sexta-feira, 27 de junho de 2025

Mountainhead (2025)


Do criador da ótima série Succession, crítica social (leve...) sobre os mesmos relações contemporâneas do poder patriarcal "imbroxável" com a tecnologia.

Três bilionários e um pobre multimilionário que ainda não conseguiu seu bilhão, isolados em uma mega mansão nas montanhas estadunidenses durante uma crise global alimentada pela desinformação e pela ascensão da inteligência artificial. 

Oscilando entre o sarcasmo cômico ácido e o grotesco, ao longo do filme o generoso espaço físico da mansão vai se tornando claustrofóbico, em um campo de batalha ideológico e moral, mostrando os delírios de grandeza, a desconexão com a realidade e os perigos de concentrar poder tecnológico em poucas mãos. 

A mansão se transforma numa espécie de centro de controle do apocalipse, pois pelo celular eles controlam mercados, governos e exércitos - e conspiram para matar um deles.

O resultado não é tão bom quanto o da série, o roteiro é um pouco repetitivo, mesmo a presença do experiente Steve Carell no elenco não segura o filme. Ficou parecendo uma mistura de Shark Tank com Big Brother.

Mesmo assim acho que vale a pena conferir para reconhecer que alguma coisa está fora da nova ordem mundial.

Além da série, a vide do filme é a mesma de Triângulo da Tristeza e Infinite Pool e  remete também ao bom A rede social, o isolamento da elite lembra um pouco O menu, Pelo lado cômico ácido parece um pouco Knives out. Já a atmosfera claustrofóbica dialoga com Ex Machina.

Nota 7. 

Disponivel HBO e Prime.


quinta-feira, 26 de junho de 2025

Vitória (2025)


Como em tudo, na arte a experiência conta muito... bom filme demonstrando a capacidade dessa que é talvez a maior atriz brasileira viva e atuante!

Com certeza, um dos mais sensíveis e potentes do cinema nacional em 2025. 

Dirigido por Andrucha Waddington e Breno Silveira, sendo que Silveira faleceu durante as filmagens, e Andrucha assumiu a direção.

A escolha de dois diretores com estilos distintos, mas que destacam a emoção contida nos detalhes cotidianos, revela-se um acerto que molda a identidade do filme:  

Enquanto Waddington empresta seu olhar apurado sobre a estética e o ritmo narrativo, Silveira contribui com a alma do filme: a busca por justiça contra à banalização do mal. 

Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Joana Zeferino da Paz, uma aposentada moradora de Copacabana, que em 2005, filmou da janela de seu apartamento a movimentação de traficantes e policiais corruptos. Suas gravações resultaram na prisão de mais de 20 pessoas. 

A atuação de Fernanda é muito sensível, do semblante abatido à fala pausada, cada nuance de sua atuação transmite décadas de experiência e dor acumulada. Mas o papel seria sim uma oportunidade de dar mais visibilidade a outras atrizes negras brasileiras. 

O roteiro, escrito por Aline Portugal e Márcio Alemão, é um retrato comedido e comovente da vida em silêncio de uma mulher à margem da sociedade midiática, mas dotada de uma força moral que transcende sua fragilidade aparente. 

Vale também como um discurso contra o etarismo que virou mato no Brasil.

Ao evitar os clichês do cinema de denúncia, o script aposta na introspecção e nas contradições morais da protagonista, fugindo de um falso heroísmo. O filme tem uma tensão que cresce lentamente. 

O restante do elenco é competente e equilibrado, mas propositalmente contido para não ofuscar a protagonista. A narrativa é contada do ponto de vista de Nina e os demais personagens ficam em órbita. 

Não pude deixar de reparar na direção de arte principalmente nos detalhes do apartamento, que em muitas coisas parece com a minha casa...

Na esteira de Ainda estou aqui, o filme conseguiu merecidamente uma boa bilheteria nos cinemas e tem até sido cotado para representar o Brasil no #Oscar2026. No Festival do Rio, ganhou Melhor Atriz e Melhor Direção. 

Não tem como não compará-lo com Central do Brasil (ai que saudade da Marília Pêra...), aqui novamente Fernanda contracena com o ator mirim Thawan Lucas.

De certa forma dialoga um pouco com os dramas urbanos do Kleber Mendonça, como  O som ao redor e Aquarius, apostando na força silenciosa da mulher madura, marginalizada pela sociedade mas que não perdeu a verdadeira ética.

