Aliás se tem uma coisa necessária e urgente a fazer contra o imperialismo estadunidense é promover o cinema feito fora dos Estados Unidos.
Dirigido pela cineasta Lila Avilés, filme intimista e profundamente sensível sobre a única certeza da vida.
A narrativa é centrada na pequena Sol, uma menina de sete anos que passa o dia na casa do avô ajudando a preparar uma festa surpresa para o seu pai, que é um paciente terminal.
Centrado nos personagens da família, excelentemente construídos e o seu cotidiano de tensões e conflitos, diante da iminência da morte de um dos membros da família.
Situação aliás que tenho testemunhado a coragem e perseverança de vários amigos que talvez me leem aqui...
A estrutura latina da atmosfera emocional já pega os brasileiros sem esforço, destacando pela abordagem envolvente e poética, buscando a essência da condição humana.
A escolha acertada do roteiro de acompanhar os eventos a partir da perspectiva da criança confere ao filme uma dualidade da inocência da menina e da complexidade emocional dos adultos ao seu redor, oscilando entre o lúdico e o melancólico.
A câmera muitas vezes se posiciona na altura da menina, reforçando a perspectiva infantil.
As atuações aparentemente improvisadas do elenco acho que foram intencionalmente dirigidas para capturar a espontaneidade da vida real. Essa abordagem minimalista reforça a proposta estética do filme, que privilegia o cotidiano e os vínculos familiares como matéria-prima para a narrativa.
Acho que a grande sacada do filme é contar uma história feita de várias histórias, mas só parcialmente, deixando para o espectador imaginar e completar todas elas.
Uma das virtudes do filme é que ele não é muito longo, 1h30, fica no limite e poderia até ter sido um curta metragem.
Coloquei o anterior da diretora, A Camareira, na fila.
Mesmo tema, igualmente bom filme, mas com contexto e perspectiva totalmente diferentes é O quarto ao lado, confira a minha resenha.
Nota 7, recomendo!