sábado, 23 de dezembro de 2023

Broker (2022)

 


Indicado para palma de ouro e vencedor de melhor ator em #Cannes2022.

Eu já não tinha curtido muito o anterior do diretor Kore-eda Hirokazu: Shoplifters, mas não vi Ninguém Pode Saber (2004) e nem Pais e Filhos (2013). Em todos eles trata-se dos dilemas morais nas relações familiares.  Nesse es[ecficamente o tema é o abandono infantil e adoção ilegal. 

A sinopse é a história de dois homens que se dedicam ao tráfico de bebês na Coreia do Sul. Eles se aproveitam de uma caixa instalada em uma igreja, onde mães podem deixar seus filhos recém-nascidos de forma anônima, para vendê-los a casais ricos que não podem ter filhos biológicos. Uma das mães se arrepende e volta para recuperar seu bebê, e acaba se envolvendo com os criminosos, que estão sendo seguidos por duas policiais e mostra os diferentes olhares dos envolvidos.

O argumento é ótimo, tanto que foi indicado em Cannes, porém o ritmo é lentíssimo...  até completar as 2h e 10min da película.

O filme é estrelado por Song Kang-ho,  ator principal de Parasita, que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes de 2022 que faz o líder da dupla de traficantes. 

"Repleto de dilemas, Kore-eda opta pela mistura entre cinismo e bom humor no desenrolar de suas narrativas, sem abrir mão do sentimentalismo. Existe uma exaltação do erro humano em Broker: Uma Nova Chance, e através dele a busca constante para se fazer a coisa certa." (A Odisseia) 

"Para isso contribui muito a figura bonachona de Song Kang-ho. Ele interpreta Sang-hyeon, um vigarista que se associa a Dong-soo (Gang Dong-won), um funcionário de uma paróquia de Busan onde existe uma baby box. Essas polêmicas caixas, muito comuns em grandes cidades sul-coreanas, servem para que mães abandonem anonimamente os filhos recém-nascidos que não têm condições de (ou não desejam) criar." (O Globo) 

"O filme é belo pelo caos que retrata, mas também frustrante pela falta de profundidade com que trata seus personagens. Kore-eda parece mais interessado em mostrar o funcionamento do mercado ilegal de adoção do que em explorar as motivações e os sentimentos dos envolvidos." (Folha de S.Paulo) 

"O problema é que o filme não consegue equilibrar bem o tom entre o drama e a comédia, e acaba soando superficial e inconsistente em alguns momentos. Além disso, o roteiro peca por apresentar soluções fáceis e previsíveis para os conflitos, deixando a impressão de que o diretor quis amenizar a gravidade do tema." (Cinepop)

"O filme também peca por não desenvolver bem os personagens secundários, como a dupla de detetives e os casais que compram os bebês. Eles são meros coadjuvantes que servem apenas para mover a trama, sem terem suas histórias e personalidades exploradas. O resultado é um filme que desperdiça o potencial de seu elenco e de seu tema." (Cinema em Cena)

Nota 5. Recomendo só para os cinéfilos sistemáticos que seguem lista de festival...

Disponível em vários serviços de streaming.

https://www.imdb.com/title/tt13056052/ 

domingo, 17 de dezembro de 2023

The creator / resistência (2023)

 


Boa pedida para os fãs do gênero, principalmente por causa dos efeitos, pois o roteiro é bem ruinzinho e cheio de furos...

O filme tenta surfar nas  implicações éticas e filosóficas da inteligência artificial, mas repito uma breve lista que vc deve ver antes, se ainda não viu: Metropolis, 2001, Inteligência Artificial do Spielberg,  Blade Runner e a sua continuação de 2049, Matrix com destaque para Animatrix, os recentes Ela e Ex Machina, O Homem Bicentenário, Eu Robô, alguns episódios de Black Mirror...

As muitas referências visuais aos clássicos do gênero como por ex. Blade Runner e Guerra nas Estrelas ficaram bem legais, mas a caracterização dos robôs que choram e dormem, ficou excessiva e cansativa.

O ponto alto com certeza é a fotografia, que utiliza cores vibrantes e contrastes marcantes para criar uma atmosfera futurista e ao mesmo tempo nostálgica. As cenas são compostas com cuidado e harmonia, valorizando os detalhes e os efeitos especiais. 