Minha nota é 8, um pouco pelo ritmo. 

Vitória (2025) - IMDb

Disponivel no Globoplay.

domingo, 8 de junho de 2025

Aniara (2018)


Ficção científica sueca, bom filme, não é muito conhecido, merece uma conferida!

Só de não ser falado em inglês nem focar nos efeitos especiais ou narrativas heroicas mas sim em questões filosóficas e existenciais, já vale a sessão.

E também pela forma extremamente realística com que apresenta o argumento, apesar de alguns furinhos de roteiro.

Baseado em um livro homônimo de Harry Martinson, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. O roteiro se mantem fiel ao espírito do texto original, enfatizando a insignificância humana diante das distâncias invencíveis.

A história acompanha uma nave espacial que transporta colonos para Marte, mas que, após um acidente, perde sua rota e fica à deriva no espaço. Sem possibilidade de retorno, os passageiros precisam lidar com a dura realidade de que jamais sairão da nave.

Com uma abordagem minimalista e profundamente reflexiva, que se distancia dos roteiros convencionais do gênero, moldada pela angústia, onde a esperança e o desespero se tornam forças opostas que moldam o destino dos personagens, seus traumas e limitações psicológicas e suas reações diante da inevitabilidade do destino. 

A trama gira em torno de uma tripulante encarregada de operar um sistema de realidade virtual que permite aos passageiros reviver memórias da Terra, função que se torna cada vez mais essencial para a sanidade dos viajantes ao longo da viagem. 

A fotografia tem uma atmosfera opressiva. Em vez de cenários grandiosos e efeitos visuais espetaculares, o filme aposta em uma estética minimalista, utilizando espaços fechados e iluminação artificial para reforçar a sensação de confinamento. 

O foco não é nos efeitos, mas os que foram utilizados não deixam nada a desejar em relação às produções médias do gênero.

Parece um pouco com 2001 uma odisséia no espaço.

Ou seja se vc curte FC com porte de drama psicológico essa é uma boa pedida.

Nota 8 pelos furos do roteiro que poupariam aos personagens muitas desventuras e algumas cenas de nudez achei que somam pouco para o roteiro, poderiam ser em menor número e concentrar nas essenciais.

Disponível em vários streamings.

Aniara (2018) - IMDb







domingo, 1 de junho de 2025

O esquema fenício (2025)

Quem me lê aqui nesse blog sabe que sou fã incondicional do multipremiado diretor Wes Anderson.

Vencedor do #Oscar2024 pela Incrível História de Henry Sugar, duplamente indicado no #Oscar20219 por Ilha dos Cachorros e nove indicações tendo ganhado quatro #oscar2015 pelo Grande Hotel Budapeste.

Confira tyambém a minha resenha do Asteroid City e A Crônica Francesa.

Aqui uma ótima resenha da filmografia do diretor: https://www.domusweb.it/en/news/2025/05/22/wes-anderson-movies-design-furniture.html

Se precisar, ligue a tradução no navegador.

A Olivia nos deu uma cortesia e fomos assistir esse já na estreia..

Uma das coisas que eu adoro no Wes Anderson é que ele conseguiu desenvolver um estilo que para muitos pode até parecer monótono, mas só para quem não presta atenção nos detalhes.. 

A assinatura inconfundível do diretor são a fotografia e um design gráfico obsessivo que regem todo o filme com uma composição de cenas absurda de tão detalhada, mas ao mesmo tempo com maquetes e efeitos práticos que fazem o filme parecer um trabalho escolar do ensino fundamental. 

E também um ótimo desenvolvimento de personagens e diálogos. Mas se vc não gosta de diálogos longos e divertidas batalhas verbais, pode achar cansativo...

Esse foi coescrito com o Roman Coppola e estreou no Festival de Cannes  - que não dá para parar de gritar É do Brasil!!! pelas vitórias do Kleber Mendonça e Wagner Moura!

O roteiro acompanha Zsa-Zsa Korda, um magnata excêntrico que decide deserdar seus nove filhos e deixar sua fortuna para sua única filha Liesl, uma noviça aspirante a freira.  Após sobreviver a várias tentativas de assassinato ele decide tentar convencê-la a cuidar dos negócios da família e concretizar o maior projeto de vida de Korda, o esquema que dá nome ao filme. O objetivo dela porém é tentar descobrir quem matou a sua mãe, pois o pai tem fama de ter mandado matar as suas várias esposas.

