Eu sou muito fã da Jessie Buckley, em A filha Perdida e Estou pensando em acabar com tudo ela arrasou e neste mais uma vez está ótima e o Rory Kinnear fazendo vários papéis mereceria até uma indicação para o #oscar2023.
Porém é o tipo de filme que ou se ama ou se odeia, eu gostei muito mas acho que muita gente vai odiar.
Pra começar é mais um bom filme lançado pela #A24 em 2022, é um filme de suspense / terror fora da curva padrão do gênero.
A sinopse é uma jovem viúva que aluga uma casa no interiorzão da Inglaterra para tentar se curar do trauma da morte de um marido abusador, e o filme descasca todas as camadas que se possa imaginar em torno disso, sendo um filme de terror.
Ele lembra um pouco o Mãe do Aronofski.
O diretor é o mesmo de Ex Machina.
Bom roteiro com atuações muito competentes, e problematiza, com as matizes do gênero terror, a temática da culpa feminina e o domínio e opressão masculinos impostos por uma sociedade machista fundamentalista cristã.
Uma das questões mais interessantes é exatamente como a personagem lida com os seus medos e traumas, na busca de tentar superá-los
Apesar de ter muitas metáforas bem explícitas - e esse é o ponto que muita gente não vai gostar - o filme, assim como o do Aronofski é bem aberto e deixa para o próprio espectador imaginar algumas explicações possíveis para o que está acontecendo, por exemplo, como acontece a morte do marido.
Outros elementos como esculturas e poemas que estão no filme são quase como "easter eggs" sobre o tema e só mesmo com um repertório cultural bem extenso é que o espectador pode percebê-los. No meu caso só sei disso porque assisti alguns vídeos sobre o filme.
A parte final é bem bizarra, e parte para o terror corporal de uma maneira bem desconfortável. Apesar de ser a parte mais metafórica sobre a fertilidade feminina e masculina e a sua relação com a condição humana, punção de vida e de morte, inclusive a maneira como os homens se apropriam inclusive da maternidade.
Os vários homens interpretados pelo ator Rory Kinnear se encaixam muito bem nos simbolismos que o filme joga na tela, particularmente o personagem do padre, mas também o do policial, o solteirão, o adolescente, enfim os diferentes homens que pela ótica do filme se equivalem e só aceitam das mulheres um tipo de amor que se expresse em submissão.
Nota 9, recomendo, mas só para quem tolera cenas de horror corporal e consegue pensar na possibilidade de que tudo que fomos ensinados sobre a naturalidade do poder patriarcal pode estar errado.
https://www.imdb.com/title/tt13841850/
Disponivel no itunes e google play.
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