sábado, 18 de fevereiro de 2023

Mrs. Harris goes to Paris (2022)

 


Indicação merecidíssima ao #Oscar2023 de melhor figurino, forte candidato a ganhar, a estilista já ganhou três vezes.

Bom xarope de comédia romântica, leve, com bom roteiro adaptado, bons personagens, bom elenco, boa trilha sonora, mensagem positiva, alto astral.

Destaque para a Isabelle Huppert (FrankieGreta, Elle)  e o Jason Isaacs (Lucius Malfoy em Harry Potter) como coadjuvantes. e a novata Alba Baptista também está lindíssima!

Já a principal Lesley Manville, faz também uma atuação muito competente, mas não me emocionou...

A sinopse é uma senhorinha idosa que trabalha como faxineira para aristocratas londrinos esnobes nos anos 1950, que tem habilidades com a costura e que resolve gastar todas as economias para ir a Paris comprar um vestido Dior. 

Um conto de fadas em que a princesa não é jovem mas é sonhadora, vaidosa e sabe o que quer.

No fundo tem uma questão econômica, trabalhista comparando a França e a Inglaterra, a história se passa durante uma greve de lixeiros em Paris, mas isso fica absolutamente diluído no filme e quem gosta desse tipo de filme nem vai se ligar nisso.

Nota 8, recomendo para quem gosta de conto de fadas ou simplesmente dar uma escapada da realidade.

Disponível Apple TV+

Sra. Harris Vai a Paris (2022) - IMDb

Sra. Harris Vai a Paris (Filme), Trailer, Sinopse e Curiosidades - Cinema10


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Fire of love / Vulcões a tragédia de Katia e Maurice Krafft (2022)

 


Indicado ao #oscar2023 de melhor documentário longa metragem.

Compilação do arquivo de vídeos do casal de vulcanólogos falecidos em 1991, mostrando suas viagens e contribuições para a Ciência.

Consegue prender a atenção do espectador até o final, mas achei meio xarope para merecer um oscar.

Até o momento dos documentários assisti somente o Navalny.

Mas recomendo para ter uma noção de que ciência é um trabalho que se faz na prática e precisa de apoio, divulgação, coragem e... amor.

Nota 6.

Disponível Disney+.

Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft (2022) - IMDb





terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

O menu (2022)

 


Bom suspense, muitos furos de roteiro, mas vale conferir pela performance do Ralph Fiennes (O paciente inglês, Harry Potter)  empratando um chefe de cozinha psicopata.

Só ele mesmo, que os demais coadjuvantes até que se esforçaram mas estão bem medianos, inclusive a Anna Taylor Joy...

A sinopse é um jantar de "alta gastronomia" servido pelo chefe famossíssimo no seu restaurante hiper exclusivo em uma ilha deserta para um grupo de pessoas ricas e excêntricas, com exceção de um casal composto por um grande fã do chefe e a sua convidada de última hora, o roteiro é organizado a partir da sequência de pratos, com o devido suspense e tensão crescentes.

Filme de estréia do diretor, que teve boas experiências na tv, em episódios de Game of Thrones e Succesion. 

Com um pouco de esforço daria para entender o filme como uma crítica um tanto bizarra / absurda  à glamurização e elitização da cultura e da arte, em qualquer campo, no caso específico da culinária, mas o mesmo conceito se aplica à moda, às artes plásticas, e assim por diante, em que vende "uma experiência".

Aqui no Brasil já temos hamburgueria gurmê, churrascaria gurmê, espeteria gurmê, cachorroquenteria gurmê e por aí vai. É mais ou menos disso que o filme trata.

Não que haja qualquer tipo de relação direta, mas vendo o filme me lembrei na hora dessa notícia:

https://www.em.com.br/app/noticia/degusta/2023/02/05/interna_degusta,1453361/o-restaurante-mais-disputado-de-bh-tem-fila-com-5-meses-de-espera.shtml

E também do caso dos bifes de ouro que foi muito comentado durante a última copa do mundo.

Apesar do roteiro meio ruim a atuação do Fiennes segura o filme até o final, que também achei mal resolvido.

Na linha jantar tenso, sem dúvida nenhuma o nacional O Animal Cordial é beeeem melhor!!

