Os Fabelmans (2022)

 

Uai, então tá né. Pode entregar o #oscar2023 para o Spielberg que esse ano, tirando Triângulo da tristeza que corre por fora e não deve nem ser indicado, e Bardo que foi indicado para fotografia, esse acaba saindo na frente na concorrência.

Em resumo, o filme autobiográfico do diretor que já foi indicado 15 vezes e ganhou 3. Então pelo menos a indicação eu cravo como líquida e certa e vai cair no gosto popular, já andou ganhando prêmios por aí.

Só que Bardo do Inarritu, que também é autorreferente é MUITO melhor.

No conjunto não me agradou muito, achei o casting da Michelle Williams errado, maquiagem terrível e o Paul Dano (Pequena Miss Sunshine) e o Seth Roth tb não ficaram muito bem em seus papéis, já o estreante Gabriel Labelle arrasou.

Mas quem mereceria até uma indicação pela fabulosa ponta é o Judd Hirsh (tio Boris).

Nas críticas que eu li menciona-se que Spielberg ficou com receio do que os pais poderiam pensar e isso transparece no filme que, embora mereça sim até ganhar, pelo padrão que o Spielberg já estabeleceu, mas dcixa uma impressão de não ser tão verdadeiro quanto poderia. 

Não é um filme ostentação, pois afinal ele não precisa provar mais nada... e deixa bem claro o que é óbivo - o amor pelo cinema se mistura e conflita com o amor pela família, particularmente o pai.

Aliás tem uma das cenas que o personagem assiste ao primeiro filme e o veredito é sinteticamente: "Falso!"

E mesmo contado com toda emoção dos demais filmes do diretor (dificil escolher um favorito - Contatos Imediatos, ET, Encurralado, Minority report, Munique?) fica bem perto de um high school movie...

A lista dos indicados ainda não saiu, ainda tenho alguns cotados na fila, estou com preguiça mas estou deixando para ver o Avatar no cinema, pelo jeito é o único que vai de fato concorrer com esse, que foi feito milimetricamente nos padrões da Academia.

Confiram aí no blog que tem comentários do Tar, She said, Os Banshees de Inisherin, Armaggeddon time.

Nota 7 mas pode entregar a estatueta.

https://www.imdb.com/title/tt14208870/

Herança (2020)

Eu gosto bastante do Simon Pegg como ator, assisti por causa dele, mas infelizmente apesar do personagem singular, ele não está tão bem neste filme e apesar de o personagem principal ter muito potencial, os outros personagens e o roteiro não ajudam.

 A sinopse é um industrial rico que morre e deixa um parte menor da herança para a filha e por assim dizer para não dar spoiler um verdadeiro  "presente de grego" dos mais sombrios.

Quando ela tenta consertar as coisas pela memória do pai, a situação piora e o desfecho do roteiro está mais para novela mexicana que para filme de suspense.

Nota 5. Não recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt7923220/

Glass Onion: Um Mistério Knives Out (2022)

 

Mesma coisa do primeiro Entre facas e segredos - bom entretenimento, bom roteiro, bom elenco, cheio de atores que já ganharam oscars - recheado de pontas e participações especiais, inclusive de atores famosos,  que acabam passando despercebidas, mas mistério, mesmo não tem...

O Hercule Poirot do Keneth Branagh (Assassinato no Expresso Oriente e Morte no Nilo)  é melhor ...

Mas vale conferir, principalmente se estiver procurando uma comédia leve - é divertido e está no top 10 da netflix.

O personagem principal me pareceu uma caricatura do Elon Musk. 

Li que o hotel da locação na grécia é o mesmo onde os atores ficaram hospedados em clima de trupe teatral que o filme consegue passar.

Tem crítica falando que é o melhor filme do ano, mas deve ser no espírito do gênero do filme, para provocar risadas...

Nota  7 - risível... mas a Netflix leva muito a sério e inclusive construiu uma mini mansão grega na estação Kings Cross em Londres para promover o lançamento do filme:

https://www.imdb.com/title/tt11564570/

https://sketchevents.co.uk/project/netflix-glass-onion/

 

 

Armaggedon time (2022)

 

Cotado nas listas para o #oscar2023, é mais um na categoria "defendo o que eu critico".

Ótimo elenco, atuações mais que competentes seja do ors concurs Anthony Hopkins e da Anne Hathaway (O Diabo veste Prada), Jeremy Strong (Succesion) e também dos atores mirins Baks e Jaylin.

