domingo, 15 de setembro de 2024

Matéria escura (2024~)

 


Mais uma boa série de FC da Apple, totalmente baseada na interpretação de muitos mundos da Física Quântica

Aliás fui pegar isso na wikipedia e gastei mais de uma hora lendo os tópicos, a série é exatamente sobre isso, vc entra em uma caixinha e nunca mais consegue voltar...

Adaptação do best-seller homônimo de Blake Crouch. Não confundir com a série homônima de 2015 que também era bem legal. 

A trama gira em torno de Jason Dessen (Joel Edgerton), um físico e professor que vive sua vida de classe média em Chicago com sua esposa Daniela (Jennifer Connelly) e seu filho Charlie (Oakes Fegley). 

O roteiro já complica no início quando ele é sequestrado... por ele mesmo e levado para um universo paralelo (agora entendeu o nome do site né, talvez o título devesse ser esse) do qual não consegue escapar. 

A série explora temas filosóficos complexos derivados da interpretação de muitos mundos, como consciência,  identidade, livre arbítrio, escolhas e as infinitas possibilidades do multiverso.

A narrativa é bem construída, mantendo o espectador constantemente envolvido c/ cliffhanger em todos os episódios que vão revelando novas camadas da história, com um rigor científico bem razoável para uma produção de TV e uma dose equilibrada de drama.

Adicionaram um efeito sonoro só para você não se confundir em qual linha do tempo está em cada cena... A metáfora com o experimento de Schrodinger é literal, o final é meio xoxo... mas a série foi renovada para a 2a temporada.

Jennifer Connelly está espetacular no papel e tem a Alice Braga que marca um golaço na carreira internacional.

Remete a filmes como Primer, Coerência e a série Dark

Nota 8, recomendo.

Matéria Escura (Série de TV 2024– ) - IMDb


quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Folhas de outono (2023)


Não me lembro de ter visto outro filme mais frio que esse. Comecei a ficar incomodado e contei, tem três sorrisos.

Vencedor do prêmio do juri e indicado para palma de ouro em #Cannes2023, indicação da Finlândia para o #Oscar2024, eleito melhor do ano pela Time...  não achei isso tudo...

O ponto alto do filme é a fotografia com as cores muito bem estudadas, tanto do figurino como do cenário. A estética visual do filme é marcada por uma paleta de cores saturadas e composições simétricas, criando uma atmosfera de nostalgia e melancolia. 

Os planos de cena lembram muito os do Wes Anderson.

Por outro lado, quase parece uma apresentação de power point ou um stop motion sem o motion...

Lento mais que lento parado mesmo. A câmera pouco se mexe e quando se mexe é só uma rotação para o lado em cima do tripé.

Eu não conheço bem esse diretor, pelo que li ele costuma usar um estilo minimalista e personagens melancólicos e marginalizados que, apesar das adversidades, encontram momentos de esperança e humanidade. 

O roteiro é uma crônica delicada sobre um casal de solitários que se encontram por acaso em um bar de karaokê em Helsinki. Ela , uma estoquista de supermercado, e ele, um alcoólatra. A narrativa se desenrola com uma série de encontros e desencontros, onde pequenos gestos e mal-entendidos moldam o destino dos protagonistas. 

A trilha sonora inclui desde clássicos do rock até canções tradicionais finlandesas, que são as melhores.

Eu dou nota 6 e acho que a maioria dos brasileiros iria odiar esse filme, apesar de ele explorar bem a condição humana... no frio da Finlândia.

https://www.imdb.com/name/nm0442454/

Disponível Prime, google play, Mubi e apple.










domingo, 8 de setembro de 2024

Fargo, o filme (1996) e a série (2014~)


Obra-Prima dos irmãos Coen, cuja  filmografia está marcada aqui no blog com #maratonacoen (coloque na caixa de busca),  é um dos filmes mais emblemáticos dos irmãos Joel e Ethan. 

Este clássico moderno solidificou a reputação dos Coen como mestres do cinema com sua narrativa típica, com violência e contrastando um humor irônico e ácido com a frieza do cenário rural americano. 