Nota 6, mas recomendo especialmente para quem curte os reality shows do tipo Masterchef.

https://www.imdb.com/title/tt9764362/

Disponivel Disney+ / Star+



 


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domingo, 12 de fevereiro de 2023

Império da luz (2022)

 


Indicado a melhor fotografia no #oscar2023.

Eu não curti muito a anterior do diretor Sam Mendes - 1917, que foi indicado a dez oscars e ganhou três... 

Ótima atuação da Olivia Colman que mereceria ser indicada, a academia deve estar cansada dela, ganhou em 2019 (A favorita) , e foi indicada dois anos seguidos, em 2021 (Meu pai) e 2022 (A filha perdida). Ganhou Globo de Ouro por sua participação na série The Crown.

Colin Firth também está sensacional como coadjuvante.

A sinopse é um romance entre Hilary uma mulher de meia idade, recém saída de um hospital psiquiátrico que se envolve com um colega de trabalho, e Stephen, um jovem negro aspirante a estudar arquitetura, em um velho cinema onde trabalha como gerente, localizado em uma cidadezinha costeira na Inglaterra, nos anos 1980.

Ótimo filme, consegue tratar de forma delicada um tema bem difícil como transtorno bipolar. Mas outro ainda mais difícil onde patina (literalmente, com cenas no rinque) no tema complexo do racismo, que por mais que seja central, ficou um pouco superficial, talvez por isso que ficou de fora da lista da academia.

Porém o tema que ficou melhor contemplado, que sempre aparece no oscar e se repetiu bastante nos indicados deste ano é a homenagem ao cinema, que me fez lembrar (de longe...) do clássico Cinema Paradiso. 

Depois que assisti esse achei ainda mais injusta a vitória de Os Fabelmans, que dou como favas contadas... Lembrando que na lista está também Bardo, bem melhor, e o tema vem também em Babilônia.

A história é locada em um velho cinema em estilo arquitetônico art deco, que nos anos 1980 já indicava o destino das grandes salas de exibição.

A arquitetura é uma parte muito importante do filme, que mostra o glamour e grandeza mantidos pelo edifício onde funciona o cinema, mas que foram maiores em seu passado. 

Talvez isso de certa forma funcione como metáfora para a própria vida amorosa da personagem principal, que segue também uma trajetória de decadência, cujo fundo do poço são os favores sexuais prestados ao dono do cinema, papel do C Firth, e que encontra um novo ânimo, uma nova motivação no inesperado caso caso com o jovem colega.

Na história o edifício é reformado para receber uma premiére.

E nos bastidores acaba trazendo um tema de urbanismo relativamente comum na contemporaneidade, pois a locação escolhida é Margate, cidade litorânea inglesa recentemente "revitalizada", com o a transformação de seus velhos edifícios em hotéis, restaurantes, centros culturais.

Mas assim como as cidades revitalizadas, o filme acaba ficando refém da próprio argumento do cinema como nostagia e ilusào, abrindo mão do lugar mais visceral e real que ele pode ocupar. 

Nota 8, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt14402146/


sábado, 11 de fevereiro de 2023

Navalny (2022)

 


Triste atualização em fevereiro de 2024: o protagonista morreu em condições extremamente suspeitas numa prisão no Ártico... :(

Indicado a melhor documentário de longa metragem no #oscar2023 produção CNN/HBO.

Na prática Putin governa a Rússia desde 1999, uma vida.

Ou melhor, várias vidas muito possivelmente eliminadas na perpetuação de um regime absolutamente opaco e autoritário, para dizer pouco.

Alexei Navalny é o atual lider da oposição na Rússia, o documentário mostra as provas e bastidores da operação montada pelo governo para assassiná-lo por envenenamento em 2020, tendo sido produzido durante sua recuperação na Alemanha.

Após divulgar o material ele retornou ao país em janeiro de 2021, tendo sido preso no aeroporto. 

As últimas notícias dão conta de que ele está doente e sem visitas há mais de um ano, e recentemente foi programado que ele ficará seis meses na solitária.