Porém o filme deixa a sensação como se diz por aí de "chupar bala sem tirar o papel". 

A sinopse é um garoto judeu impertinente e rebelde que estuda em escola pública pela postura ideológica dos pais democratas de classe média alta e que constrói uma amizade baseada na afinidade pela rebeldia com um garoto negro de origem pobre. No fundo, a sua relação com o avô, que trata um câncer.

Mesmo com um ótimo argumento e bons personagens, o filme não se liberta dos clichês e não consegue dar nem voz nem visibilidade para o garoto negro estereotipado, caindo exatamente naquilo que pretendia criticar que é exatamente uma "narrativa branca". Ou talvez seja ingenuidade minha achar que o filme iria mostrar que a amizade dos meninos iria superar a distância social entre eles. 

Ou será que a mensagem seria exatamente que o desejo democrático de igualdade não passa de uma hipocrisia? É um pouco o que temos no Brasil, em que todo mundo pensa "isso não é problema meu". 

A eleição do Reagan na década de 1980 é o que conecta com as pretensões de Trump em 2022, em cujo resort aliás o nosso fascista mais votado foi passar férias e deixou uma banana para seus patriotários.

No filme o patrono da escola para onde o menino judeu é transferido é o pai do Donald Trump e a Jessica Chastain faz uma ponta espetacular como a irmã dele.

Eu não curti muito o anterior do diretor - Ad Astra. Segundo algumas críticas o filme seria uma autobiografia, se for isso então uma terapia para tratar a culpa teria sido mais barata, né.

Nota 6, fica a seu critério, mas onde eu esperava denúncia, encontrei só conformismo mesmo. 

https://www.imdb.com/title/tt10343028/

To Leslie (2022)

 

Está chegando a época de jogar na mega sena da virada e por coincidência nesta semana assisti dois filmes sobre loteria, ambos baseados em histórias reais.

Jerry e Marge tiram a sorte grande é bem leve, ao contrário deste. 

Ótimo drama, já nas primeiras cenas estabelece o contexto: uma mãe solteira vivendo em uma pequena cidade ganha na loteria, mas mete o pé na jaca e por causa do alcoolismo e em seis anos perde tudo, inclusive o filho.

Passando por botecos sujos e pela sarjeta, no fundo do poço, sem alternativa, não tendo mais a quem recorrer, ela resgata um papel rasgado onde estão anotados os telefones do filho e do irmão. As coisas continuam dando errado e ela volta para sua cidade natal no Texas onde a sua fama é a pior possível, misturando a inveja e o desprezo de todos por ter perdido tudo e abandonado o próprio filho.

Só a personagem principal e sua família já rendem ótimos personagens e o sotaque texano sempre dá uma musicalidade para o filme, mas aí que entram em cena duas inusitadas figuras para ajudá-la: o dono e um funcionário de um motel de beira de estrada, que garantem para o filme uma abordagem profundamente humanista do quanto é realmente possível ou não mudar a vida se quisermos.

Talvez por ser uma história de fracasso, que de uma maneira ou outra em algum momento todos enfrentamos ou conhecemos alguém que já fracassou, tem uma potência tocante acima da média.

A atriz principal Andrea Riseborough (Oblivion) está impecável e mereceria uma indicação para o #oscar2023, mas não virá pois o filme não está muito sob holofotes. Não é fácil interpretar bem uma mãe alcóolatra que luta para sair dessa condição, e ela faz isso muito bem.

O diretor Michael Morris tem no currículo direção e produção de várias boas séries, como Better Call Saul e House of Cards. Aqui ele também faz um trabalho muito competente, o filme tem muitos pequenos detalhes no texto e locações.

Nota 9, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt8129806/

Jerry e Marge tiram a sorte grande (2022)

 

Do mesmo diretor de O diabo veste Prada, ótimo elenco, comédia leve com um bom roteiro.

Estrelando Brian Cranston (Braking Bad) e Annete Banning (Beleza Americana) com um ótmo elenco coadjuvante, com destaque para o Michael MkKean (Better call Saul) e Rainn Wilson (The office).

O filme é "livremente"baseada em fatos reais e conta a história de um casal de aposentados Jerry e Marge Selbee que de maneira totalmente legal lucraram mais de 130 milhões de reais (26 milhões de dólares), apostando na loteria estadual Windfall, ao longo de uma década, cruzando seis estados americanos para apostar e transformaram a vida da pequena cidade de Everett no estado de Michigan.

