Arizona nunca mais (1987)

Um dos melhores da #maratonacoen, confiram os outros comentados aqui no blog com essa hash.

Filme bom não envelhece. É o caso desse clássico dos irmãos Coen, que fez 35 no ano passado.

Estreladao por Nicolas Cage e Holly Hunter, impagáveis em seus papéis e uma ótima ponta da Francis McDormand O filme conta a história de um casal que, incapaz de ter filhos, decide roubar um dos quíntuplos de uma família rica. A partir daí, eles se envolvem em uma série de situações absurdas e perigosas, perseguidos por um caçador de recompensas, dois criminosos - Gale (John Goodman) e Evelle (William Forsythe) - e o pai dos bebês. 

Acho um dos melhores dos irmãos, particularmente prefior os mais sombrios, mas esse merece ser visto exatamente pelo bom humor negro e originalidade e marcado pelo estilo visual dos irmãos, misturando tiros, aventura e romance e os enquadramentos e ângulos não muito usuais que ressaltam a atmosfera bizarra.

Essa é uma marca bem distinta dos outros que vc pode conferir aqui no blog com a hash #maratonacoen

A trilha sonora como em vários outros dos Coen, é composta por canções country que reforçam o clima caipira do filme.

Nota 8, recomendo!!

https://www.imdb.com/title/tt0093822/ 

Um filho (2022)

 

Qual o meu gênero favorito? Tragédia.

Esse filme não tem nada mais do que isso. Por isso que gostei, se vc não gosta de filme perturbador, angustiante e pesado, não assista...

Esse é o meu gênero ideal: começa ruim e vai piorando, piorando e termina sem final feliz.

De certa forma faz um contraponto interessante com os bons e recentes Meu Pai e A filha perdida, mas também o Falling.

Ótimo elenco, nos papéis principais o Hugh Jackman e Laura Dern que para mim já entrou para as top 5 faz tempo por causa dos filmes do David Lynch. Como ótima coadjuvante a Vanessa Kirby ( Pieces of a Woman). E de quebra uma ótima ponta do Anthony Hopkins como avô.

Indicado a melhor filme em #Veneza2022. Mais uma ausëncia no #oscar2023, o Hugh Jackman foi indicado para melhor ator no #Goldenglobe2023, sem dúvida um ponto alto na carreira dele.

Poém o ator Zen McGrath que faz o pepal principal ficou aquém do ótimo personagem e deixou um pouco a desejar.

Bom roteiro,  roteiro é adaptado de uma peça homônima, é um drama familiar que explora as consequências devastadoras da depressão, do suicídio e da traição. 

O filme conta a história de Peter (Hugh Jackman), um advogado bem-sucedido que tem sua vida tranquila com sua nova esposa Beth (Vanessa Kirby -) e seu bebê recém-nascido abalada pela chegada de seu filho adolescente Nicholas (Zen McGrath), fruto de seu casamento anterior com Kate (Laura Dern). Anthony Hopkins faz uma breve aparição como avô paternno, igualmente cruel e ausente na infância do pai.

Nicholas é o adolescente em conflito que sofre uma profunda crise existencial e se recusa a frequentar a escola ou a se comunicar com seus pais. Peter mal conhece o filho que abandonou para viver um caso extraconjugal.

Da tentativa de reaproximar e ajudar o filho só resulta mágoa e sofrimento, para todos os envolvidos, expressa em silêncio, dor, revolta e violência.

A fotografia é bem legal,  contrastando os ambientes frios e modernos de Nova York com os tons quentes e acolhedores da casa de Peter. 

Trilha sonora do Hans Zimmer, coroando a produção muto cuidadosa do filme. 

Nota 8, recomendo só para quem dá conta de refletir em tanta ferida e sair (mais ou menos) ileso.

Disponivel google play.

Um Filho (2022) - IMDb

Funny pages (2022)

A produtora A24 papou tudo no #Oscar2023 e procuro sempre acompanhar os lançamentos deles, mas esse me decepcionou.

