Está chegando a época de jogar na mega sena da virada e por coincidência nesta semana assisti dois filmes sobre loteria, ambos baseados em histórias reais.
Jerry e Marge tiram a sorte grande é bem leve, ao contrário deste.
Ótimo drama, já nas primeiras cenas estabelece o contexto: uma mãe solteira vivendo em uma pequena cidade ganha na loteria, mas mete o pé na jaca e por causa do alcoolismo e em seis anos perde tudo, inclusive o filho.
Passando por botecos sujos e pela sarjeta, no fundo do poço, sem alternativa, não tendo mais a quem recorrer, ela resgata um papel rasgado onde estão anotados os telefones do filho e do irmão. As coisas continuam dando errado e ela volta para sua cidade natal no Texas onde a sua fama é a pior possível, misturando a inveja e o desprezo de todos por ter perdido tudo e abandonado o próprio filho.
Só a personagem principal e sua família já rendem ótimos personagens e o sotaque texano sempre dá uma musicalidade para o filme, mas aí que entram em cena duas inusitadas figuras para ajudá-la: o dono e um funcionário de um motel de beira de estrada, que garantem para o filme uma abordagem profundamente humanista do quanto é realmente possível ou não mudar a vida se quisermos.
Talvez por ser uma história de fracasso, que de uma maneira ou outra em algum momento todos enfrentamos ou conhecemos alguém que já fracassou, tem uma potência tocante acima da média.
A atriz principal Andrea Riseborough (Oblivion) está impecável e mereceria uma indicação para o #oscar2023, mas não virá pois o filme não está muito sob holofotes. Não é fácil interpretar bem uma mãe alcóolatra que luta para sair dessa condição, e ela faz isso muito bem.
O diretor Michael Morris tem no currículo direção e produção de várias boas séries, como Better Call Saul e House of Cards. Aqui ele também faz um trabalho muito competente, o filme tem muitos pequenos detalhes no texto e locações.
Nota 9, recomendo.
https://www.imdb.com/title/tt8129806/
Nenhum comentário:
Postar um comentário