A "sorte" do casal foi baseada em um bom conhecimento de matemática, pois a loteria parecida com a sena pagava prêmios para 5, 4 e 3 acertos. Eles chegaram a criar uma empresa para fazer as apostas, recolhendo todos os impostos.

O esquema completamente legal foi interrompido após uma investigação da receita federal que nada encontrou de ilícito, depois de eles terem comprado 18 milhões de bilhetes, com um lucro líquido de certa de oito milhões de dólares. Eles ainda mantém guardados para auditoria cerca de 60 toneladas de bilhetes.

Nota 8, recomendo! 

Disponível no Paramount Plus.

https://www.imdb.com/title/tt8323668/

Men (2022)

 

Eu sou muito fã da Jessie Buckley, em A filha Perdida e Estou pensando em acabar com tudo ela arrasou e neste mais uma vez está ótima e o Rory Kinnear fazendo vários papéis mereceria até uma indicação para o #oscar2023.

Porém é o tipo de filme que ou se ama ou se odeia, eu gostei muito mas acho que muita gente vai odiar.

Pra começar é mais um bom filme lançado pela #A24 em 2022, é um filme de suspense / terror fora da curva padrão do gênero. 

A sinopse é uma jovem viúva que aluga uma casa no interiorzão da Inglaterra para tentar se curar do trauma da morte de um marido abusador, e o filme descasca todas as camadas que se possa imaginar em torno disso, sendo um filme de terror.

Ele lembra um pouco o Mãe do Aronofski.

O diretor é o mesmo de Ex Machina. 

Bom roteiro com atuações muito competentes, e problematiza, com as matizes do gênero terror, a temática da culpa feminina e o domínio e opressão masculinos impostos por uma sociedade machista fundamentalista cristã.

Uma das questões mais interessantes é exatamente como a personagem lida com os seus medos e traumas, na busca de tentar superá-los

Apesar de ter muitas metáforas bem explícitas - e esse é o ponto que muita gente não vai gostar - o filme, assim como o do Aronofski é bem aberto e deixa para o próprio espectador imaginar algumas explicações possíveis para o que está acontecendo, por exemplo, como acontece a morte do marido.

Outros elementos como esculturas e poemas que estão no filme são quase como "easter eggs" sobre o tema e só mesmo com um repertório cultural bem extenso é que o espectador pode percebê-los. No meu caso só sei disso porque assisti alguns vídeos sobre o filme.

A parte final é bem bizarra, e parte para o terror corporal de uma maneira bem desconfortável. Apesar de ser a parte mais metafórica sobre a fertilidade feminina e masculina e a sua relação com a condição humana, punção de vida e de morte, inclusive a maneira como os homens se apropriam inclusive da maternidade.

Os vários homens interpretados pelo ator Rory Kinnear se encaixam muito bem nos simbolismos que o filme joga na tela, particularmente o personagem do padre, mas também o do policial, o solteirão, o adolescente, enfim os diferentes homens que pela ótica do filme se equivalem e só aceitam das mulheres um tipo de amor que se expresse em submissão.

Nota 9, recomendo, mas só para quem tolera cenas de horror corporal e consegue pensar na possibilidade de que tudo que fomos ensinados sobre a naturalidade do poder patriarcal pode estar errado.

https://www.imdb.com/title/tt13841850/ 

Disponivel no itunes e google play.

 

 

 

 

Tár (2022)

 

Bom filme, está cotado nas listas para o #oscar2023, mas acho que não merece, nem mesmo para melhor atriz.

Sou fã  da Cate Blanchett e nesse novamente ela está muito bem e competente, mas não é o melhor trabalho dela.

A sinopse gira em torno de uma maestrina fictícia mas bem realista (o termo é discutido no filme) -  Lydya Tár, retratada como uma artista genial -  a primeira mulher a reger a filarmônica de Berlim.

Reserva uma catarse para quem estiver acostumado com disputa de poder em espaços meritocráticos - como a Universidade, por exemplo - e que por vezes podem ser bem injustas e gerar inimizades para toda a vida.

O filme começa bem lento e chato, com diálogos compridíssimos em monólogo para a atriz principal, mas à medida que os outros personagens vão sendo introduzidos o ritmo melhora, mas o final sai novamente do andamento, é bem abrupto e tem uma resolução pós clímax que seria francamente desnecessária ou poderia ser mostrada de outra forma.

Em comparação com She said, que também anda frequentando as listas, é bem melhor ao tratar o tema de gênero e poder.