A trilha sonora, tem hora que acerta e hora que erra... pois muitas vezes acaba nos elementos eletrônicos e orquestrais já batidinhos, que ajudam a dar a impressão de estarmos vendo o mesmo filme de novo... 

Bom entretenimento, nota 6. 

Disponível no prime video (com VPN)

Prime Video: The Creator

domingo, 10 de dezembro de 2023

Leave the world behind / O mundo depois de nós (2023)

 


Padrão netflix, ótimo elenco, roteiro meia boca. Nesse caso roteiro é adaptado e dizem por aí que o livro é pior que o filme...

Bom entretenimento, gostei de ver a Julia Roberts em outro gênero que não romance xarope, porém mesmo com todo esforço esse não escapa do gênero "drama familiar".

O clima de mistério e tensão lembra um pouco aos filmes do Shyamalan. Só um pouco, pois enquanto o Shyamalan é mestre no plot twist, nesse aqui fica tudo mal explicado...

Vale talvez uma indicaçãozinha aí para a Netflix pelo design de som, que é o que segura o filme, conseguindo manter bem o clima de mistério... e deve agradar tb quem gosta de ação, a tela verde e os dublês até que trabalharam bastante.

Suspense psicológico que explora os temas da confiança, do medo e da incerteza em um cenário apocalíptico. A história acompanha um casal de Nova York que aluga uma casa na praia para passar um fim de semana tranquilo com seus dois filhos, mas que tem seus planos interrompidos pela chegada dos donos da propriedade, que afirmam ter fugido de um apagão na cidade. A partir daí, os personagens precisam lidar com a tensão crescente entre eles e com as estranhas ocorrências que acontecem ao seu redor.

Não gosto muito do Mahersala Ali como ator, mesmo tendo ganhado o #oscar2019 em Green book achei que ele deu uma exagerada... ainda estou para ver True Detective.

Destaque para o elenco  que apesar do roteiro mais ou menos, até que consegue transmitir as emoções conflitantes dos personagens, o filmetenta levantar questões sociais, raciais, familiares e até ambientais que emergem na situação limite. 

Nesse sentido lembra um pouco o "Não Olhe para cima", inclusive o final que em ambos os casos é bastante previsível...

Nota 7, vale a pipoca, sem esperar demais do filme.

O Mundo Depois de Nós | Site oficial da Netflix

Green book (2018)

 


Resgatando o post de 2019 no facebook para organizar aqui no blog:

Bom filme, indicações merecidas ao #oscar2019.

O roteiro lembra muito Os Intocáveis.

É um daqueles que parece que criticam mas não criticam nada do que querem criticar. 

O Viggo Mortensen merece a estatueta, o Mahershala_Ali nem tanto, tem hora que exagera na caricatura.

Mas o roteiro é redondinho, vai agradar a todos, também pela boa trilha sonora!

Recomendo, nota 9.

https://www.imdb.com/title/tt6966692/ 

Atualizando em 2023, o filme ficou com o saldo de 3 #oscar2019: Melhor filme, melhor roteiro e melhor ator.

Confiram o Viggo Mortensen em Falling, que tb é muito bom. 



sábado, 9 de dezembro de 2023

May December / Segredos de um escândalo (2023)

 


Produção manda o estagiário reservar os lugares da Natalie Portman e da Julianne Moore na fileira de indicados para o #Oscar2024.

(atualização pós indicações - indicado só a melhor roteiro...)

No Oscar não tem empate, mas as duas mereceriam, Natalie Portman destaca um pouco mais... As duas seguram o filme, que de roteiro mesmo não é lá essas coisas...

Não conheço muito o trabalho do diretor Todd Haynes, o anterior dele que comentei aqui no blog foi Carol, que não gostei muito e aí fiquei com preguiça de ver Longe do Paraíso, indicado a quatro #oscar2003 inclusive melhor roteiro...

A sinopse gira em torno do relacionamento e família bastante incomuns e disfuncionais de uma professora casada que se envolve em um relacionamento sexual com um aluno de 12 anos, do qual resultam três filhos (!!!), mesmo depois de ser presa e das ordens judiciais para mantê-los separados, sendo que ela já tinha dois do primeiro casamento.

Isso não é explicitado mas o filme parece se inspirar na história verídica de Mary Key Letourneau, nos anos 1990. 