O trailler é uma verdadeira propaganda enganosa, fiquei achando que o filme era uma comédia, mas ainda que tente ser, o adjetivo que me ocorre para caracterizá-lo é "escroto".

O que talvez talvez tenha sido mesmo a intenção dos realizadores...

A sensação que eu tive é de estar vendo uma revista MAD transposta para a tela.

Caso vc não conheça, a revista MAD era uma publicação de humor que satirizava diversos aspectos da cultura popular, como filmes, televisão, política, celebridades e quadrinhos. Veja na wikipedia

O roteiro e os personagens são ruins, bastante clichês. O filme tenta retratar a jornada de um adolescente cartunista que rejeita o conforto da vida suburbana em busca de sua alma. Ele abandona a escola e a família para se aventurar no mundo dos quadrinhos, mas não demonstra nenhum talento ou paixão pela arte. Ele se envolve com um inquilino homossexual e um ex-colorista de quadrinhos mas não há nenhuma química ou desenvolvimento entre eles. 

Acaba que o filme também não explora bem o universo dos quadrinhos, que poderia ser um elemento interessante e divertido.

Aí a narrativa fica arrastada, a fotografia é escura e sem vida, a trilha sonora é genérica e a montagem é confusa e desordenada. Ou seja uma "bomba".

Pena pois o ator principal é um jovem de carreira promissora em Hollywood. Na ótima série Contos do Loop ele estava muito bem. 

Nota 3, não recomendo.

Disponivel Google Play.

Funny Pages (2022) - IMDb

Murina (2021)

Premio câmera de ouro de melhor estreia em #Cannes2021. Produção do brasileiro Rodrigo Teixeira com o Scorcese!

Bom filme, explorando temas como o abuso familiar, o despertar sexual e a identidade feminina.

A sinopse uma adolescente que vive em uma ilha isolada com seu pai extremamente autoritário e controlador e sua madrasta submissa. Quando um amigo do pai, convidado para comprar um terreno, chega para passar alguns dias, se instala uma atmosfera de sensualidade tensa e tóxica, que dura todo o filme.

Entre a sedução, a paixão, a revolta e a opressão, ela vislumbra a vida que poderia ter fora da ilha.

A presença do estrangeiro sedutor perturba as relações familiares e desencadeia uma série de eventos que testam os limites da estrutura patriarcal em oposição ao dinheiro e à moral cristã. O filme é repleto de símbolos potentes e as performances do elenco são convincentes e ambíguas.

Parte das cenas é submarina, reforçando toda a parte da comunicação não verbal e também aquilo que não é dito mas é explicito o tempo todo.

Bom roteiro, na linha tênue do verso e reverso das emoções, como amor e ódio, desejo e repulsa, vida e morte, só não gostei muito do final, achei que não resolveu a trama.

Nota 7, recomendo.

https://www.imdb.com/title/tt8434110/

Exibido na mostra SP.

Criaturas do Senhor (2022)

A A24 papou tudo no #Oscar2023 com Tudo em todo lugar ao mesmo tempo e A Baleia, e no ano que vem vai arrebentar com esse.

Estreado em #Cannes2022, ótimo drama, tragédia pesada, quem me conhece sabe que é meu gênero favorito. Começa com um afogamento e segue só na tensão no frio e na neblina.

Falando assim parece meio filme de terror mas não é. A tensão é toda psicológica, rendendo um drama da melhor qualidade.

Sinceramente, bem melhor que Os Banshees de Inisherin. 

Achei o Paul Mescal bem melhor nesse que no Aftersun. Atuação perfeita também da Emily Watson, duas vezes indicada ao Oscar.

Fotografia deslumbrante, belíssima, é difícil fazer um filme predominantemente  escuro ser tão bonito.

O filme conta a história de Aileen, uma mãe de família de uma pequena vila de pescadores da Irlanda - aí já me pegou pela trilha (veja o link abaixo), que é confrontada com o dilema de proteger seu filho ou seguir sua consciência moral quando ele se envolve em um crime. 

