Se no #oscar2023 o blockbuster foi o Tudo em todo lugar ao mesmo tempo, no #oscar2024 quem vai passar o rodo vai ser esse...
11 indicações: Melhor Filme, Melhor Direção (Yorgos Lanthimos), Melhor Atriz (Emma Stone), Melhor Ator Coadjuvante (Mark Ruffalo), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção, Melhor Montagem, Melhor Fotografia e Melhor Maquiagem e Cabelo…
Com certeza vai ganhar um monte.
Merecidamente, vá lá, mas também não é um filme nota 10... porém, no conjunto, realmente entrega uma experiência cinematográfica surrealista e marcante.
A direção de Yorgos Lanthimos é notável. Ele consegue contar sua história de maneira criativa e inusitada, misturando elementos de terror, drama, ficção científica e comédia, fora da caixa, mas com equilíbrio.
Da filmografia anterior do diretor eu não curti muito O Lagosta, mas adorei o Sacrifício do Cervo Sagrado.
Difícil achar adjetivos para ele, mas "diferente", "excêntrico" ou "bizarro" com certeza se aplicam...
O roteiro adaptado é a história de Bella Baxter uma bebê ressucitada por um cientista maluco por meio de um transplante de cérebro para o corpo da sua própria mãe que se suicidou. As referências de Frankenstein são explícitas.
Lembra muito o estilo e os filmes do Tim Burton.
Porém aqui o foco da narrativa é a emancipação feminina, abordada de maneira visceral, pois ela vai literalmente se apossar do corpo em uma jornada de autodescoberta e libertação. O desenvolvimento do cérebro do bebê no corpo adulto é acelerado e da falta de coordenação motora e gagueira, rapidamente ela se torna uma mulher inteligente e perspicaz, com falas afiadas e uma visão do mundo absolutamente desvinculada de qualquer amarra ética ou norma social.
O curioso então é que a maior virtude do filme torna-se também o seu maior defeito: para sublinhar essa liberdade que permeia o amadurecimento da personagem, a sexualidade é colocada em primeiro plano mas talvez não precisasse de tanta nudez e cenas de sexo para conseguir o que o roteiro quer.
Mesmo sendo a noiva prometida ao auxiliar do cientista, ela foge com um amante mulherengo para uma longa aventura que vai cobrir de forma muito interessante tudo que pode ocorrer num relacionamento sexual, terminando em casamento... mas antes ela vai morar em um bordel.
O elenco está muito bem. Emma Stone deve ganhar seu segundo Oscar depois de La La Land.
Mark Ruffalo que destaquei aqui no blog pela atuação em I know this much is true, também merece a indicação pelo advogado Duncan Wedderburn cuja macheza vai sendo descontruída a cada cena. O personagem dele me lembrou um pouco o do Tom Hanks em Magnólia.
O cientista é representado pelo gigantesco Willem Dafoe que também mereceria ser indicado. O efeito do arroto dele é um dos melhores do filme.
A fotografia é impressionante, forte candidata. O filme apresenta imagens e composições belíssimas, tanto em preto e branco quanto em cores, enquadramentos incomuns e lentes pouco vistas no cinema. A palheta evolui com a vida de Bella. Os efeitos visuais mesmo os mais exagerados funcionam muito bem.
Igualmente belíssimos são a direção de arte e figurinos, misturando elementos de filme de época com engenhocas futuristicas, o que definitivamente consegue capturar o espírito da virada do século XIX para o século XX.
As cenas de epígrafe de cada capítulo dão a impressão de que estamos lendo um livro dessa época.
Nota 8, recomendo. Se não agradar nem o coração nem a razão, vai agradar a visão.
Se tivesse essa categoria, ganharia a melhor dança:
Nos cinemas.
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