Indicado para palma de ouro em #Cannes2021.
Palmas para o diretor Sean Baker, que está consolidando o seu estilo próprio de contar histórias de comunidades invisibilizadas e marginalizadas pelo preconceito, com atores pouco conhecidos do grande público.
Ele tem no currículo Tangerine, que trata do universo trans e o sensacional Projeto Flórida, que tenta mostrar como é ser pobre em Orlando.
Junto com o Ken Loach (I Daniel Blake, Sorry we missed you) vem abrindo espaço para filmes como Nomadland, que ganhou vários #Oscar2021, contando histórias do cotidiano de maneira absolutamente original.
E assim como nos dois anteriores, a paisagem suburbana, das lanchonetes, boates e cafés vai emoldurar o bom roteiro que tenta se aproximar tanto quanto possível da realidade.
Neste o cenário e personagens circulam na periferia de uma área industrial, que é lindamente filmada, característica já marcante nos filmes do diretor.
E o realismo é ao mesmo tempo uma virtude e um defeito do filme, pois o tamanho e o ritmo podem até desanimar o espectador, que numa grande parte da história, vê os dias se repetirem numa rotina, como acontece na vida real. Talvez a montagem pudesse ser um pouco mais curta do que as 2h10min.
A sinopse é um ex-ator pornô que volta para o interior do Texas, literalmente com uma mão na frente e outra atrás (menos na cena em que ele corre), implorando para sua ex-esposa e sogra drogaditas deixarem ele ficar por alguns dias.
O rol de personagens interessantes e exóticos vai se desdobrando na tela, com a traficante local e sua família, o amigo do ensino médio que finge ser militar, e outros mais.
Mas as coisas começam a se complicar quando ele começa a trair a esposa com uma menor de idade, conhecida na cidade como Moranguinho, que se deslumbra com a promessa de ir embora com ele para ser estrela pornô em Los Angeles.
Este vem com potencial de ser talvez o mais polêmico da temporada, a
começar pelo título... se você não sacou, que cor é o seu foguete?...
Muitos temas estão no filme, talvez não com a mesma força do Projeto Flórida, trata de pobreza e exclusão, acesso aos serviços públicos, violência e drogas, massificação e manipulação, algumas cenas aparece o Trump discursando, mas todos esses superficialmente e em segundo plano em relação ao abandono parental e erotização precoce e do outro lado a exploração sexual da mulher.
É quase um "Lolita" urbano, contemporâneo e subversivo, que coloca em discussão o fato de que deixar a indústria pornô pode ser tão ou mais difícil que sair da prisão.
Mas o preconceito de que o filme fala vai te surpreender quando vc descobrir que o ator principal tem mesmo uma passagem pelo pornô e teve que apagar as suas mídias nas redes sociais para fazer esse papel e está causando furor nos críticos. Igualmente a atriz principal, que parece menor mas é maior de idade deixou para trás o book rosa, mas a internet não esquece...
Lançado pela distribuidora A24, que ao contrário da Netflix, preza as escolhas pelos roteiros e inovação, com lançamentos que são amados ou odiados, mas não passam em branco. Eu sigo o selo nas redes.
Infelizmente no Brasil em que menino veste azul e menina veste rosa, ninguém vai perdoar esse poster... e acho que nem Hollywood recentemente anda sendo liberal o suficiente para colocar quem já atuou deitado no tapete vermelho.
Enfim, por nos forçar a admitir o quanto somos preconceituosos e hipócritas que esse filme é genial.
Ah e o final, assim como em Projeto Flórida, é do tipo aberto, vc mesmo que vai imaginar o que significa!
Nota 9.
https://www.imdb.com/title/tt13453006/
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