Bons personagens, densos e complexos, o avô com demência, o pai já sem relevância na família, a irmã mãe solteira e um dos melhores complexos de Elektra na tela dos últimos tempos.

O filme vai com um aquele clima gostoso,  atmosfera cinza, fria, tensa e sufocante, que vai só piorando e termina sem final feliz - adoro.

Nota 9!! Recomendo!!

https://www.imdb.com/title/tt10375396/

Nos cinemas.

Ouça a música dos créditos que representa bem a trilha do filme:

E cá entre nós - a Emily Watson é ou não é super parecida com o Gary Oldman? Um filme desse tipo com eles fazendo papel de gêmeos malvados seria sensacional!!!

Na roda da fortuna (1994)

Seguindo com a #maratonacoen, veja os outros que postei aqui no blog buscando essa hashtag.

O Tim Robbins talvez seja mais famoso pelo filme Um sonho de liberdade mas o meu favorito com ele com certeza é O suspeito da Rua Arligton.

Ótimo elenco com destaque para o Paul Newman e a (Jennifer Jason Leigh que recentemente arrasou na série Atypical.

Parceria dos Coen com Sam Raimi. O filme conta a história de Norville Barnes, um jovem ingênuo que chega a Nova York com o sonho de trabalhar em uma grande empresa. Ele é escolhido para ser o presidente de uma grande empresa, manipulado por um executivo que quer dar o golpe. No meio desse argumento insosso tem a  invenção do bambolê até a intervenção de anjos da guarda.

Assim como outros dos Coen o filme trata com sarcasmo o mundo dos negócios e a cultura americana dos anos 50, vale conferir pela direção de arte caprichada e sempre a trilha sonora é boa nos filmes dos Coen.

Não é o meu favorito, mas mesmo puxando mais para o gênero comédia, traz a marca dos irmãos, com um roteiro não totalmente convencional.

Nota 7.

https://www.imdb.com/title/tt0110074

Senhor ninguém (2009) / Carlo Rovelli: o tempo não existe

 

Ótima ficção científica, bom argumento, bom roteiro, boa fotografia e trilha sonora, indicado ao leão de ouro em #Veneza2009.

Um dos melhores que já vi sobre memória e esquecimento, convida a refletir sobre o sentido da vida, o livre-arbítrio e o destino.

O problema do filme é a montagem, ficou muito comprido, 2h21min, dava para enxugar bem, sem prejudicar em nada.

A nota dele no imdb é merecidamente alta - 7.8. O roteiro é não linear e fragmentado, então se vc não se sente confortável com roteiros mais confusos e que exigem mais atenção do espectador, provavelmente não vai gostar.

A sinopse é o último mortal em um mundo onde todos se tornaram imortais graças a um tratamento genético. Ele está prestes a morrer aos 118 anos e relembra as diferentes escolhas que fez ao longo da sua existência. O pulo do gato do roteiro é que não dá para saber o que ele realmente escolheu ou gostaria de ter escolhido, dada possibilidade leva a uma realidade paralela, onde ele viveu uma história de amor, uma aventura, uma tragédia ou uma comédia. 

O resultado é um clima totalmente onírico, complexo misturando elementos de fantasia, drama e humor. O espectador precisa estar atento para acompanhar as mudanças de cenário, tempo e personagem.

Por fim, o filme explora filosoficamente um dos maiores paradoxos cosmológicos - o universo é tão grande que fisicamente, o tempo não existe... é isso mesmo, ele faz todo sentido para nós que somos temporários, mas nenhum para a luz que viaja sem parar por aí. No espaço-tempo ele é meramente uma "dimensão" deformável por grandes massas...

Nota 8, recomendo!

Sr. Ninguém (2009) - IMDb

Veja no Vimeo: Mr. Nobody - Senhor Ninguém - Dublado on Vimeo

Assistam o filme e depois confiram esse TEDx do Carlo Rovelli:

Ajuste final (1990)

 

Seguindo com a #maratonacoen, veja os outros que postei aqui no blog buscando essa hashtag.