Pelos motivos acima ele é quase interminável - 2h30... não é para o público médio que busca entretenimento leve. É tão comprido que apresenta os créditos antes de iniciar!!

E deixa no ar a pergunta: quanto do sucesso depende da genialidade e quanto depende do egoísmo e da ambição? Quais os limites da manipulação de tudo e todos por interesse? Inda mais no mundo da música erudita que junta os pântanos da academia com os da arte...

Por isso merece minha nota 7 a 8, mas não acho que vai ser o melhor da temporada.

https://www.imdb.com/title/tt14444726/

Os banshees de Inisherin (2022)

 

 Tá certo que filmes sobre amizade entre homens  geralmente tratam o tema de uma perspectiva machista, na pior das hipóteses sexista, e é raro aparecer um que vai além disso, mas daí a indicar esse para oito #goldenglobe2022 achei exagero...

O maior mérito do filme sem dúvida é a fotografia belíssima, e a atriz principal Kerry Condon rouba a cena e até mereceria uma indicação para melhor atriz no #oscar2023.

 Colin Farrel vai para as listas do #oscar2023, mas achei que está muito melhor em After Yang.

Mas o roteiro não alcança o nível de filmes anteriores do mesmo diretor como Três anúncios para um crime que foi indicado a sete e ganhou duas estatuetas ou Sete Psicopatas que comentei aqui no blog.

Para não dar spoiler, resumo como "dois amigos vivendo em uma remota ilha da Irlanda que brigam sem motivo e com graves consequências".

Nessa temática alguns melhores que me lembrei são: Os intocáveis, Um sonho de liberdade e Antes de partir. Até mesmo O Clube da Luta talvez se encaixe na lista.

 Nota 6. 

https://www.imdb.com/title/tt11813216/  

Disponível nos cinemas.

Ela disse / She said (2022)

 

 Produção do Brad Pitt está listado no termômetro para o #oscar2023.

O tema é assédio, o filme é sobre o caso  Harvey Weinstein que gerou o movimento #metoo.

Comparado com Bombshell que concorreu ao #oscar2020, achei esse pior.

E para ser bem sincero acho que cai no mesmo problema de vários outros que já comentei por aqui: o filme acaba reforçando os preconceitos que queria combater, pois o tempo todo tanto as repórteres tem que prestar contas e pedir autorização para os editores chefes...

Achei que erraram feio no casting, as duas principais Careuy Mullingan e Zoe Kazan não emprestam às repórteres que representam a paixão que poderiam imprimir, pelo contrário, no conceito acima, as famílias no plano de fundo são mostradas como elementos vitimizadores e fragilizadores, o sentimento de culpa da mulher ao abandonar a família para atender ao trabalho não é explorado como poderia, passa meio batido e acaba normalizando algo que não deveria.

Até a Patrícia Clarkson que adoro da série A Sete Palmos está bem apagada, mesmo com um papel importante.

Surpreendentemente quem brilhou ofuscando até mesmo a Ashley Judd que representa a si mesma é a Samantha Norton (Alfa, walking dead) e em uma ponta de menos de cinco minutos dá um show.

Em vários momentos o texto pergunta "você acha isso normal?" mas não consegue ser um manifesto feminista com a potência que poderia.

Os bastidores de uma redação de jornal também  são um tema recorrente em Hollywood, o Spotlight ganhou dois #oscar2016 com um tema parecido e o The Post do Spielberg foi indicado ao #oscar2018.

Nota 6.

https://www.imdb.com/title/tt14807308/

Nope / Não olhe (2022)

 

Bom filme, mesclando ficção científica com suspense. Porém quem nasceu para Jordan Peele jamais chegará a Spilberg. Nesse gênero há outros melhores como Fogo no Céu e o clássico Contatos Imediatos.

Não gostei muito dos dois anteriores do diretor,  Nós e Corra!, especialmente esse último tomei ranço do ator Daniel Kaluuya, não achei que mereceu o #Oscar2018 de melhor roteiro.

A brasileira Gabriela Amaral manda bem melhor.

Achei esse melhor, tanto no conjunto como também na performance do ator, talvez porque ele faz um personagem que fala pouco.

O roteiro vai razoável e prende a atenção, até um pouco mais da metade, quando revela a trama, aí piora bem e no final cai no lugar absolutamente comum.