A história do filme começa quando uma atriz de cinema (N Portman) chega à casa da família para fazer um laboratório para o seu próximo filme em que vai interpretar a professora (J Moore). 

Achou confuso? O roteiro não é menos... esse resumo está bem mais explicado que o filme em si... esse contexto só é passado para o espectador minimamente, enquanto a trama se desenrola.

Aqui não tem nada simples... desde a dinâmica do casal que envolve poder e abuso mas também amor, passando pela relação conflituosa com o ex-marido e filhos mais velhos até a presença mais que estranha da atriz nesse balaio de gato.

Partindo do inusitado o filme acaba tocando em todos esses temas de maneira pouco convencional e numa perspectiva que foge em tudo à lógica patriarcal da família "tradicional"...

Por isso que gostei bastante, as atuações são outro ponto forte do filme. Indicada duas vezes (Closer e Jackie) e tendo levado o #Oscar2011 por Cisne Negro, Natalie Portman merece demais mais um Oscar, é bem bacana a forma como ela vai incorporando a imitação da professora ao mesmo tempo que a tensão entre as duas via aumentando e ela se envolve com o restante da família.

Já J Moore já tem uma estatueta pelo excelente Para Sempre Alice, e foi indicada outras 4 vezes.

Nota 9, talvez o melhor drama do ano, pelo menos dos que vi até o momento.

Disponível Netflix.

Segredos de um Escândalo (2023) - IMDb



sábado, 2 de dezembro de 2023

Oppenheimer (2023)



Christopher Nolan tem só filmão no currículo: Tenet, A Origem, O grande truque, Amnésia (roteiro) Interestellar a galera curte mas já não me agradou tanto.

Esse também não gostei... 3h ficou comprido demais.

Elenco estreladíssimo, o principal Cilian Murphy eu conhecia da série Peaky Blinders, que não me entusiasmou muito, até hoje não terminei a primeira temporada. Ele também fez o sobrinho sequestrado em A Origem.

Já o resto só cast milionário: Emily Blunt (O diabo veste Prada, No limite do amanhã), Robert Dawney Jr. (Homem de ferro), Matt Damon (Gênio indomável) Kenneth Branagh (Detetive Hecule Poirot).

A sinopse é a história do físico que liderou o projeto Manhattan que construiu a bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. O filme tenta abordar não apenas os aspectos científicos e históricos da criação da bomba atômica, e no estilão Hollywood tenta entrar nos dilemas éticos, morais e políticos do projeto.

Ou seja o diretor reaproxima do gênero guerra já visitado em Dunkirk, que tb não me agradou muito... Pode ser que o genocídio dos palestinos aumentou minha má vontade com o filme, pois achei que não faz nada disso bem...

Lembra um pouco O jogo da imitação e Uma mente brilhante, que também são medianos...

Roteiro adaptado, segue a o tempo biográfico do protagonista, desde seus dias de universidade até o pós-guerra. As 3h não dão conta de resolver as gestalts que vai abrindo até que tenta escapar mas cai no lugar comum do ufanismo, em detrimento da perspectiva japonesa e as mortes em Hiroshima e Nagasaki.

A montagem é o ponto baixo, pois vai lançando mão de cenas em Preto e branco para separar os acontecimentos pós guerra mas dá para dormir e acordar várias vezes durante o filme... tem hora também que aparecem umas cenas estroboscópicas, 

A crítica tem elogiado a fotografia, mas sinceramente também não me impressionou tanto. 

Nota 6, não recomendo.

Oppenheimer (2023) - IMDb



sábado, 18 de novembro de 2023

Missão Impossível - Acerto de Contas Parte Um (2023)



Tudo que vende sempre pode vender mais um pouco.

Sétimo filme da franquia, com 3h de duração e aviso de cliffhanger no título? Só para os bravos..

Quem gosta do gênero não vai se importar com o roteiro absolutamente batido de herói x vilão em meio a tiros e piruetas sem fim, e lógico tem a parte do público que assiste o ator e não o filme.

Também não vejo diferença nenhuma do vilão computador com luzinhas para o vilão Inteligência Artificial... a skynet do exterminador do futuro já exterminou a humanidade há trinta anos

E se parece tanta evolução combater um cérebro eletrônico maléfico, é até difícil pensar em algo mais demodê que o sexismo com os personagens femininos desse gênero...