Depois de quatro anos de necrogoverno, importante assistí-lo para ter uma noção do abismo cujo projeto se ensaiou no Brasil e de que Democracia é um bem de valor inestimável.

Merece ganhar o oscar e coloquei na fila As entrevistas com Putin feitas pelo Oliver Stone, As testemunhas de Putin e Medidas Ativas que trata da incrível participação russa na eleição de Trump em 2016. 

Nota 8, recomendo. Disponível no HBO MAX.

https://www.imdb.com/title/tt17041964



quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Close (2022)

 


Candidato da Bélgica ao #oscar2023 de filme estrangeiro. Vencedor do Grande Prêmio de #Cannes2022.

Aqui no blog tem uma menção super sintética ao anterior do mesmo diretor - Girl

Neste, ele continua tratando das questões de gênero, particularmente de como se moldam os padrões de masculinidade  x homofobia na sociedade (européia) contemporânea,  de uma forma não tão explicita, mas não menos conflituosa como no filme anterior.

A sinopse é a amizade muito íntima (daí o título) entre dois garotos de treze anos que termina de repente, impactando suas duas famílias.

O filme tem uma linguagem bastante corporal, não-verbal, transitando na linha tênue das descobertas e transformações da infância para adolescência, o que é reforçado pelas locações que se alternam entre as casas num ambiente rural e a escola.

E as incongruências desta última, como ambiente camufladamente hostil e cruel vão sutilmente vindo à tona. Talvez esse seja o tema principal e a questão da sexualidade em segundo plano.

O roteiro é ao mesmo tempo fechado e aberto, pois mesmo a história tendo um desfecho, nem tudo que aconteceu é revelado ao espectador, que é obrigado a usar a imaginação para preencher as lacunas, o que é coerente com as descobertas e incertezas dessa fase da vida.

Alguns parecidos comentados aqui no blog: Las niñas, Souad, Papicha. Me lembrei também do recente  Luca da Disney.

Nota 6. Não é minha aposta para o oscar, acho que fica com o Nada de novo no front

https://www.imdb.com/title/tt9660502/




terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Babilônia (2022)



Indicado a três #Oscar2023 - Direção de arte, melhor trilha sonora e melhor figurino, pelo menos as duas primeiras muito merecidas, do ponto de vista técnico.

Estrelado por Brad Pitt e Margot Robbie o filme apresenta em primeiro plano três personagens: Jack, um ator canastrão em decadência, Nelly uma "garota nova na cidade que quer ser atriz" e Manny um imigrante mexicano que trabalha como faz-tudo para um produtor milionário. Ambos até que se esforçam, mas os defeitos do filme acabam suplantando as boas atuações, indicadas para Globo de Ouro.

Mas o tema principal não é esse, e sim o cenário de fundo - daí o porque se justificam as indicações ao oscar - o filme tenta traçar um panorama das transformações na industria do cinema entre as décadas de 1920 e 1950, a partir das revoluções tecnológicas como a introdução do som e da cor nos filmes. Algo comparável ao o que ocorre hoje com a TV e o próprio cinema, frente aos streamings.

A crítica está bem dividida sobre o filme, no Metacritic tem notas entre 10 e 100...

Eu o coloco naquele balaio de filmes aos quais nos falta a nós espectadores brasileiros medianos a vivência e vocabulário do cotidiano estadunidense, para uma melhor compreensão... por exemplo uma das coisas que certamente deve ser muito legal no filme é a forma como retrata algumas partes de Los Angeles há cem anos atrás, a geografia em torno da cidade, os prédios e cinemas antigos, que provavemente ainda existem e que que não faço a menor idéia de como são...

Nesse sentido, o filme carrega o maior defeito de Hollywood, que é ser quase sempre autorreferente.

Sem esses códigos, o roteiro acaba caindo no clichê "a vida louca das estrelas" e apelando para grandes surubas com enormes pilhas de pó. 

Mesmo assim ganhou um Globo de Ouro... 

Atriz ou ator em decadência, Sunset Bulevard fala muito melhor disso, sem perder a pose. E Birdman também.

Os filmes dos irmãos Coen são mais elegantes (busque #maratonacoen aqui no blog), destacando Hail Cesar, que trata mais ou menos os mesmos temas. 