Ao contrário da crítica em geral, eu não diria que esse é o ponto alto dos irmãos Coen, ele é bem tradicional no gênero romance policial, nos elementos típicos da filmografia deles traz um bom texto, muitas rajadas de balas e babydolls vermelhos. 

Bom elenco, roteiro adaptado, ambientado na época da Lei Seca nos Estados Unidos, o filme conta a história de Tom Reagan (Gabriel Byrne), um conselheiro de um chefe do crime irlandês chamado Leo (Albert Finney), que se envolve em uma guerra entre gangues rivais e em um triângulo amoroso com a namorada de Leo, Verna (Marcia Gay Harden). Destaque ainda para o John Turturro, Jon Polito, J.E. Freeman e Steve Buscemi.

A fotografia e o figurino são bacanas, recriando uma atmosfera dos filmes noir clássicos com elementos modernos. Assim como em outros dos irmãos algumas cenas são milimetricamente pensadas, como a do chapéu voando que está no trailler,  A trilha sonora também é legal.

Minha nota é 7, mas no imdb a média é quase 8.

É considerado um clássico entre os filmes de gansgters.

Ajuste Final (1990) - IMDb

Cloverfiled monstro (2008) / 10 Cloverfield Lane (2016) x Os Mulheres Negras x Ultraman

  

Eu assisti o segundo antes do primeiro, nem sabia que era uma antologia, gostei de ambos, sem dúvida o segundo é melhor, mas o primeiro não é de todo ruim, o terceiro Paradoxo Cloverfield tem má fama na crítica, ainda está na minha fila.

A franquia é produzida pelo J.J. Abrams,  Midas de grandes franquias em Hollwywood com nada menos que Star Trek, Star Wars e Missão Impossível na planilha de rendimentos financeiros...

Sendo sincero, no final do Rua Cloverfield 10 achei esquisitíssima a nave alienígena, o que não tira os méritos do bom roteiro, mas só depois que eu assisti que fui me informar e entender...

Apesar de compartilharem o mesmo nome e o tema de uma invasão alienígena, os filmes têm diferenças significativas em termos de gênero, estilo, narrativa e personagens. 

Cloverfield: Monstro vai no estilo "Bruxa de Blair", de documentário fake de ficção e ação, é um pouco chato até acostumar com a câmera balançando, mas faz todo sentido na proposta do filme. A sinopse é um grupo de amigos que tenta fugir da cidade enquanto o mostro vai destruindo os prédios e evacuando aracnídeos assassinos... como não é muito longo, 1h20, com efeitos competentes e uma boa montagem, resulta bem razoável e as cenas literalmente viscerais prendem o espectador, que fica torcendo para os protagonistas sobreviverem,  apesar de já termos visto isso muitas vezes em outros filmes. Pode ser que gostei do filme porque lá na minha retina do inconsciente ainda estão as cenas do Ultraman jogando água nos monstros japoneses.

O que me lembra dessa música dos Mulheres Negras:

E também dessa vinhetinha inesquecível:

Se você curte filmes de ficção com aliens, acho que vai gostar do primeiro.

Já o Rua Cloverfield, 10 parte da temática da  ficção científica mas fica principalmente nos gêneros de suspense e drama.

A sinopse é uma mulher que acorda em um bunker subterrâneo após um acidente de carro. Ela é encarcerada por um homem - o excelente John Goodman - que afirma que o mundo lá fora foi contaminado por um ataque químico ou nuclear. O roteiro explora com maestria a paranóia e claustrofobia e o desenvolvimento da Síndrome de Estocolmo entre os personagens, com este pano de fundo que fica entre o mistério e a dúvida.  Por isso que o final em que o "alien" aparece, na verdade nem traça uma conexão clara com o primeiro filme e deixa o final do roteiro aberto, com algumas perguntas sem resposta, o que eu sempre gosto nos filmes.