Paralela à história principal narra-se o arco do personagem Júpiter, feito pelo Steven Yeun (Walking Dead) que deixa muito para o espectador a tarefa de fazer a conexão com a temática da sociedade midiática de espetáculo , acaba ficando perdida no segundo plano, só mesmo quem é mais atento que vai relacionar isso com as atitudes dos personagens na história principal. 

Num terceiro ou quarto plano, fica talvez uma crítica social, referindo-se às classes sociais que são domadas e domesticadas. E à sociedade imagética no personagem do diretor que filma imagens impossíveis com câmeras rodadas manualmente.

Ficou um pouco parecido com os filmes do Shimalan.

Mesmo assim o design de som e os efeitos modestos funcionam bem, a fotografia principalmente nas cenas escuras está bacana e o resultado merece uma nota 6.

https://www.imdb.com/title/tt10954984/ 

Disponivel apple, google, amazon e youtube.

Chorão Marginal Alado (2019)

 

Nunca curti nem o artista, nem a banda mas gosto de cinema e curti esse documentário.

Nada de especial, somente é bem feito e por meio da montagem adequada das entrevistas e trilhas, consegue de certa forma emocionar mesmo ao espectador que não é fã, que é o meu caso.

É uma questão de achar o tom correto para contar a história de um rock star brasileiro, e acho que os mais novos vão gostar até mais, já que hoje em dia tem bem mais gente sonhando em ser rock star ou qualquer coisa star, desde que tenha muitos seguidores.

Nota 8, recomendo.

Está disponível no youtube:

Gloria Bell (2018)

  

Eu sou muito fã da Juianne Moore, mas já não havia curtido o anterior desse diretor, o Desobedience.

E também acho o ó do borogodó os diretores latinos fazerem remakes em inglês. Os casos que mais me revoltam é o ótimo Abre tus ojos refilmado como Vanilla Sky e o Nueve Reinas que quando a internet era por carroça mandei buscar na Argentina e refilmaram como Crminal, mas tem monte por aí.

Nesse caso não vi o original de 2013, mas desconfio que a atriz não deve ter trazido tanto vigor para o filme que sinceramente não me convenceu. Nesse caso ela que pediu para o diretor refilmar e produziu. Aí também ate eu deixaria refilmar.

Surpreendentemente achei o John Turturro fora da sua zona de conforto até melhor que a principal.

A sinopse é uma mulher divorciada que tenta fugir da solidão e mudar de rumo, depois de criar os filhos e se separar.

Pode ser que entendi tudo errado, mas como em outros casos que já comentei por aqui é daqueles que acabam reforçando as questões que queriam combater...

Então na tela vemos as dificuldades de uma mulher divorciada na 3a idade, mas cada passo da história mostra a personagem tentando se adaptar e abrindo mão de si mesma, para terminar... como começou.

Em geral gosto muito de drama, mas esse me deixou muito incomodado de ver o personagem dando voltas e voltas e quando vê o tempo passou. Será que é catarse???

Pelo menos salva a trilha sonora, com as letras escolhidas a dedo para encaixarem no contexto.

Ainda não assisti Uma Mulher Fantástica que ganhou oscar de melhor atriz mas pelos dois primeiros fiquei meio desanimado.

Nota 6.

https://www.imdb.com/title/tt6902696/

 

 

Um dia de chuva em NY (2019)

 

Bom romance,  tudo dentro do padrão do Woody Allen. 

Alguns dele que já comentei aqui no blog, por ordem cronológica:

https://caixadepandeiros.blogspot.com/2021/06/blue-jasmine-2013.html

https://caixadepandeiros.blogspot.com/2021/08/cafe-society-2016.html 

https://caixadepandeiros.blogspot.com/2021/06/rifkins-festival-2020.html

 

Me repetindo, vc já sabe o que vai ver desde o início e mesmo assim termina o filme satisfeito.

Esse foi cercado por denúncias de assédio nos bastidores, mas aparentemente, apesar de quase terem prejudicado o lançamento do filme, não levantaram tanta poeira como em outros casos recentes, mas fica a mancha que denuncia o movimento #metoo.

O roteiro é o mesmo de todos os outros: namoricos e metacinema com Nova Iorque no fundo, com as mesmas virtudes e defeitos dos outros também, mas nesse caso a nota acaba sendo menor porque faltou elenco. Destaque surpreendente talvez para a eterna teen Selena Gomes um pouco fora do seu quadrado convencional.

Recomendo mesmo para quem gosta de romance ou da obra do diretor, pois as pequenas diferenças sutis entre os filmes dele não são suficientes para me tocar de um jeito diferente de um para o outro e sempre tenho a impressão de já ter visto o filme.

