quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Nickel Boys (2024)



Indicado a melhor filme e roteiro adaptado no #Oscar2025, mas o que mereceria de fato é o Sing Sing, que teve três indicações, mas não entrou na lista de melhor filme.

Bom filme, mas comprido demais - 2h20min. A pegada dele é ser filmado com a câmera na mão, em "primeira pessoa" ou seja, na perspectiva das personagens o que sai do padrão estaduninense que só conhece o plano com uma pessoa de costas e a outra de frente.

Isso e o foco mais na fotografia - que é a alma do filme - do que no roteiro. O diretor RaMell Ross usou e abusou dos cortes, inserções e efeitos meio oníricos, mas não é nenhum Livre D'image ou Dias Perfeitos... 

Se a virtude do Sing Sing é não cair no melodrama, os melodramáticos Um sonho de liberdade e À espera de um milagre são melhores que esse...

Esse diretor foi indicado pelo documentário Hale County This Morning, This Evening no #Oscar2019 e esse é o longa de estreia dele...

O ator principal Ethan Herisse é o mesmo de When they see us

Baseado no romance homônimo de Colson Whitehead, vencedor do Prêmio Pulitzer, o filme mergulha nas profundezas de um reformatório tratando dos abusos e segregação racial. A história acompanha Elwood Curtis (Ethan Herisse) e Turner (Brandon Wilson), seu companheiro no reformatório Nickel Academy. A narrativa alterna (sem muito aviso) entre os anos 1960, durante o auge do Movimento pelos Direitos Civis, e o presente. 

Um filme necessário mas que, na temporada, fica ofuscado pelo outro e apesar das inovações e relevância, não me conquistou.

Nota 6. 

Disponivel prime video.

Nickel Boys (2024) - IMDb

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

A inspeção (2022)


Bom drama, baseada na própria história de vida do diretor Elegance Bratton, que também escreveu o roteiro. 

Narra a jornada de um jovem negro homossexual, expulso de casa aos 16 anos por sua mãe narcisista  e com poucas opções para o futuro, vivendo nas ruas, que decide se alistar na marinha, onde vê uma chance de aceitação e redenção. O filme explora temas de tortura psicológica e a busca por aceitação em um ambiente repressivo, abusivo, cruel e homofóbico. 

O elenco do filme é liderado por Jeremy Pope, que recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de 2023. 

Nota 7, recomendo. Padrão A24, realista, sem reviravolta nem final espetacular, talvez até peca um pouco por cair em alguns estereótipos, mas vale pela forma como é retratado o conflito com a mãe. 

Dois parecidos: O vazio de domingo e Dying.

Disponivel prime video.

A Inspeção (2022) - IMDb



Sem chão / No other land (2024)


Favorito a melhor documentário no #Oscar2025.

Dirigido por um coletivo palestino-israelense composto por Basel Adra, Hamdan Ballal, Yuval Abraham e Rachel Szor. Mostra a destruição de Masafer Yatta, uma comunidade palestina na Cisjordânia ocupada, destacando as experiências tanto dos palestinos quanto dos israelenses envolvidos no conflito.

Premiado em #Berlim2024 e em outros festivais.

A narrativa da é centrada na resistência de Basel Adra e sua comunidade contra a expulsão forçada por parte do exército israelense e na sua amizade com Yuval, um jornalista israelense. 

A crítica tem destacado a coragem e a autenticidade do documentário e a habilidade em capturar a realidade brutal do conflito. A amizade entre Basel e Yuval mostra a possibilidade de solidariedade e compreensão mútua em meio à adversidade.

Aqui no blog tem vários resenhados que concorreram nas edições anteriores: Três canções para BenazirSobre pais e filhos, The CaveFor SamaAprendendo a andar de skate em zona de guerraO presenteWhite eye

Nota 9, em tempos de onda fascista, é um testemunho mais que importante da resistência e da luta por justiça.

Sigam o Basel no facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100004933962569

Onde assistir: No Other Land - Watch Online and In Cinemas — Dogwoof Releasing

Sem Chão (2024) - IMDb

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O aprendiz (2024)


Indicado a melhor ator e ator coadjuvante no #Oscar2025, no #Bafta2025, indicado a Palma de Ouro em #Cannes2024.

Para quem viu o programa de TV já entende de cara o título, mas esse filme é absolutamente uma ótima surpresa, dos dez indicados a melhor filme não vou ver Wicked porque não curto musical e Um completo desconhecido estou com um pouco de preguiça, então foi o que vi por último e me surpreendeu. 

Parece que o filme é sobre o Trump,  só que não... é sobre o mentor dele, Roy Cohn, que eu não conhecia... sempre comento que frequentemente falta para nós brasileiros o contexto para entender o cinema estadunidense e esse é mais um caso.

Entre os indicados a coadjuvante, eu gostei muito do Guy Pearce em O Brutalista, o Kieran Culkin também está muito bem em A verdadeira dor, o Edward Norton ainda não vi e o Yura Borosov em Anora, achei a indicação merecida mas não tem chance.

Esse pode entregar para o Jeremy Strong, que simplesmente roubou a cena. 

Só depois que vi esse que caiu minha ficha que o indicado a melhor ator Sebastian Stan é o mesmo do bom Um homem diferente, indicado a maquiagem.

Esse é um filme essencial para entender melhor as origens e os impactos no mundo desse segundo governo Trump. Mostra a ascensão de Trump durante as décadas de 1970 e 1980. Mas como mencionei o foco é no mentor dele. Uma análise incisiva do pensamento da extrema-direita, encapsulado em personagens que personificam o extremismo e a complexidade das relações de poder e ambição.