Nota 7 e 8 respectivamente.

https://www.imdb.com/title/tt1060277/

https://www.imdb.com/title/tt1179933/

Alcarràs (2022)

Vendedor do Urso de Ouro em #Berlim2022.

A sinopse é uma  família de agricultores de Alcarras, uma pequena cidade da Catalunha, que luta para manter sua terra e sua tradição em meio à crise econômica e social que afeta a Espanha e a Europa.

São muitos os temas tratados no filme, em torno dos impactos ambientais e sociais dos efeitos da terceirização na agricultura familiar.

A dinâmica e o estilo do filme é parecido com os do Kleber Mendonça Filho, é uma estética de realismo social que já nos acostumamos nos filmes brasileiros, A fotografia e planos são bem cuidados mas achei o ritmo bastante lento.

Disponível no prime video e mubi.

Nota 7.

https://www.imdb.com/title/tt11930126/

Meia noite em Paris (2011)

 

De xarope em xarope que ando assistindo, escolhi na lista esse do Woody Allen que ainda não tinha visto.

Ótimo filme, excelente elenco. Bela fotografia, especialmente nas cenas noturnas na cidade-luz (difícil fazer Paris aparecer feia hein).

Ótima trilha com Jazz e clássicos franceses dos anos 1920 ->>> Da melhor qualidade!

Sucesso de crítica e bilheteria (a maior do W Allen nos EUA), quatro indicações merecidas  no #Oscar2012, melhor filme, diretor, direção de arte e levou o de roteiro, que é realmente sensacional, sem dúvida um dos melhores do diretor.

O filme conta a história de Gil , um roteirista de Hollywood que sonha em ser um escritor sério. Ele está em Paris com sua noiva Inez e os pais dela, que não aprovam sua escolha profissional. Gil se sente deslocado e frustrado com sua vida, até que uma noite ele decide caminhar pelas ruas de Paris e acaba entrando em um carro antigo que o transporta para os anos 20, a época de ouro da cultura parisiense. Lá, ele encontra figuras lendárias como Ernest Hemingway, F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Pablo Picasso, Salvador Dalí e Luis Buñuel, entre outros. 

Curiosamente, apesar do quadro Noite Estrelada do Van Gogh estar no poster, ele não aparece no filme...

Owen Wilson nem está brilhante no papel, mas não atrapalha. Já a Rachel McAdams passa batido, poderia ter sido escalada qualquer outra atriz. Mas o restante do elenco está tão bem que segura o filme: Michael Sheen que sou fã por causa de Good Omens, Corey Stoll, Kathy Bates, Tom Hiddleston.

Onde mais Woody Allen filmaria um romance de nostalgia fazendo literalmente uma viagem no tempo fora de Nova Iorque? Não tem escolha ou talvez Para Roma com amor que ele filmou em seguida e que tb ainda não vi. A Rosa Púrpura do Cairo acho que vai na mesma linha mas já tem muito tempo que eu vi, vou ter que por na fila de novo...

Certamente alguns bons da última década como  La Belle Epoque, e o recente 3000 years of longing fazem referencias a ele e por outro lado creio que o Amelie Poulain ficou na retina do W Allen.

Nota 8 recomendadíssimo para quem gosta de arte e de cinema!

Confira a trilha sonora neste LINK e nesse outro LINK. 

Informações do filme no imdb: Meia-Noite em Paris (2011) - IMDb

Um homem sério (2009)

Dando sequência à #maratonacoen, busque essa hash para ver os outros dos irmãos Coen que já comentei aqui no blog.

Indicações merecidas para  melhor filme e melhor roteiro no #Oscar2010.

Um Homem Sério  conta a história de Larry Gopnik, um professor de física judeu que enfrenta uma série de problemas pessoais e profissionais na década de 1960. O filme, como é típico na filmografia dos Coen, é uma comédia dramática que explora temas como a fé, o destino, o livre-arbítrio e o sentido da vida, com uma pitada de humor negro, drama existencial e várias referências culturais.