O roteiro é uma joia de concisão e impacto, oferecendo uma trama que é, ao mesmo tempo, simples e profundamente complexa. 

Fargo segue sendo sucesso de crítica e público recebeu sete indicações ao #Oscar1997, incluindo Filme, Diretor e Ator , ganhou Melhor Atriz e principalmente Melhor Roteiro Original. 

A história gira em torno de Jerry Lundegaard (William Macy), um vendedor de carros fracassado que planeja o sequestro de sua própria esposa para extorquir dinheiro de seu sogro rico. Para executar o plano, ele contrata dois criminosos, Carl Showalter (Steve Buscemi) e Gaear Grimsrud (Peter Stormare). O que deveria ser uma operação simples rapidamente se transforma naquela tragédia gostosa que é o meu estilo favorito.

A trama  está repleta de diálogos afiados e situações absurdas que revelam a ironia intrínseca à condição humana. A decisão dos Coen de apresentar a história como "baseada em fatos reais" adiciona uma camada extra de subversão, pois esse detalhe fictício força o espectador a confrontar a linha tênue entre a realidade e a ficção.

O elenco é um dos elementos que mais contribuem para que o filme tenha se tornado um verdadeiro clássico. 

A vencedora do Oscar Frances McDormand, esposa de Joel Coen e colaboradora frequente dos irmãos, brilha no papel da chefe de polícia Marge Gunderson. Sua interpretação de Marge, uma mulher grávida e de temperamento calmo, mas absolutamente implacável na busca pela justiça, é considerada um dos maiores desempenhos de sua carreira. 

William Macy também está sensacional, retratando a desesperança e a mediocridade de um homem que se vê afundando cada vez mais em seus próprios erros. Steve Buscemi e Peter Stormare,formam a dupla entre o bandido nervoso e tagarela com o silencioso malvadão.

A fotografia é essencial para a atmosfera do filme, capturando a vastidão e o vazio das paisagens cobertas de neve de Minnesota e Dakota do Norte com uma precisão visual que se tornou marca registrada do filme. A neve, onipresente nas cenas não é apenas um elemento estético, mas também uma metáfora para o isolamento e a frieza moral dos personagens. As tomadas longas em espaços abertos contribuem para criar um senso de desolação e inevitabilidade. 

Fargo permanece relevante não apenas como um exemplo brilhante de cinema, mas também como uma exploração profunda da moralidade e do destino, envolta na paisagem congelada e inóspita do meio-oeste americano.

Em 2014, a história foi adaptada para uma série de televisão que também é sucesso. 

A série é antológica e é fiel ao estilo do filme e mistura elementos de tragédia e comédia, ao mesmo tempo em que constrói narrativas complexas e visualmente marcantes.

Cada temporada apresenta uma história autônoma, com grande elenco, personagens e tramas distintas, mas unidas pelo mesmo tom peculiar que caracteriza o universo criado pelos Coen, nas paisagens geladas do meio oeste caipiríssimo estadunidense. A série expande o universo narrativo do longa com novas histórias que, embora fictícias, são apresentadas ironicamente como "baseadas em fatos reais".

A trilha sonora da série utiliza de forma marcante a percussão de fanfarra americana, especialmente nas temporadas mais recentes, o que traz um toque distintivo à série. As músicas evocam desfiles militares e celebrações patrióticas e  contrastam com o clima sombrio e violento da narrativa. Esses ritmos rítmicos e regimentais oferecem uma camada de ironia, já que a série aborda o caos e a violência em ambientes rurais aparentemente pacíficos. A escolha de instrumentos de fanfarra também reforça a crítica social, conectando a música ao tema de controle e autoridade.

Temporada 1 - Lester Nygaard (Martin Freeman)  um vendedor de seguros cuja vida pacata é completamente desestabilizada após conhecer o assassino Lorne Malvo (Billy Bob Thornton). A trama se desenrola como uma espiral de violência e desespero, com Lester gradualmente se transformando de uma vítima em um anti-herói frio e calculista. As decisões aparentemente pequenas acabam levando a consequências catastróficas. 