Até as surubas antigamente tinham mais bom gosto, ao som do melhor jazz. A trilha indicada pode ser  baixada neste LINK

E suruba por suruba em Hollywood prefiro mais o Boogie Nights ou o Era uma vez em Hollywood (com BP em um papel bem melhor, como sempre acontece quando o Tarantino escolhe ele)...

Mas como a academia gosta de posar de conservadora, esse nem foi indicado para melhor filme ou diretor e aumenta as chances do certinho e fofinho Fabelmans, haja vista para os seis oscar que ganhou o La La Land em 2017...

De certa forma esse filme é meio que um La La Land suecado.

A montagem é um pouco caótica e confusa e deliberadamente cacofônica, especialmente no final, com uma colagem de vários minutos de cenas de vários filmes,  misturados com uns deja vus do próprio filme, o diretor resolve andar na lâmina fina do que para uns pode parecer uma ideia extraordinária e para outros um erro enorme, estou no segundo grupo.

E pra mim o que definitivamente matou foi a duração de 3h que o tornam bem cansativo e até repetitivo.

Aliás ando impressionado como depois da pandemia os filmes ficaram mais compridos. 

Apesar disso, alguns bons personagens como a cantora chinesa ou o traficante que dariam ótimos arcos, acabam diluídos e sem força.

E o terceiro vértice do triângulo é um mexicano que literalmente sai da merda na primeira cena do filme e leva a vida inteira para abrir o seu espaço como diretor se fingindo de espanhol e ter direito a uma cena de beijo, tudo isso para ser expulso da cidade - o que poderia ser mais  explícito?...

Por isso dou nota 6, recomendo a trilha sonora.

Nos cinemas.

https://www.imdb.com/title/tt10640346/





La La Land (2017)


Resgatando post do facebook em 2017:

Eu gosto de música mas nem tanto de musicais.

Confesso que comecei a ver o filme com muita má vontade e a primeira cena já me desanimou por completo.

Mas a segunda por outro lado já prendeu minha atenção e tenho que me render, podem dar o Oscar para ele, apesar de eu não ter gostado.

Merece pelo roteiro, direção de arte, trilha sonora e até figurino, mas o resto é só para quem curte o disco em inglês do Renato Russo...

Atualizando em 2023: levou seis #oscar2017...

https://www.imdb.com/title/tt3783958/

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Pinóquio, por Guillermo Del Toro (2022)



Fortíssimo candidato ao #oscar2023 de melhor animação. Se ganhar, ficarei bem contente, pois em termos técnicos ficou perfeito, eu diria mais que o Gato de Botas 2.

Projeto antigo do já consagrado diretor, que está na sua quinta indicação para o Oscar e já levou duas estatuetas pelo duvidoso A Forma da Água, no ano passado foi indicado pelo Beco do Pesadelo

Interessantíssima versão, destaque não só para a técnica em stop motion, a cargo do codiretor Mark Gustafson (Fantástico Sr. Raposo / Wes Anderson) , mas também para as dublagens em grande elenco, com Tilda Swinton, Evan Mc Gregor, Cate Blanchett, Christopher Waltz e David Bradley.

Eu não o classificaria como um filme infantil, pelo contrário, as crianças não vão gostar muito do tom sombrio e temas nem tão infantis que essa versão traz, lembrando um pouco o Inteligência Artificial do Spielberg.

Só pra começar a história é passada na Itália fascista do período entre Guerras, inclusive tem uma caricatura do Mussolini, ambiente que o diretor já tratou criticamente antes em Labirinto do Fauno e no Espinha do Diabo. Fica meio óbvio mas com tanto ditador de direita e massa de manobra por aí, é válido.

Outro tema que já logo no início é colocado e tratado sem amenizar muito é a morte, sendo que o personagem transita algumas vezes pelo além durante o filme.

Outra coisa que deve assustar os pequenos é que os personagens não são "bonitos", sendo que todos chamam atenção pelos defeitos físicos e são deliberadamente feios. 

A técnica de animação stop motion além da casar perfeitamente com o boneco de madeira articulado também aproxima a dinâmica dos demais personagens dos autômatos.