Acompanhados por Bjorn, um tutor norueguês obcecado por insetos, eles embarcam em uma viagem a vários locais do mundo, cheia de negociações, traições e perigos inesperados. No caminho, precisam lidar com empresários, empreiteiros, terroristas estrangeiros e assassinos determinados a impedir que o esquema se concretize. O filme mistura espionagem, comédia sombria e ação, trazendo o estilo visual característico do diretor , com simetria impecável e uma paleta de cores cuidadosamente trabalhada. 

A estrutura do filme é dividida em capítulos, baseados nos personagens que eles buscam para realizar "o esquema".

O elenco é mega estrelado, com muitas figurinhas carimbadas do diretor: Benicio Del Toro, Jeffrey Wright, Scarlett Johansson, Tom Hanks, Bryan Cranston, Benedict Cumberbatch, Bill Murray e vários outros.

A trilha sonora eclética é mais uma virtude do filme. 

Nota 9 e tomara que entre nas listas do #Oscar2026.

Para os fãs do diretor, a produção oferece tudo o que se espera de um filme de Anderson: humor refinado, personagens excêntricos e uma direção meticulosa. 

Já quem entrou no cinema achando que ia ver a Scarlett Johansson de dominatrix dando voadora, levantou no meio do filme...

https://www.imdb.com/pt/title/tt30840798/












domingo, 18 de maio de 2025

Meu bolo favorito (2024)


O melhor drama que vi recentemente! Filme belo e extremamente delicado e sensível sobre envelhecimento, a tristeza da solidão, amor e sexualidade na terceira idade.

Indicado ao Urso de Ouro e vencedor do juri ecumênico em #Berlim2024.

Além de todos os seus méritos esse filme tem que ser assistido porque os diretores Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha enfrentam restrições severas e processos judiciais devido ao conteúdo do filme, que desafia normas rígidas do governo iraniano. 

Desde 2023, quando as autoridades iranianas começaram a investigar a produção do filme, os cineastas passaram por interrogatórios frequentes e tiveram seus passaportes confiscados, impedindo-os de comparecer à estreia mundial do filme no Festival de Berlim 2024.

O governo iraniano acusou os diretores de propaganda contra o regime, produção e distribuição de conteúdo obsceno, ofensa à moral pública e exibição do filme sem licença oficial. 

Para se ter uma noção, na cena em que o casal toma banho junto eles estão vestidos! (1a foto abaixo)

A imoralidade contida no filme é a de denunciar os excessos que o regime iraniano impõe as mulheres.

Nos últimos meses, o Irã tem testemunhado uma nova onda de resistência feminina contra as rígidas leis de vestimenta impostas pelo regime. A campanha Mulheres, Vida, Liberdade, iniciada após a morte de Mahsa Amini em 2022, continua a inspirar protestos, com milhares de mulheres desafiando a obrigatoriedade do hijab e enfrentando prisões e agressões por parte da polícia da moralidade. 

Relatos indicam que a repressão se intensificou, com patrulhas reforçadas e câmeras de vigilância monitorando as ruas para identificar e punir quem descumpre o código de vestimenta. Apesar da violência estatal, muitas iranianas seguem resistindo, recusando-se a cobrir o cabelo e encontrando novas formas de desafiar o regime, como protestos silenciosos e manifestações nas redes sociais. 

No mês passado, um tribunal iraniano condenou Moghadam e Sanaeeha a 14 meses de prisão, pena que foi suspensa por cinco anos, além de uma multa significativa. O tribunal também ordenou o confisco  de todos os equipamentos utilizados na produção do filme. Organizações de direitos humanos denunciaram o caso como um exemplo da censura extrema imposta pelo governo iraniano sobre artistas e cineastas. 

O roteiro acompanha Mahin, uma viúva de 70 anos que vive sozinha em Teerã e decide recomeçar sua vida amorosa após décadas de solidão. 

Ela não encontra muito com sua família que vive fora do Irã e nem com as amigas, que a criticam por não ter casado novamente.

Uma coisa muito bacana do filme é mostrar o comportamento das mulheres dentro de casa e nos locais públicos de Teerã.

Ela convida um motorista de táxi - Faramarz também nos seus setenta anos e enfretando a sua própria solidão, para sua casa, desafiando a curiosidade invasiva dos vizinhos e o filme mostra a noite que eles passam juntos, com um final surpreendente.

