com VPN)

domingo, 7 de julho de 2024

Robot Dreams / Meu amigo robô (2023)


Indicação mais que merecida para melhor animação no #Oscar2024.

Se vc acha que animação é só para criança, se engana muito... aliás acho até difícil para as crianças perceberem totalmente a complexidade do filme, por exemplo as camadas em que trata de homossexualidade.

Produção franco-espanhola, roteiro adaptado, narrativa carregada de emoção, a história fala da amizade e separação, conexão e perda entre um cão solitário e seu companheiro robô na vibrante e nostálgica Nova York dos anos 80.

A história começa com o cão vivendo solitariamente em seu apartamento. Ele decide comprar um robô para ser seu melhor amigo, e o laço entre eles se estabelece imediatamente. No entanto, durante um passeio à praia no último dia de verão, o cão acaba abandonando o robô lá. Mesmo se esforçando para retornar ao amigo metálico, o cão busca outras alternativas de socialização. Enquanto isso, o robô fica perdido na areia da praia durante todo o inverno, sonhando com seu retorno ao cão.

Lembra muito o Inteligência Artificial do Spielberg e a ótima série Love, Death and Robots, e ao mesmo tempo também o bonitinho Wall-e

E para os fãs mais antenados vão fazer a ligação com as ideias do Isac Asimov sobre os sonhos dos robôs.

Ótimo filme, fábula sem diálogos, o que prova que o roteiro é excelente, pois as imagens e o contexto falam por si. Embora o filme não apresente diálogos falados, o elenco vocal contribui com uma camada adicional de emoção através de sons e expressões vocais que dão vida aos personagens animados. Esta abordagem inovadora destaca a importância da comunicação não-verbal e a habilidade dos atores em transmitir sentimentos sem palavras. A trilha sonora é cuidadosamente escolhida para complementar a jornada emocional dos personagens, desde a alegria do encontro até a melancolia da separação.

A técnica de animação com desenhos feitos a mão no estilo linha clara (vide o Tintim do Hergé ou as fantásticas graphic novels do Moebius) também colabora para focar a atenção nos aspectos emocionais e psicológicos.

A Big Apple terá sempre infinitos motes para o cinema e aqui não é diferente, esse é um aspecto peculiar da animação, a forma como são mostrados os detalhes da cidade onde se vive de forma rude, e onde as amizades são mais preciosas. Aliás a grande sacada é exatamente representar a "fauna" dos humanos que moram na cidade como animais cada um com sua personalidade.

Nesse sentido me lembrou do MFKZ que comentei aqui no blog.

Nota 9, recomendo, inclusive para as crianças!!!

Disponível no MUBI. Meu Amigo Robô (2023) | MUBI




SILO (2023~)

A Apple TV+ não decepciona quando o gênero é FC!

No catálogo do streaming tem muitas produções de primeira qualidade, sendo que a campeã melhor de 2022 e 2a temporada mais aguardada dos últimos dois anos é Ruptura

Por lá os fãs do gênero encontramos também Fundação, For All Mankind, dentre outras.

O Silo estava na minha fila de séries desde o lançamento no ano passado e não saiu da curva, ótima série de FC dramática adaptada de uma trilogia de livros  do autor Hugh Howey , totalmente focada no roteiro e personagens, com poucos efeitos especiais, mesmo assim com um design de produção muito cuidadoso, e que consegue manter o mistério que prende o espectador até a última cena.

A história se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde os últimos sobreviventes da humanidade vivem por várias gerações em um silo subterrâneo com dezenas de andares, protegidos de um (suposto) ambiente tóxico do mundo exterior.

Para viabilizar isso, todo um sistema de governo autoritário baseado em censura e controle genético e da informação tem que ser imposto à força. Nesse sentido, as produções de tv estadunidenses mostram toda a sua sutileza, e lógico que os habitantes mais ricos moram nos níveis mais altos e os trabalhadores no fundo do Silo.

E longe de terem à sua disposição recursos tecnológicos avançados e computadores falantes, uma das coisas mais legais na direção de arte, que até poderia ser mais explorada é que é tudo antigo e reciclado. 

Bom roteiro, vai entrelaçando as subtramas dos personagens com a trama principal de forma que consegue adentrar bem todos os arcos, ate mesmos dos personagens que são praticamente figurantes. A reviravolta é um pouco previsível, a chave da trama só é entregue no último episódio, com um cliff hanger  muito bem feito.

O único elemento do roteiro que considerei mais inverossímil e acaba gerando uns furos em termos do tempo que os personagens gastam para ir de um lugar ao outro é a inexistência de elevadores. Para não ter que explicar muito um dos personagens principais explicita que isso é um dos grandes mistérios a serem resolvidos.

A protagonista principal é uma engenheira, filha de um médico da classe alta que sai de casa adolescente e vai morar com a classe trabalhadora. Ela começa a buscar respostas sobre os mistérios que rondam o tal silo, desvendando segredos perigosos e ameaçando a ordem social.

Nesse aspecto as referências de distopias clássicas são sem dúvida Admirável Mundo Novo e 1984.

Aliás estou chocado que o SyFy produziu uma série com a história do Huxley em 2020 e eu nem fiquei sabendo!!! Vou ter que furar a fila...

O elenco está sensacional, a produtora executiva é a atriz principal Rebecca Ferguson e inclui nomes como Tim Robbins, que junto com o restante estão muito bem.

A série não apenas entretém, mas também deixa reflexões sobre temas como sustentabilidade, sobrevivência, sociedade e a natureza humana. 

Nota 8, recomendo, se alinha com outras grandes obras do gênero e estabelece seu próprio espaço, oferecendo uma visão um futuro possível, para uma humanidade que não quer conviver com o diferente nem preservar o próprio planeta. 

Silo (Série de TV 2023– ) - IMDb





quinta-feira, 4 de julho de 2024

Dream scenario / o homem dos sonhos (2023)


Muuucho loko...

Do mesmo diretor de Sick of Myself que eu comentei recentemente aqui no blog.

Bom filme, bom roteiro, explora a temática dos sonhos, com muitas metáforas do papel das redes sociais na vida contemporânea, tratando de fama, sucesso e como eles distorcem a realidade. A narrativa provoca também reflexões sobre a exclusão de minorias, traçando paralelos com as acusações infundadas enfrentadas pelo protagonista.

Ponto alto na carreira do Nicolas Cage, que sempre se sai bem nos papéis diferentões, como em Pig e O peso do talento

A história segue Paul Matthews, um homem comum que se torna uma sensação global depois de aparecer inexplicavelmente nos sonhos de milhões de pessoas. O roteiro brinca com a ideia de fama involuntária, invasão da privacidade  e cancelamento em uma era dominada pelas redes sociais.

O final não é muito bom, dá uma caída e decepciona um pouco, mas não chega a anular os méritos do filme, que é um pouco surreal e combina humor ácido com crítica social.

Lembra o Upstream Color, Horse Girl, Memória, Lamb, Quero ser John Malkovich e os filmes do David Lynch.

Relendo aqui alguns posts antigos, vi que tem tudo a ver também com o episódio Joan is Awful de Black Mirror. 

Nota 8, recomendo para quem gosta de filmes surrealistas.

Disponível em vários streamings.