Dirigido por Ali Abbasi, mesmo diretor do sensacional Holy Spider, indicado a Palma de ouro em #Cannes2022. O Border tem um tempão que está na minha fila. 

Nova Iorque de cenário é sempre bacana, especialmente neste caso em que os personagens tem a essência da cidade opulenta, excludente, caótica e decadente. A trilha sonora também é bacana, misturando as composições originais com clássicos dos anos 70 e 80, bem como design de produção e figurino. Em muitos momentos a música lembra a ótima série Succesion em que o J Strong contracenou com o K Culkin.

O filme é controverso e caminha na linha fina entre apologia e crítica, na minha balança, deu mais a segunda, mas não tem com negar que imprime uma certa humanidade ao Trump jovem, especialmente em suas relações pessoais. No entanto, à medida que o filme avança, essa figura mais humana vai dando lugar ao sociopata fascista. Achei isso interessante também.

Enfim, não é exatamente uma biografia, como parece à primeira vista, para mim o Trump só parece o personagem pricipal, mas o filme é sobre o Roy Cohn, o que é uma metáfora espetacular da realidade, ao contrário do que possa parecer o homem que ostenta a imagem de mais poderoso do mundo não passa de uma marionete...

Depois de verem o filme, confiram os documentários sobre o Roy Cohn no youtube. Esses caras operacionalizaram o que atualmente chamamos de fake news.





Essa entrevista do Jeremy Strong sobre o processo de construção do personagem também ficou bem bacana: Jeremy Strong (‘The Apprentice’) video interview - GoldDerby

Nota 9, recomendo para entender melhor como o mundo está sendo atacado impiedosamente. Fascismo não se discute, somente se combate, o problema é que nesse caso o combate reverte em lucro para os fascistas...

Disponível em vários streamings.




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O brutalista (2024)

Indicado a dez #Oscar2025: filme, direção, ator, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro original, fotografia, montagem, design de produção, trilha sonora. 

Levou Globo de Ouro de melhor filme, diretor e ator, Leão de prata de diretor em #Veneza2025.

Dessas dez acho que mereceu mesmo só ator coadjuvante, fotografia, design de produção e principalmente a trilha sonora.

Chega como favorito e grande filme da temporada, mas na verdade é de uma duração sem noção: TRÊS HORAS E MEIA. Claro que não precisava disso tudo... por isso que não merece nem melhor filme e muito menos montagem.

Com relação a trilha, ainda não vi Robô selvagem, Emília Perez e Wicked não vou ver por puro preconceito contra musical, então comparando com a trilha de Conclave, essa é bem melhor e por mim leva o oscar. Composta por Daniel Blumberg,  mistura composições orquestrais e elementos eletrônicos, e faz jus ao aspecto monumental do filme (agora que reparei que essa palavra está no poster). 

Confiram a trilha no youtube: YouTube Music

Eu não conheço os filmes anteriores do diretor Brady Corbet, que também co-escreveu o roteiro com sua esposa Mona Fastvold. Meu adjetivo para ele é: ambicioso. 

Usando o jargão universitário, parece uma tese antes da defesa, mas aqui não tem jeito de revisar e colocar uns capítulos no apêndice...

O roteiro  parece uma cinebiografia, mas é ficcional, conta a história de László Tóth (Adrien Brody) um arquiteto húngaro que sobrevive ao Holocausto e emigra para os EUA  em busca do "sonho americano" (atualmente conhecido por MAGA)...

A cena de abertura é bem bacana, com ele saindo do porão do navio e vendo a imagem do poster ;)

A narrativa se desenrola ao longo de quase três décadas, explorando os desafios e triunfos de László enquanto ele tenta reconstruir sua vida e carreira. O roteiro tenta aprofundar as complexidades da imigração e da busca por identidade em um novo país. 

Após ser acolhido e expulso pelo primo, ele é contratado pelo industrial milionário Harrison Van Buren (Guy Pearce) para construir um edifício monumental.  No entanto, a relação entre László e Van Buren é marcada por contradições, abusos e revelações chocantes, amplificados pela conflituosa relação com a família do patrono, com a esposa e o vício em morfina.

Eu não sou viciado em morfina, não tenho patrono nem muitos conflitos com a esposa, mas no ser arquiteto não escapo da catarse.

Vale destacar que outro da temporada, o Megalopolis, que não teve nenhuma indicação no Oscar,  também bebe da mesma fonte.

O maior problema do roteiro é que mesmo com duração de dois filmes, deixa os arcos abertos, não vou falar muito para não dar spoiler, mas tanto o arco do patrono como o da esposa simplesmente não são finalizados!...

Brody ganhou o #Oscar2003 pelo Pianista e volta aqui novamente como vítima do Holocausto, essa repetição é um dos motivos por que não gostei muito do filme. O Guy Pearce mereceu a indicação de coadjuvante, o mesmo não digo da Felicity Jones...

Prejudicado por uma duração de arrebentar qualquer coluna e pescoço, a fotografia é uma virtude do filme, filmado em VistaVision, um formato widescreen com filme de 35 mm horizontal. As paisagens e cenários conseguem captar com competência os aspectos da arquitetura modernista que é central à narrativa do filme. Porém nessa catagoria o meu favorito é o Duna 2.

No final o personagem é homenageado na Bienal de Arquitetura de Veneza, e quem fez os projetos foram robôs de IA, veja abaixo o resultado...

Enfim, antes de ver esse, eu estava achando que Conclave ia ganhar, mas esse é do jeitinho que a Academia gosta...

Mas acredito que o de atriz e talvez até o de filme estrangeiro vem pro Brasil.

