quinta-feira, 26 de junho de 2025

Vitória (2025)


Como em tudo, na arte a experiência conta muito... bom filme demonstrando a capacidade dessa que é talvez a maior atriz brasileira viva e atuante!

Com certeza, um dos mais sensíveis e potentes do cinema nacional em 2025. 

Dirigido por Andrucha Waddington e Breno Silveira, sendo que Silveira faleceu durante as filmagens, e Andrucha assumiu a direção.

A escolha de dois diretores com estilos distintos, mas que destacam a emoção contida nos detalhes cotidianos, revela-se um acerto que molda a identidade do filme:  

Enquanto Waddington empresta seu olhar apurado sobre a estética e o ritmo narrativo, Silveira contribui com a alma do filme: a busca por justiça contra à banalização do mal. 

Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Joana Zeferino da Paz, uma aposentada moradora de Copacabana, que em 2005, filmou da janela de seu apartamento a movimentação de traficantes e policiais corruptos. Suas gravações resultaram na prisão de mais de 20 pessoas. 

A atuação de Fernanda é muito sensível, do semblante abatido à fala pausada, cada nuance de sua atuação transmite décadas de experiência e dor acumulada. Mas o papel seria sim uma oportunidade de dar mais visibilidade a outras atrizes negras brasileiras. 

O roteiro, escrito por Aline Portugal e Márcio Alemão, é um retrato comedido e comovente da vida em silêncio de uma mulher à margem da sociedade midiática, mas dotada de uma força moral que transcende sua fragilidade aparente. 

Vale também como um discurso contra o etarismo que virou mato no Brasil.

Ao evitar os clichês do cinema de denúncia, o script aposta na introspecção e nas contradições morais da protagonista, fugindo de um falso heroísmo. O filme tem uma tensão que cresce lentamente. 

O restante do elenco é competente e equilibrado, mas propositalmente contido para não ofuscar a protagonista. A narrativa é contada do ponto de vista de Nina e os demais personagens ficam em órbita. 

Não pude deixar de reparar na direção de arte principalmente nos detalhes do apartamento, que em muitas coisas parece com a minha casa...

Na esteira de Ainda estou aqui, o filme conseguiu merecidamente uma boa bilheteria nos cinemas e tem até sido cotado para representar o Brasil no #Oscar2026. No Festival do Rio, ganhou Melhor Atriz e Melhor Direção. 

Não tem como não compará-lo com Central do Brasil (ai que saudade da Marília Pêra...), aqui novamente Fernanda contracena com o ator mirim Thawan Lucas.

De certa forma dialoga um pouco com os dramas urbanos do Kleber Mendonça, como  O som ao redor e Aquarius, apostando na força silenciosa da mulher madura, marginalizada pela sociedade mas que não perdeu a verdadeira ética.

Minha nota é 8, um pouco pelo ritmo. 

Vitória (2025) - IMDb

Disponivel no Globoplay.

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