O personagem é professor então já bateu a catarse de cara. Ele vive uma vida tranquila no subúrbio até que as desventuras em série começam e ele fica se questionando o porque de tudo. Cada um dos três rabinos que ele procura no filme lhe responde, de um jeito diferente, que não adianta muito tentar encontrar o sentido nas supostas decisões divinas.

Um elemento bem interessante são os "mapas da realidade" que os personagens fazem para tentar dar algum sentido ao caos diário, o quadro dele já diz muto:

Aí que está a pitada de horror que também é típica na filmografia dos Coen: a lógica do mundo e muito mais a sua lógica extrafísica ou espiritual não podem ser alcançadas pela compreensão humana e às vezes as repostas para as nossas questões mais importantes não são mais que  um profundo silêncio, que cada um interpreta como quer ou como pode.

Nota 8 - recomendo! 

Um Homem Sério (2009) - IMDb

Harry and Meghan (2022)

 

Depois de tanto filme xarope que andei comentando, pareceu uma escolha coerente.

Eu só recomendaria a série para quem gosta de novela e/ou fofocas. Aliás em mais de uma cena a história é classificada pelos próprios protagonistas neste gênero.

Eu não gosto e antes que achem estranho explico o que me levou a ver o segundo episódio e os demais.

Acho que apesar de todos os defeitos que essa produção possa ter - e são muitos - acaba somando com outros filmes que estão comentados aqui no blog, que obviamente têm uma densidade maior, como por exemplo Privacidade Hackeada, Democracia em vertigem e A thousand cuts.

Juntos essas produções alguns anos a frente vão documentar como o mundo, antes no meio e depois da pandemia lidou com o tema das fake news e das campanhas de ódio nas redes e por mais piegas que possa ser o que a própria princesa chama de "um conto de fadas moderno", no centro, é do que se trata.

Nesta série, você vai acompanhar um monte de coisas que nem me interessam tanto: a trajetória do príncipe Harry e da atriz Meghan Markle, desde o início do namoro até o afastamento da família real. Você vai ver como eles se conheceram, se apaixonaram, se casaram e se tornaram pais, enfrentando o assedio do público, a invasão da imprensa, os conflitos internos, as campanhas de ódio e as batalhas judiciais.

Aliás um ponto bem interessante no eixo central da série é a "Rota Real", um acordo muito curioso que a família real tem com a imprensa britânica: Royal Rota - News Media Association (newsmediauk.org)

A série se esforça para tentar mostrar o lado humano do casal, que decidiu priorizar a sua felicidade e a sua liberdade, sem abrir mão das mansões na praia, carros audi e muito pó de arroz. 

Dá o que pensar observar há quanto tempo eles vinham filmando os momentos íntimos para espontaneamente apresentá-los nessa série.

A diretora Liz Garbus tem experiência no gênero documentário e já foi indicada ao Oscar. 

Nota 5. Produção Netflix.

Destinos traçados / About fate (2022)

 

Um xarope completamente clichê, o que é bom de vez em quando.

Comédia romântica, sem sair um milímetro daquele roteirinho que é sempre o mesmo, mas continua vendendo bem, produção netflix.

Na minha santa ignorância agora que descobri que essa atriz é sobrinha da Júlia Roberts, que o pai dela o ator Eric Roberts é irmão da Júlia e que a família é cheia de treta...

Acho que os meus favoritos nessa linha continuam sendo Casamento Grego, a sequência e a série, que tenho em dvd...

Essa semana estou só nos xaropes, confira o comentário do Mistério em Paris, que é mais melhor do que esse. 

A história acontece na véspera de ano novo, com dois jovens que acabam se conhecendo por acaso e... o resto vc já viu...

O roteiro até que tenta alguns plot twists mas é tanta xaropice que não funcionam.