Nota 7, recomendo para quem está fazendo ou pensando em fazer uma obra e sabe que isso é um inferno - construa certo, contrate um arquiteto!

Nos cinemas.

O Brutalista (2024) - IMDb


















































domingo, 23 de fevereiro de 2025

Frank e o robô (2012)

Resgatando e atualizando um post breve do facebook em 2016:

Em tempos de Black Mirror, um bom filme, leve e assertivo sobre um tema recorrente, na mesma linha de Ela, Eva e Ex machina, para citar alguns mais recentes.

Frank Langella e Susan Sarandon seguram o filme que trata da solidão e tudo o que vem com ela no final da vida.

Recomendo!!! Nota 8.

https://www.imdb.com/pt/title/tt1990314/

Her / Ela (2015)


Resgatando e atualizando post no facebook em 2015...

Ótimo. Inquietante, incômodo, reflexivo, intimista em muitos níveis.

Mereceu o oscar de melhor roteiro. Mas para melhor entendê-lo assista antes Metropolis, O homem bicentenário e Inteligência Artificial.

Posteriormente aqui no blog resenhei alguns parecidos: Robot & Frank, A garota artificial, I'm your man, Archive.

Aprofunda questões sobre relacionamentos afetivos: diversos, abertos, impensáveis, possíveis. E também sobre para onde a tecnologia vai nos levando.

Se gostou de Crash, não perca. Nota 9.

Mas cuidado, se vc é uma daquelas pessoas que jamais se sentem sozinhas, não assista. Vai odiar.

https://www.imdb.com/pt/title/tt1798709/

Enola Holmes 2 (2022)

Tudo que vende pode vender mais um pouco.

Xaropinho padrão netflix, na esteira do primeiro, de 2020, que teve roteiro adaptado. Se pensar que já era uma extensão comercial do personagem, já deu lucro para muita gente. Até o Jô Soares surfou nessa onda com o Xangô de Baker Street    

Mais que isso só usando ator que já morreu para fazer o personagem, como em Alien Romulus. 

Dirigido por Harry Bradbeer, conhecido pelas séries Fleabag e Killing Eve, essa última já ouvi falar mas não vi nenhuma das duas... 

Millie Bobby Brown é um case de sucesso, veja o vídeo do imdb sobre a carreira meteórica dela:

Enola Holmes 2 - The Rise of Millie Bobby Brown | IMDb

Eu cansei de stranger things na 2a temporada... ela já está investindo até que bem a boa grana que já ganhou e conseguiu sair do padrão netflix de elenco caro e roteiro ruim.

Foi bem recebido pela crítica com algumas indicações e prêmios, destacando-se em categorias como design de produção, trilha sonora e atuação. 

Mas que  anagramazinho safado esse do nome hein (alone).

O primeiro tinha sido roteiro adaptado e esse vai de roteiro original, equilibrando ação, mistério e humor.  Enola abre sua própria agência de detetives, mas enfrenta dificuldades para conseguir clientes, diferentemente de seu famoso irmão, Sherlock. Ela é procurada por Bessie, uma garota de fábrica, que pede ajuda para encontrar sua irmã desaparecida. Durante a investigação, Enola descobre que a fábrica está enfrentando uma epidemia mortal de tifo e se depara com uma conspiração envolvendo o uso de fósforo branco, que está matando os trabalhadores. 

Mesmo sendo xarope, vale como respiro bem humorado ao machismo do século XIX. 

O elenco traz Henry Cavill reprisando seu papel como Sherlock. A estelar Helena Bonham Carter, Louis Partridge, e David Thewlis completam a folha de pagamento... 

Destaque também para um bom design de produção, particularmente o figurino.

Nota 7.5, para uma continuação até que é razoável, consistente e literalmente competente, com um elenco talentoso o filme conseguiu se destacar em um mercado competitivo. Ou seja, virá o terceiro.

Enola Holmes 3 | Netflix encontra diretor para o filme

Enola Holmes 2 (2022) - IMDb

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Contrato perigoso (2022)


Roteirinho bem batidinho do soldado estadunidense dispensado do exército devido ao uso de esteroides ilegais para tratar uma lesão no joelho. Enfrentando dificuldades financeiras, ele entra em contato com um amigo que trabalha para uma empresa militar privada. Eles vão para a Alemanha vigiar um cientista muçulmano malvado  que supostamente está desenvolvendo um agente biológico para a Al-Qaeda. A ação não sai como esperado e ele entra numa jornada de vingança.

O elenco é liderado por Chris Pine e Ben Foster,  Kiefer Sutherland faz uma ponta, interpretando o veterano que comanda a organização privada. 

Nota 5 - recomendo para quem gosta de filme de soldadinho atirando.

Contrato Perigoso (2022) - IMDb



Poker face / Jogo perfeito (2022)

Policial convencional, exagerado, previsível e cheio de clichês. Atualmente são os atores que produzem os filmes e de vez em quando roteirizam e dirigem, é esse o caso.

Um bilionário da tecnologia organiza uma noite de pôquer de apostas altas com seus amigos de infância, revelando segredos sombrios e enfrentando perigos inesperados. À medida que a noite avança, segredos obscuros são revelados, e a situação se complica quando ladrões invadem a casa.

Nem o pôquer aparece direito, sem trocadilho o jogo do R Crowe ficou todo embaralhado. Parece o padrão netflix de elenco caro e filme ruim. Ou seja, é um verdadeiro blefe...

Nota 6, recomendo só para quem joga no jogo do tigrinho ou coisa que o valha.

Jogo Perfeito (2022) - IMDb

All the Beauty and the Bloodshed / Toda a beleza e a carnificina (2022)


Indicado a melhor documentário no #Oscar2023, naquele ano o vencedor foi o ótimo Navalny (R.I.P) e também no #Bafta2023.