Pra mim o que salva o filme são as locações em Roma, que são bem bacanas. O resto é mais do mesmo bom e velho 007, com uma dose extra de extravagância e exagero na ação e perseguições alucinantes frenéticas, com câmeras e ângulos especiais, sem pausa para respirar e o final o espectador já sabe antes de começar, só na parte 2...

Fica como produto para os aficionados o hábito que o ator tem de dispensar os dublês:

Do elenco destaco o Simon Pegg (Chumbo Grosso), e a Vanessa Kirby que esteve tão bem em Pieces of a Woman, mas nesse está pra lá de ruim no papel de "viúva branca"...

Nota 7 recomendo só para quem estiver com estoque de guaraná e pipoca para 3h de filme e vai mandar uma mulher buscar na cozinha.

Missão: Impossível - Acerto de Contas Parte Um (2023) - IMDb


domingo, 12 de novembro de 2023

Vigaristas / The Brothers Bloom (2008)


Comédia de aventura xarope já antiguinha, estava na minha fila para colocar aqui no blog e como está relacionada com o Confidence, que vi recentemente, segue o post.

O filme conta a história de dois irmãos que são mestres na arte de enganar as pessoas com golpes elaborados. Eles decidem fazer seu último trabalho envolvendo uma excêntrica herdeira (R Weisz) que adora colecionar hobbies. 

O filme é meio longo e mistura humor, romance, ação e drama com os plot twists típicos do gênero

O roteiro é razoável mas não é nenhuma Brastemp, com os personagens caricatos típicos do gênero de golpe as críticas negativas que o filme recebeu foram exatamente por exagerar na caricatura.

O elenco salva bem, a R. Weisz já tinha aparecido em um papel parecido (Confidence). Os irmãos Bloom são interpretados conpetentemente por Adrien Brody e Mark Ruffalo (vide a excelente série I know this much is true que comentei aqui no blog). 

A trilha sonora mistura elementos de diferentes estilos musicais, como jazz, folk, rock e música clássica. 

Nota 6. Tem outros melhores veja a listinha que deixei no comentário do Confidence.

Vigaristas (2008) - IMDb

Confidence (2003)


Médio, bom entretenimento mas com roteiros e personagens já batidinhos nada que não tenhamos visto antes, até pela idade do filme...

Roteiro de assalto, golpe e trapaça com os personagens típicos, apesar de batido o roteiro entrega bons plot twists, e é bem humorado.

Destaque para o elenco que não decepciona mas também não empolga... Edward Burns é o protagonista Jake Vig, um líder nato e inteligente, que sabe como manipular as situações a seu favor. Dustin Hoffman é The King, um vilão excêntrico e imprevisível, que rouba a cena sempre que aparece. Rachel Weisz é Lily, uma femme fatale  batedora de carteiras que se junta ao grupo de Jake e obviamente tem uma cena de silhueta pelada para levantar a audiência... Paul Giamatti é Gordo, o braço direito e amigo de Jake, que tem um jeito nervoso e divertido. Andy Garcia é Gunther Butan, o agente do FBI obcecado em capturar Jake e seus comparsas.

Esse diretor dirigiu vários episódios de House of Cards e tb a continuação de 50 tons de cinza, então dá para ter uma idéia.

O ponto alto é a trilha sonora bem eclética, com rock, jazz e hip hop. Confira o preview neste LINK

O meu favorito desse tipo é disparado o Nueve Reinas. Antes da era do streaming importei o dvd da Argentina pelo correio.

A oscarizada R Weiss faz um papel parecido no divertido Os Vigaristas.

E tem vários desse tipo comentados aqui no blog: Jóias brutas,  Trapaça, Magnatas do crime

Nota 7, médio.

https://www.imdb.com/title/tt0310910/ 

domingo, 5 de novembro de 2023

A incrível História de Henry Sugar / O caçador de ratos / O cisne / Veneno (2023)

 



Wes Anderson é um dos diretores que estão com certeza na minha lista top 5.

Atualizando em fevereiro/2024: Na torcida para Henry Sugar levar o #oscar2024 de melhor curta!

Confira os posts aqui no blog sobre o Asteroid City e também A Crônica Francesa.

Em geral o padrão Netflix é elenco caro e roteiro ruim, mas com os quatro curtas lançados recentemente, definitivamente eles conseguiram escapar da curva, com um surpreendente investimento na obra do escritor britânico Ronald Dahl, autor de clássicos infantis como Matilda, A Fantástica Fábrica de Chocolate e O Bom Gigante Amigo. 