A química entre os protagonistas é o ponto altíssimo do filme, tornando suas interações genuínas e emocionalmente envolventes.

A fotografia é marcada por planos longos e silenciosos, que traduzem o ritmo da vida de Mahin e destacam os detalhes de sua existência cotidiana. 

Se vc gosta de filme de tiroteio e efeitos especiais, não vai gostar desse, pois a velocidade e ritmo dele são compatíveis com a idade dos personagens.  Uma reflexão sobre a vida, o amor e a resistência diante das adversidades.

A escolha estética reforça a intimidade da narrativa, permitindo ao espectador imergir no universo particular da protagonista. Cada quadro parece cuidadosamente planejado para expressar emoções que as palavras não alcançam, transformando pequenos gestos e olhares em momentos de profunda significância.

Nota 10!! Disponível em vários streamings.

Meu Bolo Favorito (2024) - IMDb














Wallace & Gromit Avengança (2024)

 

Bons roteiros e piadas é a marca registrada da Aardman. À medida que meus filhos foram crescendo vários foram entrando na dvdteca: Aardman Animations – Wikipédia, a enciclopédia livre

Produzido em parceria com a BBC e StudioCanal, o filme traz de volta os icônicos personagens em uma aventura repleta de humor, mistério e tecnologia descontrolada. 

Indicado ao #Oscar2025 de Melhor Animação.

O roteiro, dá continuidade ao curta Wallace and Gromit in The Wrong Trousers [CC] - Vídeo Dailymotion, com o retorno do pinguim vilão Feathers McGraw.

Wallace cria um gnomo inteligente interpretado pelo Reace Shearsmith de Inside #9 que, inesperadamente, desenvolve uma mente própria e começa a causar caos. Gromit tenta intervir antes que a situação saia do controle. A trama equilibra comédia e suspense, explorando temas como inteligência artificial e os perigos da automação desenfreada. 

Mantém o alto padrão da Aardman na técnica stop motion, com poucas cenas contendo computação gráfica.

Boa pedida para assistir com as crianças e se divertir também.

Nota 8, recomendo!

Assista esse e outros da coleção neste canal:

Wallace & Gromit - Avengança - Filme 2025 - Vídeo Dailymotion


 








segunda-feira, 21 de abril de 2025

Flow (2024)


Lindo filme, indicado a filme internacional e vencedor da categoria animação do #oscar2025, também no Globo de Ouro, merecidíssimo!

Nessa hashtag tem todos que comentei aqui no blog, esse ano acabei deixando por último as animações. Pode conferir também buscando "animação" na caixa de pesquisa.

Produção da Letônia, França e Bélgica, visual deslumbrante, reforçado pela ausência de diálogos. 

Temas universais como empatia e solidariedade diante das tragédias. 

Uma jornada de sobrevivência de um gato solitário que vê seu lar ser devastado por uma grande enchente, em um mundo pós-apocalíptico. Sem humanos por perto, ele precisa se unir a outros animais para enfrentar os desafios impostos pela natureza. A ausência de diálogos não limita a profundidade da história; pelo contrário, isso reforça as potências sensorial e emocional da história. 

A bela trilha sonora é um elemento fundamental na construção da atmosfera em cada cena.

Aqui no blog tem algumas animações resenhadas, principalmente as do Studio Ghibli, por exemplo O menino e a garça e O túmulo dos vagalumes, A tartaruga vermelha

Nota 8, recomendadíssimo!

Flow (2024) - IMDb

A tartaruga vermelha (2016)


Resgatando e atualizando um post breve de 2017 no Facebook para conectar com o Flow. 

Estonteantemente lindo!!! 

No meio dessas ruindades que a academia selecionou para o #Oscar2017, até destoa de tão bom. 

O Studio Ghibli FAZ o que a Disney nem sonha porque não tem competência e talento para tanto. 

Em tempos de tudo feito por computador é mais uma animação totalmente PINTADA à mão desse estúdio que só faz coisa boa. 

Roteiro e trilha sonora muito bonitos, obsessão pelos detalhes e imagens deslumbrantes! 

Nota 10!!!


Perdidos na noite / Gone in the night (2022)


Vai saber se quem traduziu esse título estava pensando no Faustão...

Thriller com argumento não muito original - casal (Kath e Max) que chega numa cabana alugada para a temporada ou fim de semana e já tem alguém lá (Greta e Al)...