Estreou em #Veneza2022, onde recebeu o prêmio máximo do festival, o Leão de Ouro, tornando-se apenas o segundo documentário a alcançar tal feito. 

Apresenta a vida e a carreira da fotógrafa e ativista Nan Goldinm, explora a luta dela contra a crise dos opioides nos Estados Unidos e sua batalha para responsabilizar a família Sackler, proprietária da Purdue Pharma. 

Abordagem inteligente que une arte e ativismo. Uma manifestação no Metropolitan Museum de Nova York serve como ponto de partida para explorar não apenas a força de Goldin, mas também sua vida pessoal e suas motivações artísticas. O documentário usa fotografias e narrações da própria artista para tecer uma narrativa não-linear que aborda questões conteporâneas como a AIDS e problemas mentais. A vida da artista, cheia de altos e baixos, passa por lutas coletivas de várias décadas.

De certa forma questiona a diferença entre a arte pura e a arte como instrumento de comércio e prestígio. Goldin argumenta que, se o sistema não penaliza devidamente os Sacklers, pelo menos seus nomes deveriam ser removidos do mundo artístico e cultural. É um manifesto pela independência da arte e seu direito de existir sem interferências externas.

Nota 8, recomendo para quem gosta de Arte.

Disponivel google play.

All the Beauty and the Bloodshed (2022) - IMDb


Maria Callas (2024)


 

Indicado ao #Oscar2025 de melhor fotografia, e a Academia esnobou a Angelina Jolie que foi indicada ao Globo de Ouro.

O filme intenciona retratar o final da vida da icônica soprano, na Paris dos anos 1970. 

O diretor Pablo Larraín vai se consolidando com cinebiografias femininas, eu não curti muito o Spencer, já o Jackie eu gostei bastante, talvez esse tenha até sido em decorrência dele.

Callas  teve um intenso e tumultuado relacionamento com Onassis, que se casou com Jackie Kennedy após a morte de John F. Kennedy. O casamento entre Onassis e Jackie foi visto como uma busca por segurança e estabilidade financeira, enquanto Callas se sentiu traída pela união. Onassis manteve laços discretos com Callas mesmo após seu casamento. 

Não curto muito ópera e não conheço muito sobre a cantora, que aparentemente tinha personalidade forte. Considerando essa minha ignorância que deve também ser a de muitos espectadores, o  roteiro não ajuda muito, explora os aspectos psicológicos e emocionais da vida de Callas, destacando suas lutas internas no fim da carreira.

Nesse sentido, conecta-se de certo modo ao badalado da temporada: A Substância.

Angelina Jolie não está mal, mas não está melhor que Fernanda Torres, Mickey Madison e Demi Moore, as outras duas não vou ver porque tenho preconceito contra musical.

Sinceramente não achei a indicação de fotografia merecida, considerando que Paris se fotografa sozinha... pela luz e enquadramentos, nada especial... Porém a diretora de fotografia Claire Mathon mandou bem no belo Retrato de uma Jovem em Chamas. Se fosse o caso valia mais uma indicação para figurino...

A trilha sonora que era para ser o fio condutor do filme, também não se destaca... 

Nota 6, recomendo para quem gosta de ópera.

Nos cinemas.

Maria Callas (2024) - IMDb

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

A agência (2024~)


Comecei a ver com muita expectativa, bom elenco e boa produção mas deixou a desejar...

Elenco de peso com o principal Michael Fassbender, Jeffrey Wright e Richard Gere, que seguram bem, mas a história não ajuda muito.

Recentemente o Fassbender se destacou por Prometheus e Alien Covenant e o J Wright por Westworld e American Fiction.

 A trama gira em torno de um escritório da CIA em Londres - o que já rende boas locações - com os clichês batidos de romance, operações de espionagem, contra-espionagem e segurança nacional. Martian (Michael Fassbender), cuja missão é abruptamente interrompida devido a um evento crítico, é chamado de volta para investigar um incidente na Bielorrússia. Ele está envolvido com  uma especialista em ciência política e relações internacionais que não sabe que ele é agente secreto. 

Comprida demais, 10 episodios de 1h, dava para fazer na metade do tempo.

Tem uma personagem que é uma agente secreta treinada para ir ao Irã, que não tem absolutamente nada que ver com a história, tanto que ela nem aparece no cartaz e que gasta umas 3h ou mais na série, parece que foi colocada só para levantar a audiência com cena de nudez.

Nota 6, recomendo só para quem gosta de maratonar todos os filmes de 007.

Foi renovada para a 2a temporada mas não sei se vou assistir não.

The Agency (Série de TV 2024– ) - IMDb

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Um homem diferente (2024)

Indicado a melhor maquiagem no #Oscar2025 mais esnobado que esse só  O quarto ao lado...  

Globo de Ouro 2024. de melhor ator. Indicado a  Urso de Ouro e ganhador do Urso de Prata para melhor ator em #Berlim2024.

Gostei muito deste filme, mas antes de assistir, leia o alerta abaixo:

Após ver o filme, antes de escrever a resenha como de costume marquei o filme no imdb e para minha susrpesa fiquei conhecendo o ator Adam Pearson, o que mudou completamente a minha primeira impressão. Portanto minha recomendação seria: só pesquise sobre esse filme depois de vê-lo.

Esse é difícil de resenhar, acho que a maioria não vai gostar muito a nota no imdb está em torno de 7.

Calhou de ficar na mesma temporada com A substância e acabou sendo ofuscado, mas achei ele melhor.

Como mencionei na resenha do filme da Demi Moore, eu não gosto de horror corporal, que está presente aqui também, e mesmo também contendo cenas de nudez, a essência é completamente diferente. 