Nota 7.

https://www.imdb.com/title/tt7139936/

 

 

Triângulo da tristeza (2022)

 

Desde o meio do ano que eu estava com esse filme na fila.

Palma de Ouro em #Cannes2022, sendo que o diretor Ruben Ostlund ganhou em 2017 com seu filme anterior Square - a arte da discórdia, no qual dei nota 6 no imdb...

Vencer Cannes uma vez é difícil, mas vencer duas seguidas é mais, né. Li boatos que o filme foi inicialmente recusado no festival.

Esse também é do tipo que as pessoas gostam ou odeiam - inclusive os críticos...

O filme usa o exagero ao extremo para provocar aquele riso nervoso e amarelo sobre aquilo que constrange - como o vencedor do Oscar Parasita - eu gostei, mas o filme chega a ser chato por excesso de ironia e não mudar de assunto. E dura quase 2h30.

Mas nem de longe é um filme para relaxar, pelo contrário, ele exagera na intenção de incomodar, é como aquela piada ruim e politicamente incorreta que te deixa pensando.

A história acompanha um casal de jovens modelos - a atriz principal Charlbi Dean morreu repentinamente em agosto último. 

Já abre chutando a santa com uma ótima a sequência de seleção de modelos masculinos, e vai até o final falando e mostrando explicitamente, sem metáforas ou rodeios, o discurso a que se propõe: os super-ricos não tem escrúpulos morais e agem como se o dinheiro pudesse comprar tudo - e todos, enquanto falam dos ideais modernos de igualdade, fraternidade e liberdade.

A cena seguinte segue com o desfile de moda, onde os outros muitos temas que estão em segundo plano já são apresentados: hipocrisia, gênero e poder, consumo, conflito de classes.

A seguir o espectador entra na natureza da relação infantilizada e excêntrica do casal, que está mais para um acordo comercial que para um namoro - onde tudo é fotografado em mil poses "instagramáveis" e laconicamente falsas.

Eu fiquei bastante impressionado de ver como o noivo da atriz defunta na vida real se parece com o personagem do filme...

Mas a principal parte do filme se passa em um cruzeiro de luxo, onde os demais personagens caricatos ao extremo  - de um russo que se intitula vendedor de bosta (quem mandou invadir a Ucrânia) a um casal de velhinhos fabricantes de granadas- chegam na tela, sendo que a narrativa se estrutura comparando as rotinas do grupo de passageiros ricos com as do grupo de funcionários que trabalham no navio.

E é no jantar com o capitão alcoólatra e militante marxista, em meio a um mar revolto (será que ele pretendeu citar A Tempestade?)  que muitas cenas vão talvez tentar representar literalmente "o mal estar da civilização", em meio a uma espécie de batalha de rap com citações de autores clássicos à esquerda e à direita,  até o desfecho no capítulo final, que não vou comentar muito aqui para não dar spoiler, mas o trailler já entrega, onde os personagens literalmente despidos de suas máscaras assumem a sua verdadeira  natureza animal e selvagem.

O final é aberto, do tipo que o espectador tem que decidir o que aconteceu, o que também acredito que vai desagradar a muitos. 

Ainda mais nesse Brasil conflagrado, sem dúvida não vai fazer sucesso.

Mas eu dou nota 9, então cuidado e assista por sua conta e risco. Por o dedo na ferida dói!

Se tiver estômago forte, veja junto com Nuevo Orden. 

 

https://www.imdb.com/title/tt7322224/

 

 

Resident alien (2021-)

 

Enlatado por enlatado, esse é xarope e pelo menos garante algumas risadas.

Sitcom americana até o talo, mas com um bom argumento adaptado dos quadrinhos e o ator Alan Tudik segura a série com uma comédia física acima da média dos enlatados.

A sinopse é um alien que fica preso na Terra e acaba sendo obrigado a se misturar com os locais de uma cidade caipira nos EUA. No primeiro episódio ele mata o médico da cidade e acaba tendo que tomar o lugar dele (com o poder de se transformar). Aos poucos a série vai revelando que a missão dele era destruit o planeta, mas com a convivência com os humanos, ele começa a ter dúvidas.

A comédia vem do esforço dele para entender o comportamento e as conexões entre as pessoas e tentar se adaptar #catarse. Boa parte do humor vem da falta de noção e de filtro, dizendo a pacientes com câncer que vão morrer em alguns dias ou abrindo um caixão no meio do velório para lamber o morto. 