A Netflix gastou quase 2 BILHÕES de dólares para comprar os direitos das histórias de Dahl. Até o momento, havia lançado somente Matilda - O Musical.

Em 2009 Wes Anderson dirigiu a ótima adaptação de Dahl,  O Fantástico Sr. Raposo, usando slow motion que também ficou sensacional em A ilha dos cachorros

Chega agora no streaming essa tetralogia de curtas metragens no melhor estilo Anderson, para abordar os ângulos mais adultos e sombrios da obra do escritor, do qual encontrei controversas menções de "racista" e "antissemita".

Mas se esses aspectos estão lá nos curtas, estão bem implícitos, eu só vi os ângulos adultos e sombrios mesmo... para ser sincero achei até o contrário, e talvez isso já deriva da direção espetacular do Wes Anderson.

A marca registrada do WA são a estética visual distinta e a narrativa envolvente, calcada numa caracterização dos personagens a partir dos aspectos mais excêntricos. 

Visualmente  a palheta de cores pastel dão aquele delicioso aspecto retrô, com enquadramentos obsessivamente simétricos, ao mesmo tempo simples e detalhados. As cenas parecem com pinturas ou com história em quadrinhos. Como sempre os movimentos de câmera lineares e trocas de cenário que remetem ao teatro.

Os roteiros são sempre bons, exigindo atenção do espectador para captar o humor britânico nas frases rápidas, nesse caso aquele humor frio e seco para as desventuras da vida e das pessoas, que surpreendentemente é até leve. 

Nos curtas aparece também um recurso muito utilizado por WA que é a metanarrativa, aqui nesse caso específico tem o próprio Dahl contando a história, dentro da qual os próprios personagens também são narradores.

E o bom elenco que é a parte boa do padrão netflix, aqui está brilhando, sendo que vários são já figurinhas carimbadas dos filmes do WA:  Ralph Fiennes (Valdemort) , Rupert Friend, e outros nomes famosos como Benedict Cumberbatch (Dr. Estranho), Dev Patel e Ben Kingsley (Gandi).

Em  "A incrível História de Henry Sugar", um homem rico e entediado descobre um livro misterioso em sua biblioteca. O livro relata a vida de um iogue indiano que desenvolveu o poder de ver através de objetos sólidos. Henry fica fascinado pelo livro e decide tentar aprender o mesmo truque. Depois de anos de treinamento ele consegue dominar a habilidade de ver através das cartas de baralho e usa isso para ganhar dinheiro nos cassinos. Porém, ele logo percebe que isso não lhe traz felicidade. 


 

"O caçador de ratos" mostra um homem que chega a uma pequena vila inglesa para resolver o problema de roedores em uma oficina. O curta tem uma atmosfera incômoda de terror - que normalmente os ratos inspiram -  Ralph Fiennes interpreta o papel com uma expressão e um comportamento de um roedor. Esse desperta um debate um pouco mais aprofundado, sobre o que é aceitável e o que não é em uma sociedade. Ratos são pragas razoavelmente inteligentes que devem ser eliminadas, quem vai fazer esse trabalho sujo?...





"O Cisne" conta a história de Peter Watson, um menino inteligente e apaixonado por pássaros, que sofre bullying e tortura de dois colegas valentões, Ernie e Raymond. O que começa como uma brincadeira de mau gosto evolui para uma questão de vida ou morte, eventualmente resultando na morte de um cisne que Peter admira. Aqui se fala da perda da inocência infantil perante a crueldade humana.



E por último, em "Veneno", um homem é picado por uma cobra venenosa, seu sócio e um médico tentam salvá-lo. No segundo plano a história explora o veneno não apenas como uma ameaça física, mas também como uma manifestação do racismo e da xenofobia. O protagonista Harry (Benedict Cumberbatch) é um britânico que vive na Índia e se recusa a ser atendido pelo médico local.


Disponíveis na netflix:

A Incrível História de Henry Sugar | Site oficial da Netflix

O Caçador de Ratos | Site oficial da Netflix

O Cisne | Site oficial da Netflix

Veneno | Site oficial da Netflix







sábado, 4 de novembro de 2023

Asteroid City (2023)

 


Indicado para palma de ouro em #Cannes2023.