Alguns personagens do original são alterados com sucesso, por exemplo a Fada Azul, ganha uma irmã doppelganger, uma dando o dom da vida e a outra controlando a morte.

Das grandes produções dessa história recentemente, esse foi o que mais me agradou.

Nota 8, disponível Netflix!

https://www.imdb.com/title/tt1488589/

A forma da água (2017)

 



Resgatando o comentário no facebook em 2018, para referenciar o Pinóquio.

Pior que o filme levou melhor diretor e melhor filme no #oscar2018.

...

Não tem jeito, quando a academia encasqueta com um tipo de filme no oscar, é duro.

Esse ano é o ano dos filmes xaropes. Indicado para melhor roteiro???

Sinceramente até na sessão da tarde já vi melhores.

Escorregada com força do Guillermo del Toro que tem muito filme bom no currículo.

De figurino também não vi nada extraordinário.

Melhor atriz só pelo uso da linguagem de sinais??

Nota 5, no máximo.

https://www.imdb.com/title/tt5580390/

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Gato de botas 2 - o ultimo pedido

 


Tudo que vende pode sempre vender mais...

A franquia Shrek rendeu demais para a Dreamworks mas já deu o que tinha que dar.

Bom entretenento para ver com as crianças mas indicação para melhor animação no #oscar2023 é exagero.

A única coisa diferente é o uso de diferentes estilos de animação, misturando diferentes estilos 3D e 2D.

Mas essa fórmula já foi bastante usada nos filmes do Kung Fu Panda.

A cena dos créditos é das mais tediosas que já vi, tratando-se de animação...

A dublagem original está bacana, com grande elenco, destaque para o Wagner Moura, mas também Selma Hayek, Olivia Colman, Florence Pough e o Harvey Guillen, o Guillermo de What We Do In The Shadows.

Nota 6.

Uma menina silenciosa (2022)


Concorrente da Irlanda ao #Oscar2023.

O filme tem um ritmo bem peculiar, calmo, ao contrário do concorrente Nada de novo no front.

A sinopse é a menina Cait com problemas de comunicação e comportamento reforçados por uma família complicada, muitos irmãos, pai distante e ranzinza, mãe grávida, que é enviada pelos pais para passar uma temporada com um casal de parentes em uma fazenda no interior.

O filme trata de descobertas e superações emocionais, tanto da menina quanto do casal e foca na paulatina construção de empatia dela com o casal que a recebe, principalmente o marido. O roteiro é bem direto, simples e minimalista.

Nas partes mais importantes, o diálogo é não verbal, sem palavras, daí o título.

Aos poucos a narrativa vai revelando as complexidades e história de vida do casal e de outros personagens do vilarejo onde vivem.

A liberdade e acolhimento da fazenda contrastam com a sujeira e a confusão da sua casa, mesmo a disciplina e a rotina contribuem para abrir novos espaços e a fotografia exerce um papel fundamental no filme - contrastando o sol, o ar, a luz da fazenda com o aperto e escuridão da casa.

A direção de arte também é bacana, a história se passa nos anos 1980, que no interior da Irlanda se parecem com 1950

Filme de estreia do diretor e também da atriz mirim, que está muito bem.

A maior virtude do filme talvez é tratar do tema abuso infantil sem as costumeiras cenas de violência, falando nas entrelinhas.

Um filme, simples, honesto, eficiente e bonito - por isso que não vai ganhar o oscar...

Recomendo, nota 7.



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Aftersun (2022)

 


Prêmio do juri em #Cannes2022.

Na contramão da crítica e da nota alta no imdb,  não gostei muito do filme, exatamente porque ele atinge em cheio o que se propõe: muitas camadas de emoções diversas, que vão gradualmente passando do prazer e alegria  à angústia e vazio, e que me deixaram pensando muito sobre ser pai.

Todos sabem que adoro tragédia, talvez essa não me pegou porque é quase toda feita de sorrisos e só um pouco de choro convulsivo.

Ou talvez simplesmente fiquei aborrecido por a Turquia quase só aparecer no texto.

É um bom filme, sem dúvida, mas a atuação do principal Paul Mescal para melhor ator no #oscar2023, não me convenceu e apesar de ser sim competente achei que não foi tão intensa como o personagem exigiria.