Ambos abordam a pressão da sociedade sobre a aparência e os desafios de aceitar a si mesmo.

Enquanto o primeiro trata essencialmente das incongruências e envelhecer, esse vai mais fundo nas questões filosóficas básicas - quem sou eu? o que estou fazendo aqui? qual o sentido disso tudo? 

Esse é um thriller psicológico sombrio e pertubador, que explora a complexa jornada de Edward (Sebastian Stan), um aspirante a ator que decide passar por um tratamento radical para mudar sua aparência devido a uma condição genética rara - o seu rosto é muito deformado. A transformação traz uma série de acontecimentos inesperados, levantando questões profundas sobre a condição humana, felicidade, identidade e propósito.

O roteiro é uma reflexão profunda sobre a pressão estética e a busca por um novo eu, explorando como a mudança externa não resolve as questões internas.

Lembra um pouco os filmes do saudoso  David Lynch, se vc não presta atenção vai se perguntar: ué o que aconteceu?

Sebastian Stan entrega uma performance marcante como Edward, retratando com maestria a luta interna do personagem. 

Um coisa que gostei bastante é a maneira como ele referencia às avessas os filmes do Woody Allen, com um romance totalmente fora da caixa, que se passa em Nova Iorque, onde ser humano é ser solitário. Essa crueza, desesperança  e solidão novaiorquina permeia todo o filme. Talvez é o que mais me atraiu #catarse...

Ou seja o filme me pegou porque me atingiu em cheio com essas perguntinhas - curioso que o outro que me causou essa impressão antes é totalmente oposto: Soul.

Eu comecei a escrever a resenha com a intenção de dar nota 10, mas aí fui pesquisar e fica com nota 8. Siga o meu conselho e assista antes de pesquisar sobre o filme.

Atualizando: depois que eu assisti o Aprendiz que caiu minha ficha que é o mesmo ator! Então tem que revisar a nota para cima e dar um 9, pois ele está muto bem nesse também!

Disponível prime video, apple tv.

Um Homem Diferente (2024) - IMDb

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Como explodir um oleoduto / How to Blow Up a Pipeline (2022)


Pegada independente, combinando elementos de thriller, heist movie e ativismo ambiental. 

Baseado no livro homônimo de Andreas Malm, mergulha em questões urgentes sobre a crise climática, a justiça social e os limites da ação direta, ou seja, uma vertente mais radical de algo que tod@s deveriam saber o que é: a micropolítica.

Não conheço os anteriores do diretor.

Bom roteiro, narrativa não linear, com flashbacks que vão revelando as motivações dos personagens, um grupo diversificado de jovens ativistas. Cada personagem tem uma razão única para participar do plano de sabotar um oleoduto no Texas, desde a perda de entes queridos devido à poluição até a luta pela preservação de terras ancestrais. 

O roteiro equilibra habilmente a ação tensa com momentos de reflexão sobre ética e justiça, questionando até que ponto a violência contra a propriedade pode ser considerada legítima em nome da autodefesa.  

Ariela Barer, que também co-escreveu o roteiro, interpreta Xochitl, uma jovem ativista determinada a fazer justiça pelas comunidades afetadas pela poluição. Forrest Goodluck, como Michael, um nativo americano especialista em explosivos, entrega uma performance carregada de raiva contida e determinação. Sasha Lane, como Theo, uma jovem que luta contra uma doença causada pela exposição a toxinas, traz uma profundidade emocional que ressoa em cada cena. 

O elenco diversificado inclui Ariela Barer como Xochitl, Forrest Goodluck como Michael, um especialista em explosivos, e Sasha Lane como Theo. Outros personagens, como Dwayne (Jake Weary), um texano que defende o direito de portar armas, e Shawn (Marcus Scribner), um cineasta desiludido com documentários sobre mudanças climáticas, enriquecem a trama com suas motivações pessoais.

O roteiro se apropria de elementos de filmes de assalto, fazendo referência ao clássico Tarantino Cães de Aluguel, mas com uma reviravolta moral, onde os sabotadores são vistos como heróis.

Nota 8: Recomendo para quem de vez em quando cai na real que já era para termos explodido um monte de coisas...

How to Blow Up a Pipeline (2022) - IMDb

Disponível apple tv.

Setembro 5 (2024)


Indicado a melhor roteiro original no #Oscar2025, indicado a melhor roteiro e edição no Critics Choice Awards e indicado a melhor filme no Globo de Ouro. 

Bom filme, retrata o atentado terrorista ocorrido durante os Jogos Olímpicos de Munique em 1972, mas, em vez de focar nos terroristas ou nas vítimas, mergulha nos bastidores da cobertura jornalística da ABC Sports.

O Brutalista ainda não vi, mas apesar de não ser nenhuma brastemp, comparando com Anora, A verdadeira dor e A substância, até que merece... esse último acaba tendo chances também...

Válido como um estudo sobre ética, responsabilidade e o poder da mídia em momentos de crise. Remete a outros como The Post e Spotlight, O relatório,

Mas não achei que supera o Munique do Spielberg. O Golda ainda não assisti, depois desse vou passar na frente na fila...

O filme se passa quase inteiramente dentro dos estúdios da ABC, o diretor optou por criar uma atmosfera claustrofóbica e a montagem com cenas curtas ajuda a manter o espectador imerso na tensão constante do ambiente de uma transmissão ao vivo .  

