Indicado a três #Oscar2023 - Direção de arte, melhor trilha sonora e melhor figurino, pelo menos as duas primeiras muito merecidas, do ponto de vista técnico.
Estrelado por Brad Pitt e Margot Robbie o filme apresenta em primeiro plano três personagens: Jack, um ator canastrão em decadência, Nelly uma "garota nova na cidade que quer ser atriz" e Manny um imigrante mexicano que trabalha como faz-tudo para um produtor milionário. Ambos até que se esforçam, mas os defeitos do filme acabam suplantando as boas atuações, indicadas para Globo de Ouro.
Mas o tema principal não é esse, e sim o cenário de fundo - daí o porque se justificam as indicações ao oscar - o filme tenta traçar um panorama das transformações na industria do cinema entre as décadas de 1920 e 1950, a partir das revoluções tecnológicas como a introdução do som e da cor nos filmes. Algo comparável ao o que ocorre hoje com a TV e o próprio cinema, frente aos streamings.
A crítica está bem dividida sobre o filme, no Metacritic tem notas entre 10 e 100...
Eu o coloco naquele balaio de filmes aos quais nos falta a nós espectadores brasileiros medianos a vivência e vocabulário do cotidiano estadunidense, para uma melhor compreensão... por exemplo uma das coisas que certamente deve ser muito legal no filme é a forma como retrata algumas partes de Los Angeles há cem anos atrás, a geografia em torno da cidade, os prédios e cinemas antigos, que provavemente ainda existem e que que não faço a menor idéia de como são...
Nesse sentido, o filme carrega o maior defeito de Hollywood, que é ser quase sempre autorreferente.
Sem esses códigos, o roteiro acaba caindo no clichê "a vida louca das estrelas" e apelando para grandes surubas com enormes pilhas de pó.
Mesmo assim ganhou um Globo de Ouro...
Atriz ou ator em decadência, Sunset Bulevard fala muito melhor disso, sem perder a pose. E Birdman também.
Os filmes dos irmãos Coen são mais elegantes (busque #maratonacoen aqui no blog), destacando Hail Cesar, que trata mais ou menos os mesmos temas.
Até as surubas antigamente tinham mais bom gosto, ao som do melhor jazz. A trilha indicada pode ser baixada neste LINK.
E suruba por suruba em Hollywood prefiro mais o Boogie Nights ou o Era uma vez em Hollywood (com BP em um papel bem melhor, como sempre acontece quando o Tarantino escolhe ele)...
Mas como a academia gosta de posar de conservadora, esse nem foi indicado para melhor filme ou diretor e aumenta as chances do certinho e fofinho Fabelmans, haja vista para os seis oscar que ganhou o La La Land em 2017...
De certa forma esse filme é meio que um La La Land suecado.
A montagem é um pouco caótica e confusa e deliberadamente cacofônica, especialmente no final, com uma colagem de vários minutos de cenas de vários filmes, misturados com uns deja vus do próprio filme, o diretor resolve andar na lâmina fina do que para uns pode parecer uma ideia extraordinária e para outros um erro enorme, estou no segundo grupo.
E pra mim o que definitivamente matou foi a duração de 3h que o tornam bem cansativo e até repetitivo.
Aliás ando impressionado como depois da pandemia os filmes ficaram mais compridos.
Apesar disso, alguns bons personagens como a cantora chinesa ou o traficante que dariam ótimos arcos, acabam diluídos e sem força.
E o terceiro vértice do triângulo é um mexicano que literalmente sai da merda na primeira cena do filme e leva a vida inteira para abrir o seu espaço como diretor se fingindo de espanhol e ter direito a uma cena de beijo, tudo isso para ser expulso da cidade - o que poderia ser mais explícito?...
Por isso dou nota 6, recomendo a trilha sonora.
Nos cinemas.
https://www.imdb.com/title/tt10640346/