Eu sou fã demais desse diretor, então mesmo quando o filme não agrada muito a crítica eu gosto.

A marca registrada do Wes Anderson é a obsessão na composição visual das cenas, até os mínimos detalhes, misturando técnicas de slow motion, maquetes e cenários com as cenas filmadas ao vivo.

A narrativa em histórias com personagens absolutamente excêntricos também é o que faz os filmes dele serem tão diferentes.

O melhor mesmo são os roteiros inteligentes e abertos daquele tipo que vc diz "espera aí..." quando o filme termina e vc fica em dúvida se perdeu alguma parte.

Aqui no blog tem um comentário sobre A Crônica Francesa e vc pode conferir os outros no IMDB

Neste ano ele lançou também uma ótima série de curtas na Netflix, confira o meu outro POST.

O estilo do Wes Anderson é parecido com o do Noam Baumbach (Barbie, Ruído Branco, Historia de um Casamento) aliás os dois colaboraram diretamente em The Life Aquatic e também no Fantástico Senhor Raposo

Asteroid City é uma cidade fictícia do deserto americano na década de 1950 que sedia uma convenção de jovens gênios astrônomos. 

No meio da convenção acontece a cena principal do filme: um contato imediato impagável.

Além disso o filme é encenado como uma peça de teatro dentro de uma peça transmitida na TV , aí que o roteiro complica - adoooro. O personagem principal é um escritor famoso por sua obra ficcional sobre um pai em luto que viaja com sua família nada convencional. Com o humor bem seco característico do WA, o filme explora temas como a passagem do tempo, a nostalgia e o significado da família.

A fotografia chapada e composta é muito bacana, a cidadezinha em si é uma mistura de elementos futuristas e clássicos, com cores fortes e brilhantes e formas geométricas, o que cria uma sensação de surrealismo.A tela é mostrada em formato 4:3 e apresenta uma paleta de cores pastel que dá aquele resultado deliciosamente retrô típico do diretor.  As cenas são obsessivamente compostas e os cenários são meticulosamente decorados. Os gadgets inventados pelos adolescentes dão uma pitada futurista, a mistura ficou sensacional.

Como de costume vários atores já são figurinhas carimbadas do diretor, como Bill Murray e Tilda Swinton. Nesse aparecem também o Tom Hanks, Scarlett Johansson, Jason Schwartzman, Bryan Cranston, JAdrien Brody, Steve Carell, Matt Dillon, Hong Chau entre outros.

Olha o Seu Jorge fazendo uma ponta no filme:



A trilha sonora completa a ambientação nostálgica e caipira, mais texano impossível. Está disponível neste link do youtube music

A crítica não gostou muito, a nota do filme no imdb está com 6,6. Para quem não curte muito o cinema mais cult, o filme pode mesmo ser meio monótono e longo. Alguns críticos apontaram que Asteroid City é mais do mesmo na filmografia de Anderson, que repete sua fórmula estética e narrativa sem muita inovação ou ousadia.  Há também quem tenha achado o filme superficial e pretensioso, que não explora a fundo os temas que propõe e que se apoia em clichês e estereótipos.

Xarope por xarope, há quem prefira novela das 7, eu acho mais bacana o cinema feito como revista em quadrinhos do Wes Anderson, como forma leve de abordar o peso da vida e do mundo.

Nota 8, para quem gosta de filme que encerra com música que tem assovio:








































quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Infinite pool (2023)

 


Comecei a ver esperando que fosse um thriller, mas está mais para terror com pitadas de ficção científica. E a bem dizer, mais para manifesto que para entretenimento...

Já fica o aviso que é do tipo que não pretende agradar o grande público e nem mesmo os aficcionados desse gênero que anda bem popular, por exemplo com outros diretores como o Jordan Peele (Corra!, Nós, Não olhe

Terceiro do diretor Brendan Cronemberg, que está seguindo os passos do pai David Cronemberg (A mosca, Videodrome, Crimes do Futuro).

 O filme é uma representação surreal e deliberadamente violenta, sobre hedonismo, privilégio e moralidade, flertando com uma linha tênue entre sensualidade e pornografia. Entre animalidade e espiritualidade aqui não tem espaço para a segunda.