O pano de fundo são as incongruências entre a razão e a emoção e o afastamento do personagem também dá oportunidade para colocar de uma forma leve questões melindrosas dos muitos tabus e preconceitos que rondam as relações humanas. 

O fato de ter sido lançada durante a pandemia talvez explique porque a série foi bem recebida pelo público e pela crítica, estreando uma segunda temporada e sendo renovada para uma terceira.

Destaque também para a participação da Linda Hamilton, eterna Sarah Connor (exterminador do futuro).

Nota 8, recomendo!

https://www.imdb.com/title/tt8690918/

Canal Syfy. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

The unbearable weght of massive talent / O peso do talento (2022)

 

Esse filme está para o cinema assim como o Carlos Alexandre está para a música brega.

É tão exagerado, mas tão exagerado que o resultado é bom. Costumo citar como exemplo o Schwarzenegger pulando do avião e saindo correndo.

Bom filme, bom entretenimento, especialmente para quem é fã de filmes de ação e gosta do Nicolas Cage.

É uma espécie de resenha bem humorada da carreira do ator, tirando sarro dos piores momentos e ressaltando os pontos altos p. ex. dirigido por Scorcese ou De Palma.

A sinopse é o ator interpretando uma versão ficcionalizada dele mesmo, com direito a múltiplas autorreferências, fórmula que já foi utilizada por outros atores do gênero ação como o Steven Segal e Jean Claude Van Damme com resultados bem piores.

Tem momentos que o roteiro e montagem derrapam, sobra cena de carro correndo e tiro falso, mas a dupla com o Pedro Pascal funciona perfeitamente, mesmo nos momentos que eles estão extremamente caricatos. Há uma cena com Cage fazendo Cage fazendo um mafioso italiano caricatura do Marlon Brando...

Nessa linha sem dúvida uma sequência deliciosa são os filmes The Trip to... com os atores ingleses Steve Coogan e Rob Brydon interpretando a si mesmos.

Na sinopse um Nick Cage em decadência sem conseguir papéis e em crise na família topa fazer uma presença por um milhão na festa de aniversário de um milionário espanhol interpretado pelo Pascal, fã colecionador de itens usados nos filmes do ator. A fortuna vem do tráfico de drogas e na viagem para Maiorca (que rende boas locações para as perseguições de carro...) Cage acaba cruzando com a CIA que está tentando prender o traficante.

Corajoso, pois o melhor humor sempre anda em cima da lâmina muito fina do ridículo e ele consegue se equilibrar em cima da faca.

Ou seja,  um bang bang xarope brega da melhor qualidade. Vai para o trono ou não vai???

Nota 7, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt11291274/

Amsterdam (2022)

 

 Elenco e aparência grandiosos para um resultado francamente modesto...

Destaque para o Christian Bale que se esforçou muito e deve pegar uma indicação para o #Oscar2023.

E a trilha sonora também vá lá, merece.

Mas se vier para a Margot Robbie ou qualquer outra indicação para o filme será por conta do viés comercial do oscar, pois o filme deixa um pouco a desejar em termos de roteiro e principalmente de montagem, com várias cenas repetidas, duvidando da capacidade do espectador...

O design de arte lembra um pouco os filmes do Wes Anderson, tem vários comentados aqui no blog. Se bobear é imitação barata mesmo...

Mas o filme acaba perdendo a mão, mesmo partindo de um argumento não muito original mas sempre interessante do amor ou amizade em um triângulo amoroso. E emperra com uma comédia dramática fechada em si mesma.

No caso os três amigos - dois homens e uma mulher - se conhecem durante a Primeira Guerra, vivem o seu affair por um período depois da Guerra em Amsterdam e voltam a se encontrar na década de 1930, a partir de uma trama envolvendo um assassinato.

Infelizmente, apesar de atuações muito competentes de todo o elenco, o roteiro não cola nem decola, e não alcança outras produções parecidas como Silver Linings Playbook,  Os sonhadores, Lendas da Paixão.

As outras "estrelas" como  Rami Malek, Chris Rock e o Robert de Niro acabam ficando ofuscados no roteiro confuso. E na hora que o filme levanta alguns temas legítimos como fascismo e racismo, provavelmente o público já desviou a atenção...

Se pensar bem é um papel bem parecido que o C Bale interpretou no bom Trapaça, pelo qual foi indicado melhor ator - o filme foi indicado em dez categorias e não ganhou nenhuma... Na verdade o Silver Linings e o Trapaça inclusive são do mesmo diretor David Russel.