A atuação do casal principal não é nenhuma Brastemp, no texto salvam-se boas situações e piadas, o problema é que na parte final perde a mão, o conjunto das atuações é ruim e o desfecho é preguiçoso e mais xarope que xarope de glicose.

Se você gosta dos filmes da Júlia - Uma linda mulher, Um Lugar Chamado Notting Hill, Casamento do meu melhor amigo, Noiva em fuga,  etc., provavelmente vai curtir esse da Emma que lá vai tentando seguir os passos da tia, mas hoje em dia nada mais é como antigamente, né...

Nota 6.

Disponivel Amazon Prime Video.

https://www.imdb.com/title/tt14456350/

Barton Fink (1991)

Concluindo a #maratonacoen, ainda faltam alguns para comentar aqui, mas com essa hash na busca vc confere os que já listei.

Não gostei muito do filme, é um dos primeiros da dupla, que depois foi aperfeiçoando o estilo inconfundível. 

Indicado a três #Oscar1992 e ganhador da Palma de Ouro, melhor ator John Turturo e melhor diretor em #Cannes1991.

Destaque também para o John Goodman que está sensacional.

Esse particularmente, achei que fica bem próximo do estilo surrealista e perturbador dos filmes do David Lynch que sou fanzaço, mas achei que exagerou nas metáforas.

Com um certo esforço, dá para pegar alguns elementos que depois na filmegrafia deles ficam mais claros e precisos como uma crítica à  indústria cinematográfica e a exploração da criatividade.

A sinopse é um dramaturgo de Nova York que é contratado para escrever roteiros para um estúdio de Hollywood, mas que enfrenta um bloqueio criativo e se envolve em uma série de acontecimentos bizarros no hotel onde se hospeda. O filme mistura comédia, drama, suspense e elementos fantásticos, criando uma atmosfera de estranheza e mistério.

Me remeteu bastante ao Coração Satânico. O J Goodman inclusive atuou nele também.

Alguns filmes do Lynch (Cidade dos Sonhos, Inland Empire) retratam o lado obscuro e corrupto de Hollywood, mostrando como os artistas são manipulados, explorados e alienados pelos produtores e executivos. Os filmes também questionam os limites entre a realidade e a ficção, e como o cinema pode influenciar ou distorcer a percepção das pessoas.

Em Eraserhead e A Estrada Perdida tem um certo metacinema, assim como nesse dos Coen fazem referência ao próprio ato do artista criar uma obra. 

Outras pontes são francamente oníricas:  alucinações, fantasias,  traumas. Símbolos como portas, chaves, malas, fogo, água e animais, que remetem a significados ocultos ou inconscientes. Difícil saber o que é realidade ou loucura na cabeça dos personagens.

A narrativa é meio tensa e incômoda, puxando um pouco para um horror com uma atmosfera de pesadelo, como Lynch faz em O Homem Elefante, Twin Peaks e outros. 

Enfim sou apaixonado com ambos os diretores, mas não curti muito esse, nota 4. 

https://www.imdb.com/title/tt0101410/

Mistério em Paris (2023)

 

Boa comédia de ação, na medida certa, ou seja bem escrachado, mas com um bom texto, bons personagens e boas atuações, boa mistura de besteirol com ação.

Comparando com o indicado ao #oscar2023 Glass Onion, que é do mesmo gênero, achei esse bem melhor.

Sequência de Morte no Mediterrâneo estrelado por Adam Sandler e Jennifer Aniston. Se gostou do primeiro, pode assistir que certamente também irá gostar desse.

A sinopse é o casal Nick e Audrey Spitz que resolveram se tornar detetives particulares depois da primeira história mas não estão se dando muito bem no ramo. Eles se envolvem em um caso de sequestro internacional quando um amigo bilionário é raptado em seu próprio casamento indiano luxuoso com direito a cenas de músicas dancinhas Bollywoodianas.

Disponível Netflix. 

Recentemente o A. Sandler recebeu o prêmio Mark Twain, tem bons vídeos da cerimônia no youtube. Vale a pena conferir.

Recomendo, nota 7.