Já a atriz mirim Frank Corio estã sensacional.

Apesar de não ser o meu favorito na temporada, é um filme de extrema sensibilidade mas não é fácil, sob vários aspectos.

A sinopse são as memórias de uma mulher que se recorda e revive(?) uma viagem de verão em um balneário turco com o pai. 

Tratando-se então de Memória, a montagem e roteiro são bastante não-lineares, só percebi o quanto, depois da metade dofilme.

Fica com o espectador a missão de conectar, remontar, significar e organizar o calendoscópio de cenas, que não explicitam o que é do plano da realidade, da lembrança ou até da imaginação da filha ou do pai, e tampouco são cronológicas.

As imagens gravadas em vídeo são um elemento central da fotografia, que vai se utilizando das imperfeiçoes e lacunas características dos vídeos caseiros, somando com reflexos e tomadas em muitas situações diferentes - dentro d'agua, contra-luz, luz estroboscópica, no escuro, através de elementos translúcidos p. ex. vidro ou plástico para reforçar a maneira caótica e borrada com que lembramos ou imaginamos.

Assim, o que se apresenta inicialmente como uma prazeirosa e ingênua viagem de férias, vai revelando uma complexidade absurda de um jovem pai separado, com traumas de infância e problemas financeiros, mas acima de tudo aproximando de uma patologia igualmente complexa - a depressão.

É o filme de estreia da diretora, fiquei com a impressão que um pouquinho a mais de linearidade e/ou preparação de ator permitiriam que ele alcançasse mais pessoas, a exemplo do excelente Meu Pai que levou dois oscars.

Os parecidos que me ocorrem já são no plano da maternidade, então é difícil comparar: Mother e O vazio de domingo.

Nota 7, recomendado, especialmente para os pais que não tem dúvidas de que estão fazendo tudo certo (que absolutamente não é o meu caso).

Nos cinemas e Mubi.

https://www.imdb.com/title/tt19770238/



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Ruído branco (2022)

 



Não faço segredo que sou muito fã do diretor Wes Anderson que tem um estilo único

Aqui no blog tenho poucas resenhas dele, por exemplo o recente e ótimo A Crônica Francesa.

Vejam no face o álbum de screens de Ilha dos Cachorros

O diretor Noah Baumbach é um roteirista colaborador frequente do Anderson e nesse filme transparece a marca do movimento Mumblecore, transbordando para um exagero e um surrealismo deliberados.

O anterior do diretor, História de um Casamento foi indicado a melhor filme e melhor roteiro, melhor atriz e melhor canção no #Oscar2020. Ganhou o de atriz coadjuvante.

No currículo ele tem também o ótimo Os Meyerovitz.

Roteiro adaptado, o filme começa com o argumento de apocalipse que já estamos acostumados e vai até um pouco mais do que a metade em um ritmo alucinante.

Quando muda para o arco da esposa, parece até que começa outro filme (ou outros dois), mais lento, que revela a sua real temática: o hedonismo e o consumo como únicas fugas possíveis diante da inevitabilidade da morte. 

Ou seja, é um filme que não vai agradar ( a média no imdb é 6) por causa da fragmentação excessiva, e complexidade das metáforas,     que tende a cansar o espectador comum.

A cena final é épica, uma das melhores do cinema, ápice da crítica que o filme faz do consumismo como religião, antes de mais nada, ASSISTA:


Me remeteu muito a esse CLIPE do Fatboy Slim.

A cena inicial também é uma bonita homenagem ao cinema, uma seleção de acidentes de carro.

O filme surfa nas incongruências da contemporaneidade nas mais diversas dimensões. 

O personagem principal é um arrogante professor arrogantede "Estudos sobre Hitler" adorado por seu alunos mas que não fala alemão. Ele está no quarto casamento com uma mulher mais jovem e vivem com quatro filhos numa zona completa.

Só quem conhece os bastidores da escola vai encontrar tamanha catarse nas atuações do Adam Driver e Don Cheadle. 

Nota 9, recomendadíssimo, e insisto, assista a cena final no youtube, mesmo antes de ver o filme.

Disponível netflix.