Por exemplo, O mundo depois de nós.

Como estão cansados da viagem, acabam todos compartilhando o espaço, só por uma noite... O grupo decide jogar um jogo de tabuleiro com perguntas íntimas, revelando detalhes sobre suas vidas e relacionamentos. 

Na manhã seguinte, Kath acorda e descobre que Max desapareceu. Ao explorar a floresta ao redor, encontra Al chorando, alegando que Max e Greta fugiram juntos. Devastada, Kath retorna à cidade e tenta seguir em frente, mas sua curiosidade e necessidade de respostas a levam a investigar o paradeiro de Greta. 

Durante sua busca, Kath conhece Nicholas, o dono da cabana, que se mostra prestativo e disposto a ajudá-la. Juntos, eles rastreiam Greta até uma festa underground, onde Kath finalmente a confronta. Greta admite ter sentimentos por Max, mas sua explicação não satisfaz Kath, que continua sua investigação.

À medida que a trama avança, revelações inesperadas surgem. Flashbacks mostram que Max foi sedado por Greta e Al, tornando-se parte de um experimento conduzido por Nicholas, que, na verdade, é pai de Al. 

Ou seja, começa como suspense mas vira uma novela mexicana de sci-fi...

Assisti por cauxa da Winona Ryder, que até que tenta, mas não segura o filme, que está com média 4.9 no imdb e eu dou um 5...

Gone in the Night (2022) - IMDb


domingo, 20 de abril de 2025

O som ao redor (2012)


Eu sou fã incondicional do Kleber Mendonça Filho.

Pérola do cinema nacional, esse estava na fila para entrar aqui no blog, compondo com Aquarius, Bacurau e o excelente Retratos fantasmas. 

Entrada brasileira no shortlist do #Oscar2014, e injustamente não foi indicado, a mesma coisa com Bacurau e Retratos fantasmas. Daí se vê como tem que ter bala na agulha para fazer uma campanha como a do Ainda estou aqui.

Ele está na lista dos 100 melhores filmes brasileiros da ABRACINE. Tem muitos aqui na minha dvdteca...

Estou vendo aqui no youtube que está disponivel o documentário Bacurau no Mapa, #ficaadica.


E veja os curtas no canal dele no Vimeo: Kleber Mendonça Filho

Esse explora as tensões sociais e históricas de uma rua no Recife, e só depois em Retratos Fantasmas que vim a saber que o apartamento que aparece nos filmes é da família do diretor...

A narrativa fragmentada gira em torno da chegada de uma empresa de segurança privada, contratada pelos próprios moradores desencadeando uma série de eventos que revelam as tensões latentes entre eles.

O vampiro não entra na casa sem ser convidado...

Em tempos de milícias tomando o lugar do Estado omisso, mostra como a elitização e exclusão por meio da opressão e exploração do trabalho nos violentam todo dia.

Coloca em cena as tensões na interação entre espaços públicos e privados das nossas metrópoles, e um  ambiente de constante inquietação, tensão e desconforto que permeiam as relações de trabalho domésticas. 

Na tela donas de casa, empregadas, patrões assediadores, socialites esnobes e outros tipos que topamos diariamente, e infernizam a vida em condomínio. 

Nessa entrevista o diretor fala que viu todos os filmes do Tarantino para escrever o roteiro.

Me lembrei do Domésticas do Fernando Meirelles e a recente série Os outros

O título é materializado na trilha sonora e edição de som, que amplifica os ruídos urbanos - motores, latidos de cães e música alta.

Destaque no elenco para Maeve Jinkings, figurinha carimbada nos filmes do diretor. 

Enfim, como os outros do ditetor, é um filme que vai além do entretenimento e se torna uma reflexão profunda sobre o país, um dos mais importantes do cinema nacional contemporâneo.

Nota 8, Esse tem que estar na sua lista de já vistos.

O Som ao Redor (2012) - IMDb

sábado, 19 de abril de 2025

Adolescência (2025~)


Eu não curto coisas muito hypadas e esse é um ótimo exemplo...

Pelo tanto que estão falando parece que é a melhor série já feita sobre o assunto e sinceramente não vi isso tudo...

Nos dois primeiros episódios tirando a introdução dos personagens, fica todo mundo só andando de um lado para o outro para conseguir fazer o falso plano sequência contínuo, com as emendas que já são mais que manjadas...