Temporada 2 - Retrocede para 1979 mostra as raízes do crime organizado e nas disputas de poder no meio-oeste. Centrada na tensão entre famílias mafiosas destaque para o casal Kirsten Dunst e Jesse Plemons que se envolvem acidentalmente em uma conspiração mortal, colocando-os em um caminho de violência inescapável. Estilo visual retrô  muito bacana. 

Temporada 3 - Situada em 2010,  explora o conflito entre irmãos gêmeos interpretados por Ewan McGregor: Emmit, um magnata imobiliário, e Ray, um oficial de condicional ressentido. A rivalidade entre eles desencadeia uma série de eventos que envolvem crime, corrupção e uma cadeia de enganos cada vez mais letal. Esta temporada também introduz V.M. Varga (David Thewlis), um assassino sinistro, que manipula e explora as fraquezas dos outros.

Temporada 4 - Kansas City nos anos 1950, onde duas famílias criminosas, uma liderada por afro-americanos e outra por imigrantes italianos, competem pelo controle do submundo da cidade. No centro da trama está Loy Cannon (Chris Rock), chefe da família afro-americana, que tenta consolidar seu poder em um ambiente marcado por preconceito e violência. Esta temporada examina temas como racismo, imigração e o sonho americano, oferecendo uma análise crítica da história social dos Estados Unidos através da lente do crime organizado. 

Temporada 5 - Retorna às raízes da série, resgatando os temas centrais dos filmes dos irmãos Coen, mas ajustando-os para o contexto contemporâneo. Ambientada em 2019, explora temas contemporâneos da polarização sócio política dos Estados Unidos, focando em personagens como Dot Lyon (Juno Temple), uma mulher que se vê envolvida em uma rede de mentiras e violência, e Roy Tillman (Jon Hamm), um xerife criminoso e autoritário que controla milícias locais. A trama destacando o controle e poder que os personagens exercem sobre os outros. 

Somente a 4a temporada que não merece nota 10, as outras todas sim, igualmente o longa.

 

  



  

 

  













O problema dos 3 corpos (2024~)


Não li o livro que deu origem a adaptação, então já limita um pouco, boa série, mas não achei que merece a badalação toda que teve na internet.

Mesmos produtores de Game of Thrones, e já que não faltou dinheiro, poderia ter dado um resultado melhor... 

Eu tenho ranço da netflix, sempre acho que investe no elenco e deixa o roteiro prá lá. Em termos de séries de ficção científica estou começando a ter certeza que as da Apple são MUITO melhores, comparando por exemplo com Ruptura, Fundação, Silo.

 O enredo segue Ye Wenjie, uma astrofísica que, após testemunhar a morte brutal de seu pai por radicais revolucionários chineses, se envolve em um projeto secreto de comunicação com alienígenas. Em paralelo, a história também explora o grupo nerd conhecido como Oxford Five, uma equipe de físicos que percebe estranhas mudanças nas leis da física, culminando em um conflito interplanetário iminente com uma civilização extraterrestre avançada.

É isso mesmo, muita história para pouco episódio, o argumento é bom mas tem cara de enlatado e as grandes questões filosóficas que levanta são rasamente tratadas.

O elenco tem alguns medalhões como o Jonathan Pryce.

Visualmente, é onde a netflix gastou, a série impressiona pela ambição de retratar tanto os cenários desoladores da Revolução Cultural Chinesa quanto as vastas paisagens cósmicas e ambientes alienígenas. 

Nota 6, só para amantes de Sci Fi.

Vale mais a ver vídeos de física quântica pelo youtube...
















sábado, 7 de setembro de 2024

Trap / Armadilha (2024)


Eu sou fã do Shyamalan, mas esse é talvez o pior da carreira dele, que vai ficando marcada por altos e baixos...

Eu gostei dos últimos Old, que já foi na zona de conforto, adorei o Split que ele mesmo estragou depois em Glass

A Visita recuperou o melhor desde A Vila

Mas esse roteiro, pelamordedeus, ruim com força.

O filme gira em torno de Cooper (Josh Hartnett) e sua filha Riley (Ariel Donoghue), que participam de um show da popstar Lady Raven (Saleka Shyamalan - filha do Diretor). 