Só que nós temos o nosso próprio ônibus 174 que rendeu um documentário e um filme:

Sequestro do ônibus 174 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ônibus 174 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Última Parada 174 – Wikipédia, a enciclopédia livre

O mérito do roteiro é que ao invés de se aprofundar nas causas políticas do atentado, o filme explora os dilemas éticos enfrentados pelos jornalistas. Questões como a responsabilidade de transmitir informações em tempo real, a espetacularização da tragédia e o impacto das notícias falsas são abordadas . O roteiro também se destaca por sua estrutura enxuta, não por acaso, com 94min. 

Destaque para Peter Sarsgaard, como Roone Arledge, executivo e  Leonie Benesch, que eu amei no ano passado pelo A Sala dos Professores. Ela rouba a cena. 

A fotografia é essencial para a atmosfera do filme. Com planos fechados e uma iluminação que reforça o ambiente claustrofóbico, consegue capturar a tensão e o caos da sala de controle. A trilha sonora complementa perfeitamente a narrativa, com sons que variam entre sussurros, estática de rádio e até silêncios. 

O ponto negativo é que acaba deixando de lado um aprofundamento maior sobre o contexto histórico do atentado. Temas como as tensões geopolíticas da época e o impacto do ataque na Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial foram apenas mencionados superficialmente, o que pode deixar o espectador menos familiarizado com os eventos históricos com a sensação de que faltou contexto.  

Nota 7, recomendo para quem gosta de jornalismo no cinema.

Setembro 5 (2024) - IMDb

Prime Video: Setembro 5


Spotlight (2015)



Post curtíssimo no facebook em 2016:

Bom, mas assim como The Big Short deixa os brasileiros na mão para uma compreensão mais completa do contexto. 

Vale tb pelo design de produção. Mark Ruffalo realmente está muito bem no filme.

The post / A guerra secreta (2017)

Resgatado do facebook em 2018: 

Mais um xaropão concorrendo a melhor filme no #oscar2018

Desde Munique que o Spielberg vem escolhendo histórias com temática muito específica, o que não é demérito. 

O filme tem pouco a dizer para os americanos e muito menos para os brasileiros. 

Isso por desconhecer fatos básicos da história dos Estados Unidos, por exemplo a sequência dos presidentes e até mesmo fatos que são muito conhecidos no mundo mas que a ignorância do brasileiro não alcança, como o caso do Watergate, que aliás perto do que o Temer está fazendo é fichinha. 

Meryl Streep está bem e mereceu a indicação, mas meu voto é da Saoirse Ronan. 

Já o Tom Hanks coitado, como não tem prêmio para maquiagem mal feita e cabelo esquisito, vai chupar dedo. 

Nota 6, veja outros primeiro...


sábado, 15 de fevereiro de 2025

A garota da agulha (2024)



Indicado a melhor filme internacional no #oscar2025 e indicado a palma de ouro em #Cannes2024.

Lógico que estou na torcida pelo Ainda estou aqui, mas se ganhar esse não vou ficar triste, merece por vários motivos como explico abaixo...

Ainda não vi o Flow e A semente do fruto sagrado é bom mas não tem chance... Emilia Perez não vou assistir, não só pela polêmica mas principalmente porque não curto musical...

Aviso: eu gosto de drama pesado e tragédia, mas esse tem excesso de peso, até para os meus padrões...

Ótimo roteiro de drama histórico e thriller psicológico angustiante do tipo que dá pesadelo.. 

Bom, o diretor é dinamarquês, coprodução entre Dinamarca, Polônia e Suécia e o filme é preto e branco, então já dá para saber que fofinho e emotivo não ia ser... beleza também aqui passa longe, e merecia até prêmio de maquiagem.

O último desse tipo que também zoou com minha cabeça foi  O pássaro pintado. Eu achava que o Laço Materno era pesado até assistir esse... 

Se vc não gosta de filme em que o personagem principal é miserável e sofre sem parar ou tem problema com tipos variados de assassinato, como aborto, infanticídio, suicídio, guerra e etc., se vc foi adotad@ e tem algum problema com isso, assista com cuidado... pois os assuntos são daí para baixo.

E o pior - inspirado em fatos reais.

Lembra que em Central do Brasil a personagem Dora, da Fernanda Montenegro - pelo qual ela foi indicada ao Oscar, mas não ganhou - tinha vendido o menino para um traficante de crianças e depois se arrependeu? Pois então... esse filme é mais ou menos sobre isso.

Inspirado na história real de Dagmar Overbye, uma assassina em série que no início do século XX pegava os bebês de mães desesperadas mediante pagamento e falava que ia entregar para adoção, mas depois os assassinava.

Só que a personagem principal não é a assassina, mas sim uma mãe que acaba indo trabalhar com ela.

A história segue Karoline, uma jovem que enfrenta uma vida de muita precariedade e a dura realidade da sociedade da época.  O filme retrata a vida difícil e opressiva dos cidadãos comuns na Europa durante a Primeira Guerra Mundial.

O filme começa com ela sendo despejada e indo morar um cortiço. Seu marido foi para a guerra.

Ela se envolve com o dono da fábrica onde trabalha e acaba ficando grávida e sem emprego e como desgraça pouca é bobagem, o marido volta.

Desesperada e sem perspectivas, Karoline acaba cruzando o caminho de Dagmar, uma mulher aparentemente carismática e benevolente que oferece ajuda a jovens mães em situações de vulnerabilidade. Dagmar, no entanto, esconde um segredo macabro. Ela manipula Karoline e outras mães para confiar nela e pagar para que ela arranje uma família adotiva. 

Ela se oferece para amamentar os bebês mas com o tempo, começa a perceber que algo está errado... para conseguir superar isso tudo, as drogas disponíveis para beber eram éter e fluido de lamparina.

O arco final é com o marido, mas não dá para falar muito, para não dar spoiler.