O enredo é centrado em um resort exclusivo em um país fictício, onde o personagem principal - o escritor James Foster (Alexander Skarsgard que esteve muito bem na série Succession) está em busca de inspiração, na companhia da sua companheira e financiadora, filha do dono da editora - e acaba se envolvendo em umas paradas beeem sinistras.

A Mia Goth, atriz que vem se destacando no gênero terror,  faz o par com ele, na pele de uma mulher sedutora e liberada pelo marido que se aproxima do escritor e vai enredando-o naquele tipo de furada que já vimos em outros filmes.

Após a apresentação dos personagens e do contexto a trama começa no momento em que os quatro saem dos limites do resort e um acidente acontece. A partir daí o estômago do espectador vai ser testado se aguenta doses cavalares de sadismo, o que é o que minimamente salva o filme, já que não é tão comum ver isso embalado com um argumento de ficção científica, nesse caso envolvendo clonagem de seres humanos.

Para não dar spoiler digo apenas que os clones aqui são usados para livrar as pessoas "originais" da pena de morte. 

Se der para notar isso, a fotografia do filme é muito bem pensada. O roteiro acaba sendo razoável também pois não tem a preocupação de explicar muita coisa para o espectador, e o final é bem incomum pois é ao mesmo tempo fechado e aberto. Poderia talvez ser mais curto...

Difícil não compará-lo com Triangulo da Tristeza, que ganhou #Cannes2022, já que essencialmente é uma crítica aos super-ricos que controlam inclusive a vida e a morte,  sem pudor de cair na barbárie, mas onde aquele escapa para o humor desconcertante, esse fica no mal estar e desconforto mesmo. E compõe bem também com o Nuevo Orden. 

Só para os fortes, nota 6. Polêmico é, com certeza.

Piscina Infinita (2023) - IMDb

domingo, 3 de setembro de 2023

Barbie (2023)



Não sou muito chegado em clichê, mas quando me falaram que muita gente não está gostando fiquei interessado e surpreendeu - gostei do filme.

Depois que assisti que fui descobrir que a diretora é a Greta Gerwig, a mesma que dirigiu o ótimo Lady Bird. Fica até contraditório mencionar isso aqui, mas o roteiro é escrito em parceria com o marido Noah Baumbach, que também tem muitos filmes bacanas, alguns comentados aqui no blog, por exemplo o Ruído Branco, no qual ela representa a esposa do personagem principal. Me explico, o que me ocorreu é que eles devem conviver em um ambiente bem criativo, aspecto que é discutido neste filme...

De fato vai deixar o público médio um pouco confuso, pois o texto subverte a estética, talvez essa pegadinha seja o melhor do filme.

Os tons de rosa e cenários recriando os brinquedos em escala real vão aos poucos contrastando com a desconstrução da personagem, que já é anunciada na cena de abertura tirada de 2001 Uma Odisséia no Espaço, mas vai se impondo aos poucos ao longo do filme.

Quem sair levando meninas vestindo rosa pro cinema (ou na pior das hipóteses for de rosa para o cinema) pode mesmo se decepcionar.

Boa qualidade técnica na fotografia e trilha sonora, já no gênero é bem misturado, como o próprio universo da personagem, tem de tudo: comédia, ação, romance, drama, cenas de musical...

Não sei se é muita viagem, mas vi muitas referências ao Matrix... seja na cena da escolha, nas cenas de luta e de perseguição. Até porque o roteiro é baseado na conexão entre o mundo das bonecas - a Barbielândia - e o mundo real. 

E logicamente, nas camadas lá do fundo as histórias do Pinóquio e do Mágico de Oz, que o Spielberg incorporou melhor em Inteligência Artificial - cujo roteiro era do Kubrick - homenageado aqui na cena de abertura.

O filme começa com uma narração em terceira pessoa que logo some e volta depois para comentar exatamente que a Margot Robbie não serve para representar uma boneca deprimida porque está se achando feia... provavelmente bonecos e humanos são marionetes pra contar a história dessa narradora que se revela ao final.

O casal principal entrega uma atuação bem competente, de certa forma o coadjuvante Rian Gosling está até melhor que a M. Robbie. Ela consegue transmitir bem a evolução da personagem. Apesar do título o roteiro reserva um lugar muito peculiar para os Kens...