E tem critico por aí falando que tem "uma abordagem estética inovadora"... 

De muitos filmes que usam esse recurso técnico bem melhor vou mencionar só um: Olhos de serpente do Brian de Palma. 

E o conteúdo que vale a pena mesmo, concentra nos dois últimos episódios, ou seja dava para ter feito a série em três ou quatro locações...

O Stephen Graham segura o elenco, mas o ator mirim principal é meia boca...

Bom vai uma listinha pra quem quiser comparar... dou nota 6.

Kids (1995) - IMDb

Mignonnes (2020) - IMDb

Os inocentes (2021)

Spring breakers x How to have sex

Souad (2021)

Las ninas (2020)

Los tiburones (2019)

Murina (2021)





Kneecap (2024)

 

A língua é minha pátria

E eu não tenho pátria, tenho mátria

E quero frátria

(Caetano Veloso - Língua)

Sensacional! Eu ia dar nota 9 mas depois da cena em stop motion teve que ser 10!!

Entrada da Irlanda para o shortlist de filme estrangeiro no #Oscar2025, mas não foi indicado e merecia muito, também para canção original.

É sobre a importância da língua como forma de resistência cultural.

Vencedor de melhor filme britânico no #Bafta2025, e ao mesmo tempo indicado na categoria de Melhor Filme de Língua Não-Inglesa, competindo com produções como Emilia Pérez e Ainda Estou Aqui, prêmio do público em #Sundance2025.

Mistura de realidade e ficção, filme biográfico fictício, inspirado na trajetória real da banda Kneecap, um trio de hip-hop de Belfast que canta em gaélico irlandês. Os membros da banda—Móglaí Bap, Mo Chara e DJ Próvaí interpretam a si mesmos no filme.

Explora a formação do grupo e sua luta pela preservação da identidade cultural irlandesa, abordando temas universais de política, juventude, identidade cultural e resistência. 

Embora seja focado no contexto eurocêntrico e a problemática política e social da Irlanda dentro do Reino Unido, inclusive os aspectos que envolvem o IRA (Exército Republicano Irlandês), explorando a luta pela identidade cultural irlandesa e a resistência contra a influência britânica, diz muito sobre a defesa dos povos originários e minorias do Brasil!!

Lembra um pouco o Trainspotting e o longa e série Snatch e os outros filmes do Guy Ritchie

Longa de estreia espetacular do diretor Rich Peppiatt, o Keneth Branagh que me desculpe mas é MUITO melhor que o Belfast

O roteiro tem uma estrutura não convencional, e a fotografia é um dos pontos altíssimos com um estilo visual dinâmico, planos cuidadosamente compostos e multicoloridos e uma montagem acelerada, que obviamente vem acompanhada de uma trilha sonora eletrizante, que consegue colocar o espectador no meio da boate.

A rejeição do filme #Oscar2025 pode ser vista como uma metáfora cruel para o que é exatamente o tema central do filme: a resistência cultural e a luta contra a marginalização. 

No filme, a banda Kneecap enfrenta dificuldades para ter sua música tocada nas rádios convencionais, pois suas letras em irlandês e seu posicionamento político desafiam normas estabelecidas. Da mesma forma, a exclusão do filme das indicações finais ao Oscar escancara o preconceito da Academia com filmes que abordam questões culturais e políticas sensíveis. 

O trio principal está sensacional, mas o elenco traz várias outras boas interpretações com destaque para o Michael Fassbender que comentei recentemente aqui pela série A agência, que nem se compara, ele está muito melhor e mais autêntico nesse filme!

Nota 10!  Kneecap - Música e Liberdade (2024) - IMDb

Disponivel em vários streamings.























segunda-feira, 14 de abril de 2025

Mickey 17 (2025)


Decepcionou.

Dirigido pelo aclamado cineasta sul-coreano Bong Joon-ho, comparado com o excelente Parasita, deixa muito a desejar... 

Ficção com viés de crítica social, mas o que Parasita tem de tenso esse tem de xarope, ele lembra muito o Não olhe para cima, parece um pouco com O 5o elemento, tenta ser uma comédia ácida, mas se perde no argumento e narrativa desorganizada e não consegue... quase que parece até com o Wall-e... só que chato.

