A discussão do empoderamento x submissão feminina vem ocupando cada vez mais espaço no cinema contemporâneo, sendo tema frequente nos festivais e premiações, inclusive o Oscar.
Alguns recentes que comentei aqui foram o Souad e Papicha.
Este foi indicado ao urso de cristal em #Berlin2020 e ganhou diversos prêmios #Goya2021.
A sinopse é uma turma de estudantes em um colégio de freiras de Zaragoza, nos anos 1990, muito rígido. A personagem principal é Célia uma garota de 12 anos que se vê às voltas com as transformações da pré-adolescência, transgredindo as normas muito rígidas do Colégio, ao mesmo tempo que lida com as incongruências e dificuldades da sua mãe solteira.
Na segunda metade o filme mergulha no abismo da relação mãe-filha, me remeteu ao recente A filha perdida e O vazio de domingo.
Não tem como não compará-lo ao Mignonnes (Lindinhas) também lançado em 2020.
Só que enquanto esse último aborda como a hiperexposição das redes sociais vai banalizando a sexualização infantil, Las Niñas vai mais fundo nas angústias e barras da menina pré-adolescente para ser aceita no grupo ao mesmo tempo que começa a entender o desencantamento do mundo para quem não é mais criança.
Acho que da mesma forma que costumo comentar que alguns filmes estadunidenses acabam ficando de difícil compreensão para os brasileiros pelo distanciamento cultural, aqui também acho que muita coisa fala diretamente com as espanholas que eram meninas na década de 1990.
Nota 6, disponível HBO.