Para não deixar dúvidas, o roteiro repete as algumas vezes a mensagem de empoderamento feminino com espaço para os temas de diversidade, autoestima e a criatividade. O filme mostra que não há um único jeito de ser mulher e que todas devem ser livres para escolher seus caminhos. O filme também apresenta personagens diversos, a Barbie estranha e o interesse amoroso de Barbie, que é asiático e nerd, e a Criadora, que é uma mulher madura e bem-sucedida.

Curioso como a Mattel faz uma espécie de mea culpa mostrando uma Barbie que não se conforma com os padrões impostos pela sociedade e busca realizar seus sonhos sem perder sua essência. 

Ao mesmo tempo que é uma inspiração para outras mulheres e meninas que se identificam com sua história, a boneca faz a autocrítica por impor um padrão estético irreal numa sociedade consumista e reforçar ao extremo o patriarcado machista.

 O filme - assim como a boneca que se descobre - não é perfeito e tem alguns pontos negativos, como o excesso de clichês, algumas piadas sem graça e algumas cenas arrastadas. No entanto, esses defeitos não comprometem o resultado final. 

Não merece oscar mas acho que vale a pena. Nota 8.

Ah e pode ser que algumas mães que levaram as filhas vestidas de rosa provavelmente não quiseram explicar a cena final...

Nos cinemas.

https://www.imdb.com/title/tt1517268/ 



Lady Bird (2018)

 


Recuperando um post do facebook de 2018 para referenciar no recente filme da Barbie, da mesma diretora, na época um concorrente ao #oscar2018 era o Me chame pelo seu nome:

"Me chame pelo quê?? O outro filme é muito bom, mas esse é melhor! 

Essa atriz já tinha sido indicada por Brooklyn e neste também mereceu a indicação. 

Ótimo drama, sem apelações, roteiro redondinho, cheio de metáforas. 

Por mim eu teria finalizado o filme em Sacramento, e encaixado a partida em outro contexto,  mas como está,  o filme está lindo. 

Quem gostou de As vantagens de ser invisível O Filme   vai gostar desse também. 

Dos que assisti até o momento, está bem acima. 

Nota 10 (e olha que nem lembro a última vez que dei essa nota).

https://www.imdb.com/title/tt4925292/ 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

I know this much is true (2020)

  


Uma das melhores séries que vi neste ano. Densa, bom roteiro, bom elenco, muito bem filmada, bela fotografia, boa trilha sonora.

E o show de atuação do Mark Ruffalo fazendo ambos os papeis num dos pontos altos da carreira, ganhou um Emmy.

Roteiro adaptado sobre dois irmãos gêmeos, tragédia do meu jeito favorito, começa ruim e vai piorando sem limites. A trama se desenrola em diferentes épocas, desde a infância dos protagonistas até a meia-idade, explorando os dramas familiares, as crises pessoais e os traumas psicológicos que os unem e os separam.

Acho que quem convive ou cuida de alguém com deficiência ou limitações vai gostar mais ainda da maneira muito respeitosa e realista com que ele representa o personagem. O ator consegue dar vida a dois personagens distintos, com personalidades, gestos e vozes próprias, sem cair em caricaturas ou clichês. Ruffalo transmite com maestria as emoções conflitantes de Dominick, que ama e odeia o irmão esquizofrênico, e de Thomas, que sofre com as alucinações e o tratamento cruel que recebe nas instituições psiquiátricas.

A fotografia da série também merece destaque, pois cria uma atmosfera sombria e melancólica, que combina com o tom dramático da narrativa. As cores são frias e opacas, os cenários são escuros e decadentes, e os enquadramentos são fechados e angustiantes. Prepare-se para cenas fortes e impactantes, com violência, a dor e desespero....

A trilha sonora é outro elemento que contribui para a construção do clima da série. As músicas soam de acordo com a época, estado de espírito e sentimento dos personagens, ora esperança, ora tristeza, ora raiva. 

Bom roteiro bem estruturado e envolvente, em seis episódios de uma hora, com narração em primeira pessoa. Bem movimentado e não linear, alternando entre o presente e o passado, revelando aos poucos os segredos e os conflitos dos personagens. A série aborda temas complexos e delicados, como saúde mental, abuso, racismo, religião, sexualidade e identidade.

Nota 9 pela qualidade técnica e artística. Recomendo só para quem gosta de produções que tratam da fragilidade, incoerência e potência da condição humana.

Disponível HBO.

I Know This Much Is True (Minissérie de televisão 2020) - IMDb