O antigo seriado nacional Armação Ilimitada resulta melhor.

Pena para os produtores, pois deve ter custado bem caro...

Recomendo, nota 7.

https://www.imdb.com/title/tt10304142/

Prey (2022)

 

Tudo de novo a mesma coisa igual outra vez, salvo engano pela sétima vez...

Volta à proposta original da franquia, dessa vez caçando os indígenas comanches no século 18...

E é só isso mesmo.

Nota 5. Dispensável.

Causeway / Passagem (2022)

 

 Eu gosto muito dos filmes da distribuidora A24, tem vários comentados aqui no blog.

Esse ficou dentro do padrão, não é nenhuma brastemp mas a boa atuação do casal principal e o bom roteiro valem a conferida.

A sinopse é uma veterana de guerra que volta pra casa com uma lesão cerebral e tem que se readaptar, inclusive à própria família e reaprender a fazer tarefas simples sem falar dos traumas pesados.

Ela volta para a pequena cidade natal onde conhece um mecânico não menos marcado pela vida, de muitas formas.

Desse compartilhamento de traumas e sofrimento nasce uma relação entre a amizade e o amor.

É o filme de estreia da diretora e chega abordando de forma direta, explícita, aberta e sincera muitos temas que podem ser considerados bem delicados, de gênero, etnia, classe social e outros mais.

A performance dos atores é boa mas o roteiro permitiria ir bem mais além, eles estão muito bem mas parece que ficou faltando um trabalho mais visceral de preparação de atores, como por exemplo no nacional Cidade Baixa.

Ele aparece como "na reserva" na lista do site termômetro oscar para o #oscar2023.

Nota 7, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt10192406/

Salyut 7 (2017)

 

Em geral as produções russas do gênero ficção científica são boas, porque contam mais com um bom roteiro do que com muitos efeitos especiais.

Esse é mais um bom exemplo disso, história bem contada, e sem deixar nada a desejar com relação aos clichês de Hollywood em termos de efeitos. 

É interessante de vez em quando ouvir a narrativa de salvar o mundo, em russo.

Baseado em fatos reais, o filme narra acontecimentos da missão Soyuz 13 de 1995, que teve como objetivo salvar a estação espacial que dá nome ao título, tendo passado a história como uma das grandes realizações russas em termos de corrida espacial.

Nota 6, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt6537238/ 

Vesper (2022)

 

Belo filme! 

Ficção científica russa com direção de arte muito refinada e conceitualmente coerente do início ao fim. 

A sinopse é uma menina que luta para sobreviver num cenário pos-apocalíptico, com o seu pai acamado, que interage com ela por meio de um drone - referência explicita ao filme Náufrago. Ela resgata uma enigmática mulher perdida na floresta após um desastre aéreo e negocia com ela por um acesso a uma "Cidadela" onde a elite da sociedade sobrevive mais confortavelmente.

O mais bacana do filme é o design das biomáquinas. O conceito  é um pouco parecida com a da série Alien, mas onde nessa referência tudo é negro, aqui tem um pouco mais de cor. 

Conversa bem com outras produções recentes do gênero como Contos do Loop. É mais um exemplo interessante de como o gênero ficção tem uma roupagem diferente nas produções russas, nesse caso mais independente, como em Coma e Salyut 7.

Me remeteu diretamente aos desenhos do Moebius. 

E a belíssima composição dos cenários ofusca completamente o roteiro mediano.

Design da mesma dupla que fez o ótimo e psicodélico Aurora / Vanishing Waves. 

Enquanto escrevo essa resenha ocorre a COP 27 no Egito, falando-se muito - e só se falando - sobre o futuro do planeta. Esse filme tem um pouco a ver com isso também.

 Nota 8 - Recomendo!!

https://www.imdb.com/title/tt20225374/

 

  

  

  

    

  

Aurora / Vanishing Waves (2012)

 

Resgtando aqui uma resenha que postei no face em 2016 para deixar de referência no recente e recomendado Vesper:

O mais louco dos filmes de ficção franco-belga-lituanos que eu já vi! 

Sabe aquele sonho erótico maluco? Está lá. 

E aquele outro em que vc corre como desesperado e não sai do lugar? Está lá também. 

Inclusive aquele com um inseto colorido. Para agradar a qualquer fã do David Lynch. 

Fantástico, literalmente.

https://www.imdb.com/title/tt2208216/