Com certeza a fotografia é o ponto alto do filme, é difícil filmar em preto e branco, e o filme usa muitos efeitos bacanas com essa técnica ampliando a atmosfera de tristeza. O design de produção com cenários de pobreza e os figurinos maltrapilhos, às vezes contrastando com as as casas e roupas das pessoas ricas, reforça a sensação de desalento, desespero, sujeira e depressão. A edição de som e trilha sonora casam perfeitamente.

Um ponto não muito explícito do filme é a ideia que a Europa moderna e sofisticada hoje foi - e ainda é - construída em cima de muita exclusão e conflito, com uma guerra em curso lá dentro que já dura trës anos...

Nota 9, difícil e desagradável de ver - por isso que é muito bom!

Disponível prime video e MUBI.

A Garota da Agulha (2024) - IMDb

 

 
 

 























sábado, 8 de fevereiro de 2025

O homem que matou Dom Quixote (2018)


Resgatando do facebook: 

Muuuucho loko... 

Se tem uma coisa que os filmes do Terry Gilliam  não são é convencionais. 

Esse é uma verdadeira ode à loucura. O roteiro é difícil e  onírico, não linear no tempo, na memória e no espaço. 

Em determinados momentos a direção de arte parece uma pintura medieval  do Bosch. 

As locações são simplesmente sensacionais. 

Trata-se na verdade de metacinema, já que um argumento é um filme dentro do filme. 

Recomendo! Nota 7.

https://www.imdb.com/pt/title/tt1318517/



Carro rei (2021)


Multipremiado no Festival de Gramado, bom filme nacional, envolvente e contemporâneo, tomara que na onda de Ainda estou aqui, resultem muitos mais!

Gênero fábula misgturando mistura ficção científica e realismo fantástico.

Não conheço a diretora, coloquei os anteriores Amor, Plástico e Barulho e Açúcar, na fila...

A história segue Uno ;), um jovem que desde a infância possui a habilidade de se comunicar com carros. Quando uma nova lei proíbe a circulação de carros com mais de 15 anos nas ruas de Caruaru, Uno se une ao seu tio Zé Macaco (Matheus Nachtergaele) para transformar um carro velho em um ser vivo e inteligente, o Carro Rei.

O que me vem a mente só por causa do carro e relação com a máquina e a pegada cyberpunk é o Titane, mas é bem diferente.

Esse vai mais fundo sobre tecnologia e meio ambiente,  com crítica social.

Em tempos de negacionismo correndo solto, e inteligência artificial sendo usada para escrever até blog de cinema, uma importante narrativa de sustentabilidade alertando para a maquinização do ser humano e a pretensa humanização das máquinas -> Baudrillard estava certo!!!

Lá no fundo acaba sendo também uma reflexão sobre a necessidade e impossibilidade de agradar aos pais.

Matheus Nachtergaele se destaca, e os demais atores também estão muito bem. 

A crítica ficou dividida, a nota no imdb está baixa, mas eu dou 8 e recomendo.

Carro Rei (2021) - IMDb

Disponivel Globo Play.


Babygirl (2024)


Produção e distribuição A24, Leão de Ouro de melhor atriz  e indicado para melhor filme em #Veneza2024, Nicole Kidman foi esnobada no #oscar2025, enquanto Anora e A substância foram indicados em várias categorias...

É o jeitinho estadunidense de que não pode beijar em público, mas se a mulher pelada sair de dentro de outra mulher pelada com bastante sangue e pus, aí pode.

Esse é difícil de resenhar e classificar - o termo que me ocorre é "tensão sexual", se calhar caberia "thriller psicológico sexual", de certa forma se compara mesmo ao da Demi Moore mais pelas circunstâncias que cercam os filmes que pelas películas propriamente ditas.

Curiosamente um dos mais antigos sobre o tema é exatamente com a Demi Moore: Assedio sexual. 

Outro parecido que está faltando resenhar aqui, do diretor Michael Haneke (vide minhas resenhas do Happy End e Amour) é A professora de piano com uma favorita do Heneke: a Isabelle Huppert. 

Romy é uma CEO bem-sucedida e controladora, esposa de um diretor de teatro e mãe de duas filhas, cuja vida aparentemente perfeita começa a ficar bem turbulenta quando ela inicia um relacionamento secreto e obsessivo com Samuel, um jovem estagiário da empresa. Enquanto Romy exerce poder absoluto no ambiente corporativo, ela se entrega à submissão sexual em seus encontros com Samuel, explorando uma dualidade que bagunça sua cabeça e vida pessoal. À medida que o relacionamento se intensifica e se torna mais claustrofóbico, os limites entre desejo, manipulação e amor se confundem, culminando em uma série de reviravoltas que expõem as vulnerabilidades de ambos. 

O filme já começa na cama e pensei "ok mais um em que a empresária trai o marido com o estagiário novinho", mas ao longo do filme o roteiro vai ganhando força e engrenando e prova que é mais complexo que isso, e consideradas as circunstâncias, mesmo não passando no filtro hipócrita de moralidade da Academia, Nicole Kidman mostra que mereceu o Leão de Ouro e a indicação para melhor atriz no Globo de Ouro.

O anterior Bodies, bodies, bodies da diretora Halina Reijn já está na minha fila há algum tempo mas ainda não assisti...

O roteiro de Reijn explora a dualidade de Romy, entre a ousadia e a sensualidade convencional, por isso que mencionei a questão das circunstâncias, para a atriz acaba que é um grande risco, mas assim como a Demi Moore vem no momento certo, no imdb tem uma entrevista bem interessante com a diretora e o par principal.