Roteiro adaptado, a história é sobre um operário descartável enviado para colonizar um planeta gelado. Cada vez que morre, sua consciência é transferida para um novo corpo, mantendo a maioria de suas memórias. No entanto, quando Mickey 17 encontra sua próxima versão pronta para substituí-lo, um dilema existencial (que pouco é explorado...) se instaura.

O elenco dá uma segurada, Mark Ruffalo e a Tony Collete estão bem melhores que o Robert Pattinson, e o Steven Yeun nem aparece muito...

E sobra só o desing de produção dos aliens que parecem uns tardígrados gigantes.

Nota 6, não recomendo, pegue outros filmes com o elenco, menos é claro a série crepúsculo.

Mickey 17 (2025) - IMDb

Nos cinemas.


quarta-feira, 2 de abril de 2025

A última showgirl (2024)


Neta do Francis Ford e sobrinha da Sofia, a diretora Gia Coppola vai se dando bem na carreira, pelo menos no casting, não conheço os filmes anteriores dela.

Indicação de melhor atriz no Globo de Ouro p/ Pamela Anderson e de atriz coadjuvante no #Bafta2025 para Jamie Lee Curtis.

Para mim não tem comparação a Jamie Lee está MUITO melhor no filme que a Pamela Anderson. Sua performance é intensa e cheia de carisma, especialmente a cena em que improvisa uma dança no meio de um cassino. 

Roteiro adaptado de uma peça, o filme narra o final de carreira de uma dançarina veterana de Las Vegas cujo espetáculo em que está há anos está para fechar. 

De certa forma combina com outros da temporada, como A substância e Maria Callas, explorando temas como etarismo na indústria do entretenimento, objetificação feminina e a luta por identidade. 

Bom também ver o Dave Bautista que estamos acostumados a só ver no papel de fortão, interpretando bem um papel dramático.

O problema é que o roteiro investe pouco nos arcos dos coadjuvantes, além dos dois acima ainda tem a filha que acaba não tendo o tempo merecido na trama.

A fotografia também podia ser mais explorada, potencializando a atmosfera de Las Vegas cujo conceito como cidade já é por natureza fake.

Enfim vale pelas boas performances dos coadjuvantes, a principal não me impressionou muito... Nota 6.

Disponível em vários streamings.

The Last Showgirl (2024) - IMDb

terça-feira, 1 de abril de 2025

Hard truths (2024)


A verdade é dura. duríssima...

O  cineasta britânico Mike Leigh retorna vinte anos depois do sensacional Segredos e Mentiras que tem destaque na minha dvdteca, com a mesma atriz Marianne Jean Baptiste, ambos indicados ao #Bafta2025.

O filme longa segue a trajetória de Pansy, e sua família completamente disfuncional, corroída pela sua depressão e ansiedade, de níveis apocalípticos.


É a comédia inglesa no seu melhor estilo ácido, aquele que tira o riso amarelo da tragédia mais triste.

Confiram os do Ken Loach que estão resenhados aqui no blog: The old oak,  Você não estava aqui, Eu Daniel Blake. Ou os episódios das ótimas séries A liga dos cavalheiros e Inside #9 (1), (2)

Não é exatamente parecido, mas o filme mais ou menos recente que me remete é o Coringa. Aliás tem uma cena em que ela vai do riso ao choro que é bem parecida.

Pansy luta contra a depressão e uma constante sensação de insatisfação, que se refletem em suas interações com os outros. Apesar de sua inteligência e profundidade emocional, ela vive atormentada por um senso de inadequação e uma incapacidade de encontrar paz em sua rotina.

Seu relacionamento com sua irmã mais nova, Chantelle, é o núcleo emocional do filme. Chantelle é o oposto de Pansy: alegre, vibrante e otimista, ela tenta incessantemente trazer luz para a vida da irmã mais velha. Ao longo do filme, as duas navegam pelos altos e baixos de sua dinâmica, com Chantelle frequentemente enfrentando o desafio de lidar com as explosões emocionais de Pansy. 

Hard Truths também aborda temas universais, como luto, alienação e a necessidade de conexão humana. Em meio aos momentos de tensão e conflito, há instantes de ternura e humor que trazem leveza à narrativa. Esses elementos fazem do filme um retrato poderoso e profundamente humano das verdades difíceis que todos enfrentamos em algum momento.

Nota 7, recomendo só para quem gosta do humor inglês em que vc ri pra dentro e cai morto engasgado.

Disponivel prime video (com vpn).

Hard Truths (2024) - IMDb