A premissa tenta, mas não consegue, um thriller psicológico em que Cooper, já nas primeiras cenas se revela o serial killer conhecido como "The Butcher" e tenta escapar de uma armadilha montada pela polícia. 

Nem a dupla do Arquivo X faria uma caricatura mais pouco crível do FBI...

Shyamalan é conhecido por seus roteiros cheios de reviravoltas, mas Armadilha falha em reproduzir a maestria de O Sexto Sentido ou Corpo Fechado, onde os plots twists são bem fundamentados no enredo.  O uso de temas como medo e paranoia, presente de maneira eficaz em Sinais, é também mal explorado nesse. 

A construção do suspense, um ponto forte nos primeiros filmes dele aqui se desintegra em um amontoado de eventos improváveis e mal justificados. A construção de uma atmosfera sombria e estranha que também é um ponto forte do diretor, aqui é extremamente preguiçosa e desleixada... Outro problema  é a falta de coerência nas ações dos personagens.  O vilão, é retratado de maneira ambígua, misturando pessimamente o pai amoroso com um suposto assassino implacável, e diga-se de passagem, bem incompetente. 

O ator principal  até que faz o seu trabalho, mas é prejudicado pelo roteiro. E o principal ficando mais ou menos já atrapalha os coadjuvantes. 

A fotografia também tenta navegar entre palhetas azuis e vermelhas, mas tb não dá muito certo. Nem a trilha sonora funciona, resvalando para um merchant forçado e descarado da carreira da filha.

Eu sempre digo que tudo que vende pode vender mais um pouco mas hoje não, Shyamalan. 

Nota 4. Não recomendo.

Nos cinemas.

domingo, 1 de setembro de 2024

O sabor da vida (2024)

 


Indicado para Palma de Ouro e vencedor de melhor direção em #Cannes2023. E vem papando prêmios em diversos festivais.

A veterana Juliette Binoche está sensacional no filme e ofusca todo o elenco.

Originalmente intitulado La Passion de Dodin Bouffant, dirigido por Tran Anh Hung, diretor que eu nem conhecia e já gostei...

O filme mostra o mundo da alta gastronomia como pano de fundo para uma história de amor delicada, ambientada na França do século XIX. 

Destaca pela direção cuidadosa e pela profundidade narrativa, com uma atenção meticulosa aos detalhes na preparação dos alimentos.

Para lembrar alguns nessa linha, vale citar A festa de Babette,  O Cozinheiro, o Ladrão, Sua Mulher e o Amante, Delikatessen e com a própia Juliette Binoche o Chocolate.

Mas para quem captar o verdadeiro gosto do filme a indicação é a série Midnight Dinner. 

Roteiro adaptado baseado no romance de 1924 de Marcel Rouff, narra a relação entre o chef Dodin-Bouffant (Benoît Magimel) e sua cozinheira Eugénie.

Dodin é um apaixonado pela arte culinária e pela perfeição nos pratos que cria. Ela trabalha com ele há vinte anos e é a executora das criações na cozinha. Embora já haja uma química evidente entre os dois, Eugénie reluta em aceitar se casar com ele.

O filme é basicamente sobre preparar a comida, comer e beber (vinho é claro) com muito prazer.

A fotografia é bem romântica e muito competente para mostrar a preparação dos pratos com um nível de detalhe que celebra a gastronomia e vai desenrolando como cenário para o desenvolvimento emocional dos personagens. Muito interessante a cena em que ela argumenta que ela fala pelos pratos que vão à mesa.

*O Sabor das Coisas* é mais do que um filme sobre culinária; é uma meditação sobre o amor, o tempo e as pequenas coisas que dão sabor à vida. É uma obra que merece ser degustada lentamente, apreciada em cada detalhe, tal como uma refeição perfeitamente preparada.

O filme deixa a gente com água na boca e pensando como é que num país como o nosso que tem uma culinária riquíssima pode ter gente que passa fome, pois esse é sobre alta gastronomia mas também sobre um sentido mais profundo sobre saber saborear a vida, um dia por vez.

Nota 8, recomendo, eu assisti comendo Espaguete Carbonara!

Disponível em vários streamings.