Ousado até demais dirão muitos, o filme transcende os rótulos fáceis e mergulha nas nuances do desejo, poder e submissão, com uma narrativa tensa e visualmente impactante e acaba sendo um resultado bem interessante, invertendo de uma maneira interessante os papeis na relação de assedio convencionalmente mostrada no cinema estadunidense, em que geralmente o homem poderoso domina a mulher em posição hierarquicamente inferior.

Não tem como não comparar e de certa forma faz até referência ao De olhos bem fechados, onde a Nicole Kidman também aparece nua, esse é um clássico, Kubrick é Kubrick. 

Babygirl tem uma abordagem mais sugestiva do que explícita. A nudez é usada de forma mais estratégica, com foco na tensão psicológica e na dinâmica de poder entre os personagens. Há poucas cenas de nudez total, e a maioria delas é brevemente mostrada ou sugerida por meio de closes e ângulos que evitam a exposição direta.

A nudez em Babygirl está mais ligada à jornada emocional da protagonista, as cenas sensuais são mais sobre vulnerabilidade e controle do que sobre erotismo puro, refletindo a dualidade da sua personalidade.

Já o Kubrick tem mais cenas de nudez explícita, especialmente durante a sequência do culto sexual, que é um dos momentos mais icônicos do filme, refletindo a atmosfera de decadência e voyeurismo,  surrealismo e desconforto,

Ou seja, a atriz pelada é a mesma, mas a nudez é diferente...

O Antônio Bandeiras, que só reconheci na quarta ou quinta cena, está ótimo também, mereceria até mais cenas para explorar melhor o arco do marido traído, diretor de teatro. Apesar de limitado pelo roteiro, Banderas marca presença.

A trilha tem músicas dos anos 80/90, p. ex. George Michael.

Enfim, começa parecendo que é só sexo, só tem sexo e o sexo visto dessa perspectiva honesta e complexa é um tema inesgotável para bons filmes que nem esse, mas quem só pensa em sexo é capaz de não gostar... Nota 8.

Nos cinemas.

Babygirl (2024) - IMDb


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Sem segurança nenhuma / Safety Not Guaranteed (2012)


Bom filme independente de viagem no tempo, bem humorado, completamente fora da caixinha em relação aos outros do gênero.

Dirigido por Colin Trevorrow e escrito por Derek Connolly, foi inspirado em um anúncio classificado humorístico publicado na revista Backwoods Home em 1997:

"PROCURA-SE: Alguém para voltar no tempo comigo. Isto não é uma piada. P.O. Box 322, Oakview, CA 93022. Você será pago depois de voltarmos. Precisa trazer suas próprias armas. A segurança não é garantida. Eu fiz isso apenas uma vez." 

A brincadeira se tornou um sucesso, com muita gente enviando correspondências para saber mais sobre a viagem. 

Foi bem recebido pela crítica e pelo público, ganhando destaque em festivais de cinema independente. Foi premiado por melhor roteiro no Sundance Film Festival, tem boas notas em geral acima de 7 nos sites especializados, no imdb ele está com 6,9 resultando de mais de 133mil avaliações.

O melhor do roteiro é a abordagem inovadora e original, equilibrando bem elementos de comédia, drama e ficção científica, com uma narrativa cativante.

O elenco é liderado por Aubrey Plaza, que interpreta Darius, uma jornalista estagiária Darius, uma jovem com crises psicológicas e existenciais, que é escolhida para ajudar o repórter sênior Jeff a investigar o autor do anúncio. 

O trio viaja até uma pequena cidade no estado de Washington e descobre que o autor do anúncio é Kenneth Calloway (Mark Duplass), um homem excêntrico e solitário que trabalha em um supermercado. Para ganhar sua confiança, Darius finge estar interessada em participar da missão. Kenneth é arisco e sistemático e só aceita conversar com Darius. A partir daí, desenvolve-se uma profunda amizade entre os dois, com uma aceitação mútua de ideias e valores.

O final é surpreendente e aberto e reforça a ideia central do filme: a importância da fé e da coragem para acreditar no impossível.

Nota 7, recomendo.

Sem Segurança Nenhuma (2012) - IMDb


Saint Omer (2022)


Grande Prêmio do Júri e Leão do Futuro em #Veneza2022. Entrou como representante da França no shortlist de filme internacional do #oscar2023 mas não foi indicado.

A diretora Alice Diop é mais conhecida por seu trabalho em documentários, este é o seu primeiro longa-metragem narrativo.

O filme é baseado no julgamento real de Fabienne Kabou, uma mulher senegalesa acusada de matar sua filha de 15 meses ao abandoná-la em uma praia na França, ela alega que não foi responsável por suas ações e se declara inocente. O filme explora as complexidades da maternidade, imigração e identidade . A história segue Rama, uma romancista grávida que assiste ao julgamento de Laurence Coly, a acusada, com o objetivo de transformar o trágico evento em uma releitura literária do mito de Medeia. À medida que o julgamento avança, Rama descobre mais sobre a vida de Laurence e o isolamento que ela sofreu de sua família e da sociedade enquanto estudava e vivia na França.

Achei muito lento e denso, e olha que geralmente não tenho problema com filmes assim. E o final não vou contar para não dar spoiler, mas posso adiantar que é meio frustrante...

Em tempos de crise migratória na Europa, vale como reflexão sobre a condição da mulher é ainda mais vulnerável nesse contexto, mas não é para qualquer espectador.

Nota 6. 

Com mais ou menos essa temática, no ano passado teve o Io Capitano, que também não curti muito... Já o Flee dei nota 8. Confira também White Eye, Give me liberty e o melhor de todos, Incendies.

Disponivel Prime Video.

Saint Omer (2022) - IMDb